Explosão de Médicos no Brasil: já são mais de 575 mil profissionais ativos

médicos no brasil

Mais de meio milhão de médicos no Brasil – e agora?

Atualmente, o Brasil testemunha um marco histórico em sua quantidade de profissionais médicos.

De acordo com os dados revelados pela Demografia Médica CFM – 2024, emitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na última segunda-feira (8), o país conta com 575.930 médicos ativos, um dos números mais robustos globalmente.

Esse número resulta em uma proporção de 2,81 médicos por mil habitantes, a maior já registrada, posicionando o Brasil à frente de nações como os Estados Unidos, Japão e China.

O presidente do CFM, José Hiran Gallo, atribui o notável aumento no contingente de médicos no Brasil a uma interação complexa de diversos fatores. Entre esses elementos estão as crescentes demandas por saúde da população, mudanças nos padrões de doença e mortalidade, a ampliação dos direitos sociais, a adoção contínua de tecnologias médicas avançadas e o envelhecimento gradual da sociedade. Além disso, ele destaca a influência das recentes políticas de educação médica, especialmente ao longo das últimas duas décadas.

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Quanto mais, melhor. Será?

Desde o início dos anos 90, o número de médicos no Brasil aumentou mais do que quatro vezes. Em termos percentuais, estamos falando de um aumento de 339%. Em contraste, o aumento da população brasileira não cresceu mais do que 50% considerando o mesmo período.

E o aumento exponencial do número de profissionais não deve parar por aí. Na semana passada, postamos um artigo sobre as estimativas de médicos para os próximos anos. Acredita-se que até 2035, serão mais de 1 milhão de médicos no Brasil (leia mais clicando aqui).

Apesar do progresso evidente, é imprescindível abordar com cautela o significado desse crescimento acelerado e suas implicações na formação dos profissionais e na qualidade da assistência prestada à população.

Segundo José Hiran Gallo, devemos questionar a que custo esse aumento substancial no número de médicos no Brasil acontece. “Observamos a criação indiscriminada de escolas médicas no País sem critérios técnicos mínimos, o que afeta a qualidade do preparo dos futuros profissionais da medicina” explica.

Além disso, é necessário considerar que o aumento da quantidade de médicos deve ser acompanhado por melhores condições de trabalho e incentivos para garantir que a assistência seja prestada de maneira adequada. “A equação do atendimento, em especial na rede pública, não é uma questão apenas matemática, mas de planejamento e boa gestão”, destaca o presidente do CFM.

Explosão de Médicos no Brasil: já são mais de 575 mil profissionais ativos

As mulheres serão a maioria?

As projeções anteriores estimavam que a partir de 2024, as mulheres seriam maioria entre a comunidade médica. No entanto, segundo o CFM, os homens ainda representam grande parte dos médicos atuantes, mas de forma discreta (50,08%). Acredita-se que em breve o número de médicas supere esses dados.

Ao estratificar por idade, o aumento do número de médicas já é mais evidente. Desde 2009, entre profissionais com até 39 anos, 58% são mulheres.

No entanto, é importante lembrarmos:  a proporção salarial não acompanha o mesmo ritmo. O salário das médicas pode ser até 36% menor do que os homens colegas de profissão.

Leia também: Desigualdade salarial na medicina: médicas ganham até R$13 mil a menos que médicos.

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A distribuição de médicos no Brasil não é homogênea

Outra questão importante (também já abordada aqui no Portal), é sobre a distribuição de médicos no Brasil. As projeções de 2024 seguem a tendência das do ano anterior, indicando que há regiões com mais médicos por habitantes do que a média geral, enquanto outras ainda carecem de profissionais.

Em nota, o CFM destaca que não há políticas de incentivo para que médicos atuem no Sistema Único de Saúde (SUS) nas áreas mais distantes e menos desenvolvidas do Brasil. Assim, o Sudeste (3,76 médicos / 1000 habitantes) e o Sul (3,27) seguem com mais profissionais em comparação ao Norte (1,73) e Nordeste (2,22).

A desigualdade ainda é mais evidente comparando capitais com cidades do interior – 7,03 médicos por 1000 habitantes versus 1,89, respectivamente. Vitória (ES) conta com a maior densidade: 18,68 médicos para cada 1000 habitantes. Já no interior do Amazonas, essa densidade não passa de 0,2!

Explosão de Médicos no Brasil: já são mais de 575 mil profissionais ativos

Referências:

Conselho Federal de Medicina- CFM. Aumento recorde no total de médicos no País pode ser cenário de risco para a assistência, avalia Conselho Federal de Medicina. Publicado em 08/04/2024.

 

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