O início do mês de abril foi marcado por nova estratégia de vacinação contra o HPV: agora, a vacina contra o vírus é oferecida em dose única no Brasil. Essa medida faz parte de um plano de organização que busca aumentar a cobertura vacinal, pois substitui o antigo modelo de duas doses.
Dose única da vacina contra o HPV busca aumentar a cobertura vacinal
Na semana passada, a ministra da Saúde Nísia Trindade informou que a vacina contra o papiloma vírus humano (HPV) agora é em dose única, medida que segue as diretrizes mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Segundo um estudo brasileiro recente, a vacinação contra o HPV em dose única pode reduzir a incidência de câncer de colo de útero atribuível ao vírus tanto quanto o esquema de duas ou três doses.
Dessa forma, o custo para administração das vacinas reduz consideravelmente com a aplicação em dose única, bem como permite uma implementação simplificada, aumentando a adesão da população.
Como citamos em um artigo anterior aqui no Portal, o Brasil faz parte de programa de apelo global para eliminação do câncer de colo de útero, que tem como principal objetivo manter as taxas de incidência dessa neoplasia abaixo de 4 / 100.000 mulheres.
Para isso, três estratégias estão sendo abordadas (chamada 90-70-90), e devem ter resultados até 2030: (1) vacinação de pelo menos 90% das meninas com até 15 anos até 2030, (2) rastreio de pelo menos 70% das mulheres com um teste de alto desempenho aos 35 anos, e (3) 90% das mulheres com lesões pré-cancerosas ou avançadas adequadamente tratadas.
Agora, com a aplicação da vacina contra o HPV em dose única, é possível dobrar a capacidade de imunização com o estoque atual de vacinas.
Como funciona a vacinação contra o HPV?
As vacinas preventivas representam uma ferramenta crucial na diminuição das ocorrências de infecções e tumores associados aos tipos mais comuns de HPV.
A vacina contra o HPV é formada pela proteína L1 do capsídeo viral – através de engenharia genética (tecnologia recombinante) com obtenção de partículas análogas virais mais comuns de HPV.
O imunizante é adsorvido por alumínio, que retarda a liberação do conteúdo vacinal – aumentando assim a persistência dos antígenos, provendo uma melhor resposta imunológica.
Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde
Diversos países implementaram programas de vacinação, todos focados exclusivamente na prevenção, e esses podem ser aplicados em uma ampla faixa etária tanto para mulheres quanto para homens. Contudo, sua eficácia é mais significativa quando administradas em indivíduos que ainda não foram expostos ao vírus.
Dessa forma, os programas nacionais de imunização direcionam-se principalmente para crianças e adolescentes (entre 9 e 14 anos). Estudos mostram que as taxas de câncer de colo de útero são até 87% mais baixas em crianças vacinadas antes do início das atividades sexuais.
No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde adotou a vacina quadrivalente (contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 – Gardasil®, Merck & Co.), para meninas e meninos entre 9 e 14 anos. Vítimas de abuso sexual entre 15 e 45 anos não antes imunizados, homens e mulheres entre 9 e 45 anos infectados com HIV, pacientes oncológicos em quimioterapia e/ou radioterapia, ou pacientes transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea também são população-alvo da vacinação contra o HPV.
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Referências:
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Ministério da Saúde adota esquema de vacinação em dose única contra o HPV. Publicado em 02/04/2024.
Villa, L. L., & Richtmann, R. (2023). HPV vaccination programs in LMIC: is it time to optimize schedules and recommendations?. Jornal de pediatria, 99 Suppl 1(Suppl 1), S57–S61. https://doi.org/10.1016/j.jped.2022.11.012
WHO, World Health Organization. Cervical Cancer Elimination Initiative.
