O escore de mortalidade 4C é um índice desenvolvido para a predição da mortalidade em pacientes internados com COVID-19. A utilização desse escore auxilia na decisão para o nível de atendimento e prognóstico dos pacientes.
O escore 4C utiliza oito critérios clínicos e fisiológicos para a determinação de sua pontuação. Veja como utilizá-lo na prática clínica e como interpretar seus achados, bem como qual conduta a ser tomada diante de um paciente internado com COVID-19.
O que é o Escore de Mortalidade 4C?
O escore de mortalidade 4C (4C Mortality Score) tem como principal objetivo predizer a mortalidade em pacientes que foram internados com COVID-19 e auxiliar na decisão para o nível de atendimento e prognóstico.
O escore foi desenvolvido a partir de um estudo com 35.463 pacientes que testaram positivo para COVID-19 internados em 260 hospitais na Inglaterra, Escócia e País de Gales em 2020. O trabalho mostrou alta capacidade discriminatória para mortalidade e excelente calibração, possibilitando estratificar pacientes internados com a doença em diferentes grupos de gerenciamento.
Critérios e Pontuação do Escore 4C
Para avaliação do escore de mortalidade 4C, são utilizados 8 critérios clínicos e fisiológicos, que podem ser utilizados em pacientes internados com teste positivo para COVID-19. O uso do escore estratifica o risco de mortalidade, o que auxilia na decisão para o nível de atendimento e prognóstico.
Veja cada um dos critérios, bem como a pontuação atribuída para cada um deles encontrado durante a avaliação de um paciente.
(*) As comorbidades incluem doença cardíaca crônica, doença respiratória crônica (excluindo asma), doença renal crônica (taxa de filtração glomerular estimada ≤ 30), doença hepática leve a grave, demência, condições neurológicas crônicas, doença do tecido conjuntivo, diabetes mellitus (dieta, comprimido ou insulina controlada), HIV ou AIDS e malignidade.
(**) Em caso de nitrogênio ureico ou ureia, utilizar o que estiver disponível. Não há necessidade de utilizar as duas medidas.
Interpretação do escore
Após a atribuição da pontuação individual para cada um dos critérios, é realizado o somatório total. A soma dos valores possíveis varia entre 0 e 21 pontos, e a interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado.
O risco estimado pode ser avaliado em uma estratificação de 4 categorias. Quanto maior a pontuação, maior o risco de mortalidade. Assim, temos:
Pontuação total entre 0 e 3: Risco baixo de mortalidade (1,2-1,7%). Para pacientes de baixo risco, pode se considerar tratamento ambulatorial.
Pontuação total entre 4 e 8: Risco médio de mortalidade (9,1-9,9%). Para estes pacientes, pode se considerar tratamento usual para pacientes internados com COVID-19.
Pontuação tota entre 9 e 14: Risco alto de mortalidade (31,4-34,9%).
Pontuação total ≥ 15: Risco muito alto de mortalidade (61,5-66,2%). Em caso de risco alto ou muito alto, recomenda-se tratamento agressivo e maior nível de monitoramento.
Limitações
O escore 4C deve ser utilizado exclusivamente em pacientes internados. Não é aplicável a pacientes ambulatoriais.
Outra limitação importante é que na validação do estudo que deu origem ao escore, todos os pacientes eram da Inglaterra, Escócia e País de Gales. O estudo não levou em consideração indivíduos de outros países. Além disso, 82% dos estudados eram indivíduos brancos, excluindo grande parte da população mundial.
O escore 4C também não foi validado externamente. Portanto, recomenda-se cautela em sua utilização.
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Referências:
Knight, S. R., Ho, A., Pius, R., et al. Risk stratification of patients admitted to hospital with covid-19 using the ISARIC WHO Clinical Characterisation Protocol: development and validation of the 4C Mortality Score. BMJ (Clinical research ed.), 370, m3339. https://doi.org/10.1136/bmj.m3339
