Etiologia, fisiopatologia, sinais e sintomas da Endometriose

endometriose

A endometriose é uma doença inflamatória crônica, caracterizada pela implantação e crescimento de tecido endometrial fora do útero. Ocorre em cerca de 10% das mulheres, com pico de incidência entre 25 e 30 anos de idade.

Entenda mais sobre a etiologia e fisiopatologia da doença, e revise os principais sinais e sintomas associados.

Endometriose: o que é e quais as causas

A endometriose é uma condição crônica, de caráter inflamatório, caracterizada pela implantação e crescimento de tecido endometrial fora do útero – sendo mais comum nas vísceras pélvicas e peritônio.

A presença de implante ectópico de glândulas e/ou estroma endometrial funcionante é sensível aos hormônios, e está associada à infertilidade. A definição é histológica, e seu diagnóstico não deve ser feito apenas pelos aspectos macroscópicos de lesões.

O comprometimento ovariano da endometriose, por meio de tumor cístico denominado endometrioma. É uma lesão endometriótica de ocorrência localizada no ovário, que afeta 55% das portadoras dessa doença.

Alguns fatores de risco são conhecidos: história familiar, nuliparidade ou primiparidade tardia, ciclo menstrual curto e/ou fluxo menstrual aumentado, antecedentes obstétricos de infertilidade. Além disso, ingestão inveterada de álcool e cafeína, obesidade periférica ou IMC baixo, exposição a produtos ambientais sintéticos (dioxinas), além de malformações uterinas. Mulheres brancas e asiáticas também apresentam maior fator de risco.

Etiologia, fisiopatologia, sinais e sintomas da Endometriose

A causa é multifatorial, baseada em 4 pilares:

  1. Fator genético: apresenta herança poligênica.
  2. Fator imunológico: alterações na imunidade humoral e celular – atividade de células natural killer reduzidas, aumento de leucócitos e macrófagos etc.
  3. Fator hormonal: maior produção/exposição à estrógenos.
  4. Fatores ambientais: o mais notado é a dioxina – substância presente em indústrias químicas, metalurgia, siderurgia, combustão de veículos – que leva à redução de andrógenos, aumentando secreção de FSH e LH.

 

Entenda a fisiopatologia

A fisiopatologia não é totalmente conhecida, sendo diversas as teorias propostas, o que de alguma forma acabam se complementando.

A teoria da implantação ou menstruação retrógrada fala sobre o conteúdo menstrual carregar células endometriais. Dessa forma, regurgitação transtubária no período menstrual pode disseminar células endometriais na cavidade peritoneal, aderindo-se e implantando.

A teoria imunológica diz respeito a alterações imunológicas, que fazem com que células endometriais fora do útero não sejam eliminadas; pelo contrário, acabam estimulando a sua proliferação e adesão ectópica.

De acordo com as teorias Mullerianas e Serosa, o epitélio do peritônio apresentam células mesoteliais que são totipotentes. Isso significa que elas podem se transformar (metaplasia) em células endometriais.

A teoria da indução é baseada na Teoria Mulleriana. As células mesoteliais totipotentes do peritônio, sob estímulos bioquímicos endógenos (indução bioquímica) se transformariam em células indiferenciadas endometriais.

Por fim, na teoria de disseminação linfática e hematogênica, sugere-se que haja disseminação das células endometriais por essas vias, enquanto na teoria iatrogênica, sugere-se que haja implante endometrial em sítios distantes após procedimentos cirúrgicos em que há manipulação uterina.

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Qual o aspecto das lesões?

Microscopicamente, as lesões são caracterizadas por glândulas e estroma endometrial. Macroscopicamente, principalmente em região peritoneal, elas podem ser divididas em dois grandes grupos: típicas e atípicas.

Nas lesões atípicas, há formação de vesículas, aderências finas (“véu de noiva”), defeitos peritoneais etc. Já as lesões típicas são mais clássicas, podendo ser vermelhas (em forma de petéquias), pretas (“queimadura por pólvora”, com nódulos azulados, pretos, castanho-escuros com diversos graus de fibrose; podem ainda apresentar cistos com hemorragia antiga em seu interior), ou brancas (tecido cicatricial).

A lesão vermelha é a mais ativa e progride para a lesão preta (menos ativas), que por fim se transforma em uma lesão branca, cicatricial. Esse processo leva cerca de 7 a 10 anos.

Caracteristicamente, as lesões ovarianas são superficiais, geralmente refletindo como “cistos achocolatados” (pretas). As lesões de fundo de saco de Douglas são geralmente infiltrantes e profundas.

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Relembrando os sinais e sintomas

Os achados clínicos clássicos da endometriose são dismenorreia, dispareunia (dor ao ato sexual), dor pélvica crônica e infertilidade. Pode haver disúria, quando houver acometimento de ureteres ou bexiga, e pneumotórax em casos raros de acometimento pulmonar.

Importante ressaltar que a endometriose extra pélvica geralmente é assintomática.

O diagnóstico é realizado por anamnese completa e exame físico, com estudo do perfil da paciente, e confirmado por exames de imagem ou videolaparoscopia.

Etiologia, fisiopatologia, sinais e sintomas da Endometriose

Considerações finais

O atraso médio do diagnóstico e tratamento é cerca de 10 anos, o que acarreta importante queda na qualidade de vida da paciente. Cerca de um terço das pacientes apresentam resolução do quadro, mesmo sem tratamento. No entanto, de forma geral, a condição é progressiva.

Após o início da abordagem terapêutica, as pacientes apresentam em geral um bom prognóstico (95% respondem bem ao tratamento). A recorrência e progressão são variáveis.

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Referências:

Saunders PTK, Horne AW. Endometriosis: Etiology, pathobiology, and therapeutic prospects. Cell. 2021 May 27;184(11):2807-2824. doi: 10.1016/j.cell.2021.04.041. PMID: 34048704.

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