Escala M-CHAT para triagem do Transtorno do Espectro do Autismo

O transtorno do espectro do autismo é um conjunto de alterações heterogêneas de neurodesenvolvimento, presentes desde o nascimento. Pacientes dentro do espectro podem apresentar dificuldade na interação e/ou comunicação social e interesses e padrões de comportamento repetitivos e restritos. O diagnóstico precoce da condição melhora os desfechos a longo prazo, minimizando os traços durante o desenvolvimento.

Com isso em mente, a escala M-CHAT foi desenvolvida, como um índice para rastrear e avaliar o risco de um paciente pediátrico apresentar autismo. Você sabe como utilizar essa escala na prática clínica?

Escala M-CHAT

A Escala M-CHAT (do inglês, Modified Checklist for Autism in Toddlers) tem como principal objetivo estimar o risco de um paciente pediátrico em observação apresentar algum transtorno do espectro do autismo. É uma escala de rastreamento / triagem, e não de diagnóstico.

A escala foi proposta em 1999 pelas pesquisadores Diana Robins, Deborah Fein e Mirianne Barton, e é uma extensão do questionário “CHAT” proposto em 1992. O questionário anterior continha 18 questões, enquanto o modificado contém 23, todos de “sim” ou “não”. No estudo, quase 1300 crianças foram avaliadas, e a escala se mostrou um instrumento eficaz na detecção precoce do autismo.

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Escala M-CHAT para triagem do Transtorno do Espectro do Autismo

Como utilizar a escala?

A Escala M-CHAT é composta por 23 critérios, e deve ser utilizada durante uma consulta pediátrica de qualquer criança, entre 18-30 meses de idade, a fim de triar pacientes com risco de transtornos do espectro do autismo.

Embora longa, é uma escala simples de ser utilizada, direcionada aos pais ou responsáveis pela criança, e avalia diversas áreas: relações pessoais, interação, sensibilidade e resposta auditiva, comunicação (verbal ou não), imaginação da criança, compreensão, atenção, comportamento, imitação, uso corporal, uso de objetivos e nível de atividade.

Veja cada um dos critérios, que devem ser respondidos como SIM ou NÃO pelos pais ou responsáveis durante a consulta, a respeito da criança avaliada.

escala m-chat

Após responder os critérios, a interpretação se dá da seguinte maneira, avaliando o risco para transtornos do espectro do autismo:

Pontuação de 0-2: Baixo risco.

Pontuação de 3-7: Risco moderado.

Pontuação de pelo menos 2 nas questões críticas (marcadas em vermelho na imagem): Risco moderado-alto.

Pontuação > 7: Alto risco.

autismo

Quais as limitações?

Como vimos, quanto maior a pontuação, maior o risco de transtornos do espectro do autismo. No entanto, algumas limitações devem ser destacas.

Primeiramente, crianças muito novas podem ter resultados alterados por conta da idade. Algumas crianças podem não ter tido nenhuma manifestação clínica ainda. Em crianças de 18 meses, sugere-se uma nova avaliação em 24 meses, visto que uma primeira triagem negativa não necessariamente exclui o risco. Alguns estudos sugerem o uso do Q-CHAT, no qual a avaliação é qualitativa, e não apenas dicotômica, especialmente em pacientes próximos de 18 meses de idade.

Além disso, por ser um questionário respondido pelos pais, pode ter uma avaliação subjetiva. O questionário não dispensa a avaliação e entrevista médica.

Escala M-CHAT para triagem do Transtorno do Espectro do Autismo

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Referências:

Robins DL, Fein D, Barton ML, Green JA. The Modified Checklist for Autism in Toddlers: an initial study investigating the early detection of autism and pervasive developmental disorders. J Autism Dev Disord. 2001 Apr;31(2):131-44. doi: 10.1023/a:1010738829569. PMID: 11450812.

Sturner R, Howard B, Bergmann P, Attar S, Stewart-Artz L, Bet K, Allison C, Baron-Cohen S. Autism screening at 18 months of age: a comparison of the Q-CHAT-10 and M-CHAT screeners. Mol Autism. 2022 Jan 3;13(1):2. doi: 10.1186/s13229-021-00480-4. PMID: 34980240; PMCID: PMC8722322.

 

 

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