DHEA e SDHEA: como interpretar?

lactato desidrogenase DHEA e SDHEA

A Dehidroepiandrosterona (DHEA) e Sulfato de Dehidroepiandrosterona (S-DHEA) são precursores de andrógenos mais potentes e estrógenos. São produzidos praticamente apenas no córtex da adrenal, e o exame que mensura suas concentrações séricas pode ser útil para avaliar patologias adrenais.

Embora possa ser solicitado um ou outro, na prática, opta-se mais pelo exame de S-DHEA, por ser um parâmetro mais estável da atividade adrenocortical. Veja mais sobre o exame na prática.

Entenda o exame

A DHEA e S-DHEA são precursores de andrógenos mais potentes (androstenediona, testosterona) e estrógenos (estradiol). É produzido praticamente apenas na adrenal – nos homens cerca de 5% pode ser produzido nos testículos.

No córtex da adrenal, a produção ocorre na zona reticulada, por meio da reação primária: Pregnenolona -> (enzima CYP17) -> 17-OH-Pregnenolona -> DHEA -> androstenediona e S-DHEA. Perceba assim que a presença do “S” nada mais que é uma DHEA sulfatada.

Assim, por ser produzidos praticamente apenas na adrenal, a avaliação sérica da concentração destes precursores andrógenos é capaz de nos dar informações sobre as glândulas adrenais.

A Hiperplasia Adrenal Congênita usualmente cursa com valores elevados de DHEA e S-DHEA em decorrência do estímulo excessivo do ACTH por deficiência enzimática adrenal na produção de corticosteroides e mineralocorticoides.

Tumores ectópicos produtores de DHEA e S-DHEA também elevam os valores de androstenediona por estímulo excessivo da adrenal. O mesmo pode ocorrer na Síndrome de Cushing pela secreção excessiva de ACTH. Ainda, tumores adrenais e determinados tumores ou hiperplasias ovarianas também podem produzir excesso destes precursores.

Como resultado da produção excessiva dos precursores andrógenos, pode ocorrer virilização em mulheres ou puberdade precoce em homens. Por outro lado, a produção reduzida pode decorrer de insuficiência adrenal. Como resultado em homens pode cursar com puberdade tardia e em mulheres sintomas variados como redução de libido.

DHEA e SDHEA

Qual a diferença entre DHEA e S-DHEA?

A diferença estrutural é um grupo sulfato na S-DHEA – sendo assim um pode virar o outro e vice-versa. Cerca de 98% dos precursores circulantes corresponde a forma sulfatada. Essa se liga mais fortemente à albumina plasmática, sua proteína carreadora, contribuindo assim para sua eliminação metabólica mais lenta (meia-vida maior).

Não só isso, S-DHEA não apresenta um expressiva alteração na concentração conforme o ritmo circadiano, como o ocorre com a forma não sulfatada. Consequentemente, esta representa um parâmetro mais estável da atividade adrenocortical, enquanto a forma não sulfatada é mais suscetível a alterações agudas (como uma infecção momentânea).

Quando devemos solicitar?

Deve-se solicitar o exame nas seguintes condições:

  1. Avaliação diagnóstica e monitoramento de Hiperplasia Adrenal Congênita;
  2. Avaliação de puberdade precoce ou tardia em homens;
  3. Avaliação de virilização em mulheres;
  4. Avaliação de tumores produtores de ACTH;
  5. Em conjunto com o androstenediona para saber a origem do aumento de testosterona – lembre-se a androstenediona é produzida tanto na cortical da adrenal quanto nos testículos e ovários;
  6. Investigação de doping.

hiperplasia adrenal congenita hac

Quais são os valores de referência?

DHEA e SDHEA

Lembrando que pode existir variação nos valores para mulheres de acordo com o ciclo menstrual. Assim, o padrão é coletar uma semana antes ou uma semana após a menstruação.

Ainda, drogas como clomifeno podem elevar os valores séricos dos precursores andrógenos, bem como corticoides exógenos podem reduzir os valores séricos.

 

Quer saber mais sobre este e outros exames laboratoriais? Acesse o conteúdo completo no nosso app WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.

Referências:

Pagana, KD; Pagana TJ. Mosby’s Manual of Diagnostic and Laboratory Tests. 6 ed. – Elsiever – 2017

Caquet, René. 250 exames de laboratório: prescrição e interpretação / René Caquet; tradução de Laís mEDEIROS, Bruna Steffens e Janyne Martini – 12. Ed. – Rio de Janeiro – RJ: Thieme Publicações, 2017

McPherson, Richard A. Diagnósticos clínicos e tratamentos por métodos laboratoriais / Richard A. McPherson, Matthew R. Pincus – 21.ed – Baueri, SP: Manole, 2012.

Xavier, RM et al. Laboratório na prática clínica: consulta rápida – 3ed – Porto Alegre: Artmed, 2016

Lima, A. Oliveira – Soares, J. Bejamin – Greco, J. B. – Galizzi, João – Cançado, J. Romeu. Métodos de Laboratório Aplicados à Clínica – Técnica e Interpretação –  8ª edição – Ed. Guanabara, 2001.

Google search engine

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui