Escore MASCC: o que é, como, quando e por que utilizar
O escore MASCC (Multinational Association for Supportive Care in Cancer ou Associação Multinacional para Cuidados de Suporte em Câncer) é um índice desenvolvido para a identificação do potencial de complicações graves de neutropenia febril.
Seu principal objetivo é identificar pacientes com baixo risco de desfecho ruim com neutropenia febril, permitindo que sejam tratados ambulatorialmente.
O uso do escore é indicado para pacientes em tratamento quimioterápico nas seguintes situações:
- Pacientes neutropênicos com febre iniciada recentemente (≥ 38ºC).
- No início da febre, para avaliar o risco de complicações da neutropenia febril.
- Após a abordagem das preocupações imediatas, para identificar pacientes que podem não precisar ser internados no hospital ou que podem receber alta precoce.
Critérios, Pontuações e Interpretação
O escore MASCC é composto por 7 critérios. Veja cada um deles, bem como a pontuação atribuída para cada critério encontrado durante a avaliação de um paciente.
(**) Em DPOC considerar bronquite crônica ativa, enfisema, diminuição do VEF ou necessidade de oxigenoterapia, corticosteroides e/ou broncodilatadores.
Após a atribuição da pontuação individual para cada um dos critérios, é realizado o somatório total. A interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado. O risco estimado pode ser avaliado em uma estratificação de 2 categorias. Assim, temos:
Pontuação total: ≥ 21 – Risco baixo de complicações graves.
Pontuação total: < 21 – Risco alto de complicações graves.
É importante ressaltar que quanto maior a pontuação, menor o risco de complicações graves.
Atenção! Limitações e armadilhas
O escore MASCC não pode ser utilizado nos seguintes casos:
- Crianças e adolescentes.
- Pacientes em processo de condicionamento para transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas.
- Pacientes com leucemia aguda submetidos à quimioterapia de indução.
Para muitos especialistas, pacientes de alto risco são aqueles com contagem absoluta de neutrófilos menor que 100, neutropenia prolongada (acima de sete dias) e/ou com algumas comorbidades que podem não ser contabilizadas no escore. Dessa forma, essa avaliação pode anular o MASCC.
E lembre-se: não se deve utilizar o escore MASCC de forma isolada como ferramenta de tomada de decisão. É necessário avaliação médica individual, levando em consideração diversos fatores, como, por exemplo, acesso e distância a atendimento médico de emergência.
Quais os próximos passos?
A conduta deve seguir os seguintes critérios:
Em caso de risco alto de complicações graves: internação e antibióticos via endovenosa.
Em caso de risco baixo de complicações graves em pacientes com intolerância gastrointestinal para antibióticos e/ou infecção resistente: internação e antibióticos via endovenosa.
Em caso de risco baixo de complicações graves em pacientes capazes de tolerar e absorver antibioticoterapia via oral e com disponibilidade de acompanhamento de perto: fazer tratamento ambulatorial.
Para não esquecer:
A definição de neutropenia febril é dada por presença de febre ≥ 38ºC por pelo menos 1 hora (ou ≥38,3ºC medida única), associada a contagem de neutrófilo ≤ 500 células/microlitro, ou ≤ 1000 células/microlitro com projeção de queda para valores inferiores a 500 células nas próximas 48 horas – em pacientes submetidos à quimioterapia.
É uma complicação comum em pacientes com câncer submetidos à quimioterapia. Acomete em algum momento cerca de 10-50% dos pacientes com tumores sólidos e mais de 80% dos pacientes que possuem neoplasias hematológicas – que se submetem à quimioterapia.
O início de terapia antibiótica empírica (iniciado antes do resultado das culturas) é mandatória, devendo ocorrer de forma imediata. O atraso na terapêutica reflete uma morbimortalidade elevada.
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O MASCC foi desenvolvido a partir de um estudo multinacional prospectivo com 756 pacientes com câncer e neutropenia febril. O escore criado conseguiu identificar com precisão pacientes com baixo risco de complicações, podendo ser usado para selecionar pacientes para testar estratégias terapêuticas que possam ser mais convenientes ou custo-efetivas.
O escore de MASCC foi desenvolvido pelo médico Dr. Jean Klastersky. A linha de pesquisa do Dr. Klastersky é voltada para o tratamento e prognóstico da febre neutropênica e novas terapias em pacientes com câncer. Atualmente, Dr. Jean é Chefe dos Serviços de Medicina do Instituto Jules Bordet, além de Professor de Medicina na Universidade de Bruxelas.
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Referências:
Klastersky J, et al. The Multinational Association for Supportive Care in Cancer risk index: A multinational scoring system for identifying low-risk febrile neutropenic cancer patients. J Clin Oncol. 2002;Aug;18(16):3038-51.
Uys A, Rapoport BL, Anderson R. Febrile neutropenia: a prospective study to validate the Multinational Association of Supportive Care of Cancer (MASCC) risk-index score. Support Care Cancer. 2004;12(8):555-60.
Innes H, Lim SL, Hall A, Chan SY, Bhalla N, Marshall E. Management of febrile neutropenia in solid tumours and lymphomas using the Multinational Association for Supportive Care in Cancer (MASCC) risk index: feasibility and safety in routine clinical practice. Support Care Cancer. 2008;16(5):485-91.
Punnapuzha S, Edemobi PK, Elmoheen A. Febrile Neutropenia. 2023 Jan 20. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan–. PMID: 31082146.
