Doença de Parkinson: diagnóstico pelo Critério do Banco de Cérebro de Londres (CBCL)

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Doença de Parkinson – sinais, sintomas e diagnóstico

A Doença de Parkinson (DP) é uma condição é degenerativa, na qual há perda de neurônios em uma região encefálica conhecida como substância negra. Como resultado, há queda de dopamina na área, levando a sintomas principalmente motores e eventualmente cognitivos e psiquiátricos.

A prevalência é de 1% na população acima de 65 anos, e 3% em maiores de 80 anos, sendo discretamente mais frequente em homens.

É uma doença que não tem cura. A doença em si não requer internação. Os pacientes são eventualmente internados para o tratamento de outras complicações associadas como infecções (pneumonia), tromboses, quedas.

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Os sinais e sintomas são principalmente a tétrade: tremor de repouso, bradicinesia, rigidez em roda dentada e instabilidade postural.

Os reflexos (cutâneo plantar e tendinosos) estão mantidos sem alterações. Além disso, é muita característica a “Marcha Parkinsoniana“: passos curtos, braços próximos ao corpo e há inclinação do corpo para frente em busca do centro de gravidade.

Outros achados incluem hipofonia, micrografia, amimia, freezing (congelamento – incapacidade transitória de fazer movimento ativo), distúrbios do sono, alterações olfatórias, dermatite seborreica, disautonomias em geral.

Eventualmente, alguns pacientes podem evoluir com depressão e demência por mecanismos não muito conhecidos. A demência associa-se com alucinações visuais em grande parte dos casos

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E o Parkinsonismo?

Parkinsonismo (ou Síndrome Parkinsoniana) é caracterizado por tremor, hipocinesia, rigidez e instabilidade postural. A causa mais comum é a DP, considerada como “Parkinson Idiopático”. Porém outras condições podem evoluir com Parkinsonismo.

O diagnóstico da Doença de Parkinson é essencialmente clínico com um exame neurológico completo. Para isso, o critério diagnóstico do Banco de Cérebro de Londres (CBCL) pode ajudar.

 

Critério diagnóstico do Banco de Cérebro de Londres (CBCL)

O critério diagnóstico do Banco de Cérebro de Londres (CBCL) é um índice desenvolvido para auxiliar na confirmação diagnóstica da doença.

O estudo que propôs seu desenvolvimento foi realizado em 1992, com achados patológicos de 100 pacientes previamente identificados com a Doença de Parkinson idiopática. Destes, 76 tinham corpos de Lewy.

Nos outros 24 pacientes, o diagnóstico posterior incluiu paralisia supranuclear progressiva, atrofia de múltiplos sistemas, Doença de Alzheimer ou patologia do tipo Alzheimer e doença vascular dos gânglios da base. Dessa forma, a aplicação dos critérios diagnósticos do Banco de Cérebro de Londres (CBCL) melhorou a acurácia diagnóstica para DP em 82%.

O Dr. Andrew J. Hughes, principal pesquisador do estudo, faz parte do Instituto de Neurologia de Londres, e possui mais de 250 artigos acadêmicos na área, focado em Doença de Parkinson e modulação dopaminérgica.

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Critérios, Pontuações e Interpretação

O critério diagnóstico CBCL para Doença de Parkinson é composto por 4 critérios necessários, 15 excludentes e 8 de suporte. Veja cada um deles e como utilizá-los na prática clínica:

Doença de Parkinson: diagnóstico Critério do Banco de Cérebro de Londres (CBCL) Doença de Parkinson: diagnóstico pelo Critério do Banco de Cérebro de Londres (CBCL)

A interpretação se dá da seguinte maneira:

O diagnóstico da Doença de Parkinson é altamente provável se:

  1. O primeiro critério necessário for identificado (bradicinesia) e pelo menos 1 dos demais critérios necessários ou
  2. Pelo menos 3 dos critérios de suporte forem identificados e
  3. Nenhum dos critérios excludentes forem identificados.

 

Quando e por que usar?

Como mencionamos, o critério diagnóstico CBCL é utilizado em pacientes com suspeita diagnóstica de DP, para diagnosticar ou descartar a doença.

É o critério diagnóstico mais utilizado, e apresenta alto valor preditivo positivo do diagnóstico clínico.

Além disso, é o critério sugerido pelo Ministério da Saúde, na Portaria Nº228, de 10 de maio de 2010 – Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas – Doença de Parkinson.

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Atenção! Saiba das limitações e armadilhas

Embora o CBCL seja amplamente empregado, uma classificação clínica padrão ainda não foi obtida. Por ser uma doença progressiva, após o diagnóstico, outras escalas são necessárias para identificar o estado atual da doença.

Além disso, para exclusão de Parkinsonismo, recomenda-se exames de Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética.

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Após o diagnóstico, quais os próximos passos?

O tratamento se deve pautar em medidas farmacológicas e não farmacológicas. Todos os pacientes devem ter seguimento multidisciplinar, com acompanhamento fisioterápico e fonoaudiólogo.

Farmacologicamente, o objetivo do tratamento é aumentar o teor de dopamina no SNC, inibindo assim o corpo estriado.

 

Para saber mais sobre a doença, e esse e outros critérios diagnósticos, acesse o nosso app WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.

Referências:

PAULISTA, H.R. A INSTABILIDADE POSTURAL NA DOENÇA DE PARKINSON E OS EFEITOS DO TREINAMENTO DE FORÇA. Brasília 2013.

Hughes AJ, Daniel SE, Kilford L, Lees AJ. Accuracy of clinical diagnosis of idiopathic Parkinson’s disease: a clinico-pathological study of 100 cases. J Neurol Neurosurg Psychiatry. 1992 Mar;55(3):181-4. doi: 10.1136/jnnp.55.3.181. PMID: 1564476; PMCID: PMC1014720.

Tolosa E, Garrido A, Scholz SW, Poewe W. Challenges in the diagnosis of Parkinson’s disease. Lancet Neurol. 2021 May;20(5):385-397. doi: 10.1016/S1474-4422(21)00030-2. PMID: 33894193; PMCID: PMC8185633.

 

 

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