Ideação suicida: o que é e como identificar os sinais?

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Cerca de 9 em cada 100 indivíduos adultos apresentam ideação suicida em algum momento da vida. O risco é maior em homens do que em mulheres (4:1), e aumenta conforme a idade.

O mês de setembro é marcado pela campanha “Setembro Amarelo”, com o objetivo de conscientizar e promover a prevenção do suicídio. A informação é uma estratégia eficaz na prevenção, e a identificação precoce dos pensamentos suicidas pode salvar vidas.

O que é a ideação suicida?

A ideação suicida diz respeito aos pensamentos recorrentes sobre tirar a própria vida. Há variação de intensidade e frequência, incluindo desde os pensamentos de que seria melhor morrer, até a formulação de planos elaborados.

pensamentos suicidas

Há diversas terminologias que envolvem o suicídio. As principais são:

  • A ideação suicida diz respeito ao pensamento de tirar a própria vida, em diferentes graus. O paciente pode dizer que “seria melhor morrer” ou que “a vida não vale a pena”. Pode ou não incluir planos elaborados.
  • Já a tentativa de suicídio diz respeito a um episódio específico de danos contra a vida, com a intenção de morrer, mas sem sucesso na tentativa.
  • O comportamento suicida envolve a ideação, os planos e a tentativa. São ações como comprar uma arma, estocar ou comprar medicamentos para consumo excessivo.
  • A ameaça de suicídio envolve pensar em comportamentos autolesivos e verbalizá-los, com a intenção de que outras pessoas saibam da vontade de morrer.
  • E por fim, o suicídio é quando o comportamento autolesivo é fatal.

Ainda há uma terminologia que engloba de forma geral as autolesões, como automutilação.

Automutilação não suicida é quando não há intenção de morrer, mas sim de se machucar – normalmente com o objetivo de que a dor física seja maior do que a psicológica. São os arranhões, cortes, beliscões, mordidas, queimaduras. Já na autolesão suicida há intenção de se machucar o suficiente para morrer.

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Principais fatores de risco

O principal fator de risco é a presença de transtornos mentais, como esquizofrenia, transtorno bipolar, transtorno depressivo maior. A presença de algum distúrbio mental é observado em mais de 90% das tentativas de suicídio.

Outros fatores de risco incluem:

  • História prévia de ideação / tentativa – 1/100 pacientes que sobrevivem da primeira tentativa conseguem ter sucesso na próxima tentativa em 1 ano.
  • História de automutilação.
  • Abuso de substâncias.
  • Insônia crônica.
  • Uso de antidepressivos.

Ainda, o risco aumenta em caso de parentes próximos com tentativas ou suicídio consumado, perda de emprego ou redução financeira significativa, dificuldade no acesso aos cuidados de saúde, doenças crônicas e lesões traumáticas cerebrais.

As tentativas de tirar a própria vida também são maiores em indivíduos que prestaram serviços militares e em adultos que passaram por adversidades na infância, como abuso sexual, físico ou emocional.

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Quais os sinais e sintomas?

É importante estar atento aos sinais associados a cada condição clínica, como transtorno bipolar e transtorno depressivo maior. Os pacientes frequentemente relatam sentimentos de desesperança, “sensação de ser um fardo”, inutilidade, desamparo.

O paciente fala sobre tirar a própria vida, em frases como “eu gostaria de estar morto” ou “gostaria de não ter nascido.” Há relatos de sofrimento intolerável. Também pode ser observado um potencial autodestrutivo – por exemplo, dirigir de forma imprudente.

Também estar atento em casos de indivíduos que organizam ou distribuem pertences ou bens materiais, sem nenhuma razão aparente, ou despedem-se de pessoas sem nenhuma razão aparente.

Pensamentos suicidas também são associados ao isolamento social, aumento do uso de álcool e drogas ilícitas, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e alteração de rotina, principalmente padrões alimentares e de sono.

Lembrando que nem sempre os sinais são óbvios. Os pensamentos sobre tirar a própria vida podem ser confundidos com uma dificuldade em lidar com as questões diárias. O risco nunca deve ser subestimado.

depressao suicidio

Como fazer o diagnóstico?

Não é recomendado screening de ideação suicida para todos os pacientes. A triagem deve ser realizada apenas em casos de distúrbios psiquiátricos, suspeita de ideação ou fatores de risco associados.

É essencial realizar anamnese completa, incluindo histórico familiar. A empatia é fundamental, pois os pacientes podem não se sentir confortáveis em falar sobre o assunto.

O diagnóstico deve basear-se nas definições: pensamentos em relação a tirar a própria vida já definem ideação suicida. Para complementar o diagnóstico, é importante determinar a classificação de risco de tentativa de suicídio no paciente: baixo, médio ou alto.

diagnóstico de ideação suicida

A prevenção é o melhor caminho!

Mais ou menos 35% dos pacientes com ideação suicida elaboram um plano, e cerca de 30% de fato tentam o suicídio. A maioria dos casos de planejamento e tentativa ocorrem no primeiro ano após o primeiro pensamento de tirar a própria vida.

Quase metade dos adultos que tentam suicídio não procuram atendimento médico, o que aumenta o risco de uma segunda tentativa ou de complicações associadas. Logo, identificar os primeiros sinais pode reduzir as taxas de tentativa, que poderiam ter resultados fatais.

As orientações de tratamento dependem da gravidade dos sintomas apresentados pelo paciente. Em casos de crise, internar o paciente reduz o risco de sucesso nas tentativas. O tratamento é multidisciplinar e contínuo, envolvendo psicólogos e psiquiatras.

Lembrando que é necessário sempre orientar os pacientes e familiares que procurem ajuda assim que tiverem (ou observarem em alguém próximo) o primeiro pensamento sobre tirar a própria vida. O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, de forma voluntária e gratuita.

setembro amarelo cvv

 

O conteúdo completo está disponível no nosso app WeMEDS®, incluindo etiologia e fisiopatologia, tratamento e seguimentos do pacientes. Também é possível acessar o conteúdo de ideação suicida em crianças e adolescentes.

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Referências:

Jennifer Schreiber, MD; Larry Culpepper, MD, MPH. Suicidal ideation and behavior in adults. UpToDate®.

Lovero KL, Dos Santos PF, Come AX, Wainberg ML, Oquendo MA. Suicide in Global Mental Health. Curr Psychiatry Rep. 2023 Jun;25(6):255-262. doi: 10.1007/s11920-023-01423-x. Epub 2023 May 13. PMID: 37178317; PMCID: PMC10182355.

Harmer B, Lee S, Duong TVH, Saadabadi A. Suicidal Ideation. 2023 Aug 24. In: StatPearls Internet. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan–. PMID: 33351435.

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