HIV em remissão após transplante de células-tronco do cordão umbilical

HIV

A CROI (Conference on Retroviruses and Opportunistic Infections) realizada em fevereiro deste ano trouxe novas pesquisas e investigações sobre a epidemiologia e biologia dos retrovírus humanos e doenças associadas. Entretanto, apesar dos holofotes recentes voltados ao SARS-CoV-2, a pesquisa que está dando o que falar foi conduzida com o HIV.

Pesquisadores encerraram a conferência apresentando o primeiro caso de uma mulher norte-americana com HIV-1 em remissão após receber uma nova combinação de transplantes de células-tronco. A paciente está em remissão da LMA há 4 anos e meio e não teve recidiva do HIV desde que a terapia antirretroviral foi interrompida há 14 meses.

Mais um caso de sucesso!

O estudo clínico IMPAACT P1107 teve como objetivo avaliar pacientes infectados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) que se submeteram a transplante com células-tronco do sangue do cordão umbilical. O uso seria em pacientes que requerem transplante de medula óssea para qualquer indicação e seus efeitos observados na persistência do HIV-1.

O primeiro desfecho positivo observado foi uma mulher convivendo com o vírus, que recebeu o transplante de medula óssea para o tratamento da leucemia mieloide aguda (LMA).

Esse pode ser o terceiro caso de sucesso na cura do HIV. Em todos os três casos relatados, os pacientes receberam células de doadores adultos que tinham a mutação protetora contra o HIV, a CCR5-delta32/32 em homozigose.

No entanto, uma questão particular faz com que essa paciente seja pioneira: foi o primeiro relato de remissão bem-sucedida após transplante de células do sangue do cordão umbilical.

Além disso, a paciente também recebeu células-tronco de um indivíduo haploidêntico (um parente de primeiro grau), como terapia combinada. As células-tronco foram recebidas para reforçar o sistema imunológico da paciente, enquanto as células do sangue do cordão umbilical doadas se tornaram dominantes em seu sistema.

Conforme dito pelos pesquisadores do estudo, a paciente teve um enxerto rápido com 100% de células do cordão umbilical no dia 100 pós-transplante e não apresentou doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH), como os pacientes anteriores. Ela permanece clinicamente bem e sem evidências detectáveis de infecção pelo HIV.

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Células-tronco 3 x 0 HIV

Embora os pesquisadores não tenham conseguido explicar com detalhes o motivo das células do cordão umbilical funcionarem tão bem para a resolução da infeção pelo HIV, eles suspeitam da capacidade da adaptação a um novo ambiente com as células-tronco presentes no sangue.

Em contraste com as células do cordão umbilical, as terapias dos dois outros pacientes curados resultaram em graves efeitos adversos ao transplante, chegando próximo ao óbito de um dos pacientes. A mulher neste novo estudo, em nítida dissemelhança, sofreu poucos efeitos colaterais.

De acordo com os estudos, o uso de células do sangue do cordão umbilical (ou uma combinação de células do sangue do cordão umbilical e enxertos haploidênticos) pode ser um recurso terapêutico para alcançar a remissão do HIV-1 para indivíduos que necessitam de transplante para outras doenças.

Uma vantagem da terapia combinada é o equilíbrio obtido entre os tipos celulares utilizados. Os enxertos de doadores adultos fornecem um número alto de células iniciais e um enxerto rápido, mas a histocompatibilidade pode ser um problema que leva ao risco de DECH.

Por sua vez, os enxertos de sangue do cordão umbilical têm uma dose de células mais baixa e demoram mais para serem enxertados, mas podem ser armazenados para pronta disponibilidade e apresentam menos risco de DECH.

Diante disso, a terapia combinada poderia permitir aos médicos aproveitar os benefícios exclusivos oferecidos por cada tipo de enxerto para populações mais diversas.

Outro recurso a ser explorado são os biobancos de células. Embora a mutação CCR5-delta32/32 seja rara, bancos de sangue de cordão umbilical podem representar uma opção viável para a obtenção de células com as características desejáveis.

Além disso, as pesquisas mostraram que os reservatórios virais do HIV-1 podem ser suprimidos o suficiente para permitir a remissão e possivelmente a cura no cenário de células-alvo resistentes.

Mais um dia de sucesso na luta contra o HIV!

Referências:

Presenting the case of a woman with HIV-1 in remission following specialized stem cell transplantation for leukemia. Feb 16h, 2022.

Woman appears to be cured of HIV after treatment with umbilical cord blood. Bob Yirka, MedicalXpress. Feb 16h, 2022.

IMPAACT P1107: Effects of Cord Blood Transplantation With CCR5Δ32 Donor Cells on HIV Persistence. ClinicalTrials.gov Identifier: NCT02140944

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