Diagnóstico e tratamento da Leucemia Mieloide Aguda (LMA)

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A Leucemia Mieloide Aguda (LMA) representa 45% de todas as leucemias. A prevalência aumenta com a idade, e embora possa ocorrer em qualquer faixa etária, a média de acometimento é próxima aos 70 anos de idade.

De forma geral, a cura é possível em 20-45% dos casos, através de um tratamento adequado. Veja mais sobre a doença e como diagnosticar e tratar pacientes com leucemia mieloide aguda.

 

Leucemia Mieloide Aguda (LMA): o que é?

Na medula óssea existe uma célula precursora de todas as demais células sanguíneas, é a chamada “célula tronco”, ou simplesmente “Stem Cell“. Ela tem a capacidade de se multiplicar e se diferenciar até as células maduras: hemácias, leucócitos e plaquetas.

Inicialmente, a stem cell se diferencia em dois grandes grupos: progenitores linfoides e progenitores mieloides. Quando há mutação no progenitor mieloide (blasto), há bloqueio de maturação das células e crescimento intenso e desordenado – a Leucemia Mieloide Aguda (LMA).

LMA

Portanto, a LMA é uma neoplasia hematológica, na qual um progenitor mieloide (blasto) sofre uma mutação. Com essa mutação, além da multiplicação intensa, há um bloqueio da maturação, no qual a célula é incapaz de se diferenciar em células maduras – hemácia, monócito, neutrófilo, eosinófilo, basófilo e plaquetas.

Como consequência essas células neoplásicas jovens (blastos neoplásicos) ocupam a medula óssea, impedindo o crescimento/diferenciação das células normais. Com o decorrer da doença, esses blastos neoplásicos caem na corrente sanguínea podendo se infiltrar em diversos tecidos.

leucemia mieloide aguda

Como diagnosticar?

A tríade clássica da Leucemia Mieloide Aguda (e das leucemias agudas em geral) é: astenia + sangramento + febre.

A astenia (secundária à anemia) envolve fraqueza, palidez de mucosas, dispneia aos esforço, cansaço físico e intelectual etc. O sangramento é secundário à plaquetopenia, e pode ser grave ou refletido em pequenos sinais como petéquias, equimoses e hematomas.

A febre pode ser secundária à rápida proliferação do clone neoplásico (febre neoplásica), ou em caso de infecções oportunistas, visto que não há células maduras disponíveis para responder (leucopenia).

hipertermia maligna LMA

Além dessa tríade, outros achados podem estar presentes, como dor óssea, hepatoesplenomegalia, placas eritematosas/violáceas na pele (Leukemia cutis), tumoração em órbitas, ossos, pulmões (cloroma, um tumor feito de blastos), hiperplasia gengival, CIVD e síndrome de leucostase (leucometria > 100.000/mm³).

Diante da suspeita diagnóstica, um hemograma reflete anemia normocítica e normocrômica, sem reticulocitose, e plaquetopenia. Além disso, o quadro pode se iniciar com leucopenia, porém comumente há uma leucocitose com média de 15.000/mm³.

O aparelho que avalia a contagem dos leucócitos pode confundir a leucocitose, achando que são células maduras e não blastos. Por isso, fundamental a realização de hematoscopia (esfregaço sanguíneo) – 95% dos casos mostram mais que 5% de blastos em sangue periférico, que praticamente confirma o diagnóstico.

O diagnóstico é fechado através de aspirado da medula óssea (mielograma) + biópsia da medula óssea, evidenciando acima de 20% de blastos, associado à análise morfológica, citoquímica, imunofenotípica e citogenética (que irá evidenciar ser da linhagem mieloide e qual subtipo).

leucemia mieloide aguda

Como tratar?

Os pacientes com LMA devem receber um adequado tratamento de suporte, uma vez que são as complicações que levam o paciente ao óbito.

A base do tratamento é a quimioterapia, seguida ou não de transplante de medula óssea. Em caso de leucemia promielocítica aguda (subtipo M3), a abordagem é com o uso de ácido transretinoico (ATRA).

Didaticamente, dividimos o tratamento em 3 passos: indução da remissão, consolidação e tratamento de recidivas.

A indução da remissão é o uso de quimioterápicos com o objetivo de destruir os blastos neoplásicos. Existem diversos esquemas terapêuticos disponíveis, e o de escolha é o chamado “Esquema 7+3” – 7 dias de uso de Citarabina (Ara-C) + 3 dias de uso de Daunorrubicina (ou idarrubicina para pacientes mais jovens).

Passados 8 dias do término do esquema quimioterápico, avalia-se a resposta ao tratamento, com a realização de aspirado de medula óssea + biópsia de medula óssea. Se houve remissão (< 5-10% de blastos), seguir para a consolidação da remissão.

quimioterapia cancer

Consolidar a remissão é prover uma segunda terapia para eliminar qualquer resíduo da doença, prevenindo assim sua reincidência. São 3 opções: quimioterapia de consolidação, transplante alogênico ou transplante autólogo de medula óssea.

Como forma geral, a cura é possível em 20-45% dos casos, através de um tratamento adequado. Obviamente, os pacientes mais jovens e com fatores prognósticos favoráveis apresentam taxas de cura muito mais altas, ao passo que idosos e aqueles com fatores prognósticos desfavoráveis apresentam taxas de cura muito mais baixas.

A recidiva da doença pode ocorrer de forma precoce (antes de 6 meses pós-tratamento) ou tardia (após 6 meses do tratamento). A melhor opção terapêutica deverá ser direcionada pela característica do paciente – transplante autólogo ou gentuzumabe (Mylotarg®) para a maioria dos pacientes, exceto aqueles com menos de 60 anos com doador compatível (nesse caso, sugere-se transplante alogênico).

Para pacientes com recidiva após transplante alogênico pode ser tentado um novo transplante ou ainda infusão de leucócitos do doador (visando a destruição dos blastos neoplásicos).

transplante de medula ossea

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Referências:

Shimony, S., Stahl, M., & Stone, R. M. (2023). Acute myeloid leukemia: 2023 update on diagnosis, risk-stratification, and management. American journal of hematology, 98(3), 502–526. https://doi.org/10.1002/ajh.26822

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