Uso de metformina a longo prazo pode ter efeito neuroprotetor

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Uma metanálise recente apresentou bons indicativos do uso de metformina para ajudar a retardar o aparecimento de doenças neurodegenerativas, visto que a diabetes possui uma associação com o risco de desenvolvimento de tais doenças, e a metformina é a droga mais comumente prescrita para tratamento.

 

DOENÇAS NEURODEGENERATIVAS

Doenças neurodegenerativas” é um termo genérico que engloba uma série de doenças que afetam a unidade base do sistema nervoso, os neurônios. São doenças incuráveis e debilitantes, que causam uma degeneração progressiva ou morte desses neurônios, podendo causar disfunções de movimento (ataxias) ou declínio de função mental (demências), por exemplo.

Dois conhecidos exemplos são a doença de Parkinson e o Alzheimer.

O Parkinson é uma doença degenerativa progressiva em que há perda dos neurônios da substância negra encefálica, causando queda de dopamina na área e levando a sintomas principalmente motores e eventualmente cognitivos e psiquiátricos. Acomete em média pessoas acima dos 55 anos, e tem aumento de sua prevalência com o avançar da idade. A apresentação principal da doença são os tremores em repouso, a bradicinesia (lentidão nos movimentos), rigidez em “roda dentada” e instabilidade postural.

Já a Doença de Alzheimer é uma doença de evolução lenta e progressiva que cursa com demência, sendo a maior causa desta em idosos (aprox. 60%). É uma demência cortical, com queda de acetilcolina global, associado ao depósito de placas senis amiloides. Acomete mais pessoas acima de 65 anos, aumentando sua incidência com o progredir da idade.

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Metformina – usos e mecanismo de ação

metfomina (Glifage®) é um antidiabético oral do grupo das biguanidas – indicado para diabetes tipo 1 ou 2, pré-diabetes e síndrome de ovário policístico. Seu mecanismo de ação consiste em ativar a enzima AMPK e reduzir a produção hepática de glicose.

Os seus efeitos incluem um aumento da utilização da glicose, oxidação e glicogênese pelos músculos, aumento do metabolismo da glicose a lactato em nível intestinal, reduzindo a gliconeogênese hepática e, possivelmente, a taxa de absorção intestinal de glicose.

Ainda, pode haver perda de peso, já que diminui a hiperglicemia pós-prandial por aumento da captura de glicose pelo músculo esquelético e adipócitos, e isto possivelmente diminui o apetite. Incrementa a captura da glicose em pacientes obesos e diminui levemente ou não modifica em pacientes não obesos.

Para saber mais sobre o medicamento, acesse a bula completa no nosso app WeMEDS®.

A associação entre o uso de metformina e o aparecimento de doenças neurodegenerativas permanece controversa na literatura. Nesse sentido, uma metanálise recente, publicada na revista Diabetic Medicine, teve como objetivo preencher algumas destas lacunas.

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Uso de metformina a longo prazo apresenta redução de risco

Em fevereiro desse ano, um grupo de pesquisadores buscou determinar a relação entre o uso de metformina e o risco de doenças neurodegenerativas.

Na metanálise, foram incluídos doze estudos que atenderam aos parâmetros de qualidade estabelecidos pelos autores, sendo 8 deles retrospectivos. No total, quase 200 mil participantes foram incluídos, usuários ou não de metformina.

Como resultado, os pesquisadores observaram o uso de metformina associado a um menor risco de doenças neurodegenerativas.

Em primeira análise, foi observado que o risco relativo associado às doenças neurodegenerativas foi de 0,77 (IC95% 0,67-0,88) para pacientes que haviam usado metformina, em relação aos que não haviam utilizado. No entanto, a heterogeneidade entre os estudos foi alta (78,8%).

O resultado foi mais benéfico em usuários de metformina de longo prazo, com um risco relativo de 0,29 (IC95% 0,13-0,44) em pacientes com uso da medicação por 4 anos ou mais. Não houve diferença significativa entre a natureza da doença neurodegenerativa estudada em cada pesquisa.

Como todo trabalho, é necessário cautela, pois há diversas limitações a serem avaliadas. Além de reduzir a heterogeneidade entre os estudos, um período de observação maior é necessário para avaliar, de forma confiável, os resultados encontrados.

Apesar das limitações do trabalho, identificar um papel neuroprotetor do uso de metformina é, de fato, entusiasmante, visto o potencial neurodegenerativo do diabetes.

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Referências:

Zhang Y et al. Metformin and the risk of neurodegenerative diseases in patients with diabetes: A meta-analysis of population-based cohort studies. Diabetic Medicine. 2022. https://doi.org/10.1111/dme.14821

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