Como diagnosticar um paciente com Esquizofrenia?

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A Esquizofrenia é um transtorno psicótico grave, no qual o paciente apresenta alterações do pensamento, percepção e afeto. Geralmente, há manutenção da intelectualidade e consciência – os quais podem se perder durante o passar da doença.

Acomete cerca de 1% da população. Nas mulheres, o início se dá geralmente entre 25 e 35 anos, enquanto nos homens entre 10 e 25 anos. Quanto mais cedo o início, pior o prognóstico.

O que causa a Esquizofrenia?

Nenhum fator isolado se demonstrou o causador da condição. O que mais se aceita é o modelo “Diátese-Estresse“. O indivíduo teria uma “vulnerabilidade” (“predisposição” ou “diátese”) para a doença; caso um fator estressante (genético, ambiental, biológico, psicológico) ocorra, o paciente desenvolve a patologia.

Também são conhecidas as “personalidades pré-morbidas”. São transtornos de personalidades em que há grandes chances de evolução para a esquizofrenia. Fazem parte dos transtornos excêntricos de personalidade: esquizoide (retraimento social, isolamento), esquizotípico (supersticiosos, ocultismo, religiosos) e paranoide.

Pacientes com personalidade esquizoide ou esquizotípicas têm maior probabilidade de desenvolver o quadro de esquizofrenia.

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E a teoria dopaminérgica?

Assim como a etiologia, não se sabe exatamente a fisiopatologia da doença, e diversas teorias foram postuladas. A mais aceita é a teoria dopaminérgica.

A dopamina é um neurotransmissor envolvido no controle de movimentos, aprendizado, humor, emoções, cognição e memória. A esquizofrenia está associada a exacerbação da atividade dopaminérgica no sistema nervoso central (principalmente na via mesolímbica).

Tal fato é verossímil, pois os medicamentos antipsicóticos (que tratam a esquizofrenia) estão ligados a atividades antidopaminérgicas.

 

Leia também: Esquizofrenia – nova evidência do papel das vias serotoninérgicas.

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Quais os tipos de esquizofrenia?

Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID), a esquizofrenia pode ser de 6 diferentes tipos:

  1. Paranoide: tipo mais comum; presença de alucinações auditivas (escuta vozes), associada a ideias (alucinações) de perseguição e delirantes.
  2. Hebefrênica: início geralmente antes dos 25 anos; presença de desorganização do pensamento, isolamento e perda da vontade de fazer as coisas. Pior prognóstico.
  3. Catatônica: alterações na psicomotricidade: mutismo, estupor (não apresenta reações), posturas bizarras, flexibilidade cérea (coloca o paciente em uma posição e ele mantém) etc.
  4. Simples: início lento e progressivo, o paciente apresenta inabilidade para cumprir demandas social, com queda no desempenho de diversas atividades.
  5. Residual: estágio crônico/tardio de outros tipos, o paciente apresenta principalmente sintomas negativos.
  6. Indiferenciada: não se categoriza em nenhum outro tipo, ou apresenta várias características dos outros tipos associadas.

Ainda, há um quadro conhecido como Depressão Pós-Esquizofrênica – depressão que ocorre após uma crise esquizofrênica. Difere-se da psicose depressiva, pois nessa, a alteração do humor vem antes.

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Quais os sinais e sintomas?

Os sintomas são muito variáveis, e podem mudar durante a evolução da doença. O paciente geralmente não tem crítica de estar doente, pois a intelectualidade, memória, consciência não estão frequentemente afetados.

Didaticamente, os sinais e sintomas são divididos em dois grupos: positivos e negativos.

Sintomas positivos são aqueles que oferecem “acréscimo” nas capacidades mentais, principalmente em fases agudas da doença (alucinação, delírios, confusão mental). Por outro lado, sintomas negativos são os que apresentam “decréscimos” nas capacidades mentais – é o caso de embotamento afetivo (sem afeto e emoções), lentificação psicomotora, desleixo corporal e pouca interação.

O curso da doença se dá com episódios de agudização e remissões; a cada episódio o prognóstico se torna mais desfavorável. Com o tempo, os sintomas positivos tendem a diminuir, ao passo que os negativos tendem a aumentar.

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Como fazer o diagnóstico?

O diagnóstico é evidentemente clínico. Deve-se observar o paciente, conversar e analisar. A história familiar é muito importante nesses casos, pois muitas vezes existem casos semelhantes na família. De toda forma, existem critérios que podem auxiliar no diagnóstico – como os Critérios do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) – 5ª edição.

CRITÉRIO A = Sintomas característicos.

São necessários dois ou mais dos seguintes, cada qual presente por uma porção significativa de tempo durante o período de 1 mês (ou menos, se tratados com sucesso):

  • Delírios;
  • Alucinações;
  • Discurso desorganizado (por ex.: frequente descarrilamento ou incoerência);
  • Comportamento amplamente desorganizado ou catatônico;
  • Sintomas negativos, – embotamento afetivo, alogia ou avolição;

Observação: apenas um sintoma do Critério “A” é necessário se os delírios são bizarros ou as alucinações consistem em vozes que comentam o comportamento ou os pensamentos da pessoa, ou duas ou mais vozes conversando entre si.

 

CRITÉRIO B = Disfunção social / ocupacional.

Por período significativo desde o aparecimento da perturbação, o nível de funcionamento em uma ou mais áreas importantes, como trabalho, relações interpessoais ou autocuidado, está acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início.

Quando o início se dá na infância ou na adolescência, há incapacidade de atingir o nível esperado de funcionamento interpessoal, acadêmico ou profissional.

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CRITÉRIO C = Duração

Sinais contínuos da perturbação persistem por pelo menos 6 meses. Este período de 6 meses deve incluir pelo menos 1 mês de sintomas (ou menos, se tratados com sucesso) que satisfazem o critério A (isto é, sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas prodrômicos ou residuais.

Durante esses períodos prodrômicos ou residuais, os sinais da perturbação podem ser manifestados apenas por sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas relacionados no Critério A presentes de uma forma atenuada (por ex., crenças estranhas, experiências perceptuais incomuns).

 

CRITÉRIO D = Exclusões

O transtorno esquizoafetivo e o transtorno do humor com aspectos psicóticos foram descartados, porque (1) nenhum episódio depressivo maior, maníaco ou misto ocorreu concomitantemente aos sintomas da fase ativa; ou (2) se os episódios de humor ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua duração total foi breve relativamente à duração dos períodos ativo e residual.

Além disso, a perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., uma droga de abuso, um medicamento) ou a uma condição médica geral.

 

CRITÉRIO ADICIONAL

Se há história de transtorno do espectro autista ou de um transtorno da comunicação iniciado na infância, o diagnóstico adicional de esquizofrenia é realizado somente se delírios ou alucinações proeminentes, além dos demais sintomas exigidos de esquizofrenia, estão também presentes por pelo menos um mês (ou menos, se tratados com sucesso).

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Referências:

Fischer, BA. et al. – Schizophrenia: Clinical manifestations, course, assessment, and diagnosis. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-IV. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Porto Alegre : ARTMED, 2002, 4a. ed.

American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fifth Edition (DSM-5), American Psychiatric Association, Arlington 2013.

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