Escore de WELLS para TEP: critérios, interpretação e limitações

Escore de WELLS para TEP

O Escore de WELLS é um índice desenvolvido para a identificação e estratificação do risco de Tromboembolismo Pulmonar (TEP) em pacientes com clínica sugestiva do quadro.

O principal objetivo deste escore é avaliar o risco de o paciente desenvolver um quadro de TEP. Mas atenção! O escore de WELLS não deve ser utilizado em todos os pacientes!

Para utilizá-lo, o paciente deve apresentar uma história clínica e um exame físico que sugiram o TEP como um provável diagnóstico – o objetivo é determinar o risco de desenvolvimento de TEP nestes pacientes.

E por que usar?

O escore de WELLS é confiável e já foi validado inúmeras vezes em ambientes clínicos. É extremamente fácil de utilizar e nos proporciona uma estratificação clara sobre o risco de o paciente desenvolver um quadro de TEP.

Ainda, a estratificação de risco pelo escore de WELLS auxilia na redução do número de angiotomografias computadorizadas realizadas em pacientes com baixo risco para TEP.

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Como utilizar e interpretar?

O escore de WELLS é composto de 7 critérios clínicos e fisiológicos. Veja cada um deles, bem como a pontuação atribuída para cada critério encontrado durante a avaliação do paciente com história clínica e exame físico sugestivos de tromboembolismo pulmonar (TEP):

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Após a atribuição da pontuação individual para cada um dos critérios, é realizado o somatório total. A interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado. O risco estimado pode ser avaliado em uma estratificação de 3 ou 2 categorias. Assim, temos:

Opção 1 – Estratificação de risco em 3 categorias

  1. Pontuação total 0-1 – Risco baixo de TEP (1,3%)
  2. Pontuação total 2-6 – Risco moderado de TEP (16,2%)
  3. Pontuação total > 6 – Risco alto de TEP (37,5%)

Opção 2 – Estratificação de risco em 2 categorias

  1. Pontuação total ≤ 4 – Baixa probabilidade de TEP (12,1%). Nesse caso, a realização do teste laboratorial do D-dímero é necessária. Caso o D-dímero estiver elevado, a angiotomografia computadorizada é indicada.
  2. Pontuação total ≥ 5 – Alta probabilidade de TEP (37,1%). A realização de angiotomografia computadorizada para confirmação diagnóstica é indica a todos os pacientes desse grupo.

Alguns dados importantes sobre a estratificação de risco de TEP pelo escore de WELLS:

Cerca de 20,4% de todos os pacientes nos quais a angiotomografia computadorizada foi indicada apresentaram o diagnóstico de TEP.

Além disso, a incidência de TEP dentro de 3 meses de acompanhamento em pacientes de baixo risco com valores de D-dímero normais que receberam alta foi de apenas 0,5%.

 

Atenção! Algumas limitações e armadilhas

Como comentamos, para a utilização do escore de WELLS deve sempre existir primeiro a suspeita clínica de tromboembolismo pulmonar no paciente. Portanto, o escore de WELLS não deve ser utilizado em qualquer paciente (por exemplo, naqueles que apresentam somente dor torácica ou dispneia).

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Também estar atento pois o escore pode ser utilizado com estratificação de 3 ou 2 camadas – sendo a estratificação de 2 camadas a mais recomendada.

Ainda, saiba que escore de WELLS é frequentemente criticado por possuir, entre seus 7 critérios, um critério subjetivo: Diagnóstico de TEP é o mais provável OU é igualmente provável em relação aos demais possíveis diagnósticos.

Por fim, o escore não tem como objetivo diagnosticar o TEP. WELLS é útil para avaliar a probabilidade de TEP e orientar sobre os próximos testes necessários para confirmar o excluir o diagnóstico.

Quais os próximos passos?

Após o uso do escore, estratificação e interpretação, a conduta deve seguir o seguinte fluxograma:

 

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Observações Importantes:

Pacientes com mais de 50 anos e escore de WELLS indicando necessidade do teste de D-dímero devem ter o ponto de corte do valor do D-dímero ajustado em relação a sua idade:

Idade (anos) x 10 µg / L = valor de corte do D-dímero

E lembre-se: nunca atrase os esforços de ressuscitação para realizar a avaliação de testes diagnósticos, principalmente nos casos em que o paciente se apresenta instável.

 

O escore de WELLS foi desenvolvido a partir de um estudo onde a prevalência de tromboembolismo pulmonar foi de aproximadamente 30%. Para validar o escore de WELLS foram realizados outros dois estudos posteriores com prevalência de TEP de, respectivamente, 9,5% e 12%.

O estudo foi desenvolvido pelo médico Phil Wells, professor de medicina na Universidade de Ottawa e cientista sênior do Ottawa Hospital Research Institute. A linha de pesquisa do professor Wells é voltada para o tromboembolismo, trombofilia e risco de sangramento a longo prazo em pacientes anticoagulados.

 

Para saber mais sobre este e outros escores, assim como sobre diagnóstico e tratamento de TEP, acesse o nosso app WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.

Referências:

Wells PS, Anderson DR, Rodger M, Stiell I, Dreyer JF, Barnes D, Forgie M, Kovacs G, Ward J, Kovacs MJ. Excluding pulmonary embolism at the bedside without diagnostic imaging: management of patients with suspected pulmonary embolism presenting to the emergency department by using a simple clinical model and d-dimer. Ann Intern Med. 2001 Jul 17;135(2):98-107. doi: 10.7326/0003-4819-135-2-200107170-00010. PMID: 11453709.

Wolf SJ, McCubbin TR, Feldhaus KM, Faragher JP, Adcock DM. Prospective validation of Wells Criteria in the evaluation of patients with suspected pulmonary embolism. Ann Emerg Med. 2004 Nov;44(5):503-10. doi: 10.1016/j.annemergmed.2004.04.002. PMID: 15520710.

van Belle A, Büller HR, Huisman MV, Huisman PM, Kaasjager K, Kamphuisen PW, Kramer MH, Kruip MJ, Kwakkel-van Erp JM, Leebeek FW, Nijkeuter M, Prins MH, Sohne M, Tick LW; Christopher Study Investigators. Effectiveness of managing suspected pulmonary embolism using an algorithm combining clinical probability, D-dimer testing, and computed tomography. JAMA. 2006 Jan 11;295(2):172-9. doi: 10.1001/jama.295.2.172. PMID: 16403929.

 

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