COVID-19 e o aumento das alterações oftálmicas em crianças

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Com o cenário de pandemia COVID-19, tivemos que nos adaptar de diversas maneiras. Com o fechamento das escolas, o ensino à distância teve destaque em 2021/2021, e muitos alunos passaram mais tempo do que nunca olhando para as telas de perto.

Em uma pesquisa recente, 70% das mães e pais relataram que seus filhos passam pelo menos quatro horas por dia em dispositivos eletrônicos. Muitas crianças usam dispositivos ininterruptamente: quando não estão em aula, estão brincando/jogando. Isso, combinado aos exames de visão atrasados durante a pandemia, criou uma série de problemas para a visão das crianças.

Um estudo apresentado pela Academia Americana de Oftalmologia apresentou alguns dados de como o isolamento e as aulas online têm afetado a visão das crianças.

Miopia

A miopia é o distúrbio refrativo visual mais comum. Em geral, desenvolve-se próximo aos 10 anos de idade e progride até os 20-25 anos.

Uma pessoa míope consegue ver objetos de perto com nitidez, mas objetos distantes ficam mais desfocados. Com o aumento do tempo de exposição a telas e trabalhos visuais “de perto” (como ler ou escrever), alguns estudos sugerem um possível aumento de novos casos de miopia em crianças. Além do mais, algumas crianças que já eram míopes parecem ter piora da visão em um ritmo mais rápido do que o esperado.

Uma das razões para a piora do quadro pode ser a redução do uso de óculos e lentes corretivas durante a pandemia COVID-19 – ao perder (ou quebrar), não há a substituição. Além da redução dos atendimentos presenciais para os ajustes, alguns pacientes relataram que as compras online nem sempre dão certo, e óculos encomendados simplesmente não se encaixavam bem.

Os sintomas de miopia incluem apertar ou esfregar os olhos com frequência e reclamar de visão embaçada. É importante prevenir ou evitar que a miopia progrida, porque a condição pode levar a distúrbios oculares mais sérios no futuro, como catarata e glaucoma. Ainda, é importante prestar atenção aos sinais porque as crianças muitas vezes se adaptam às mudanças de visão e podem não reclamar.

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Fadiga ocular

Quando utilizamos dispositivos digitais por um longo período, tendemos a diminuir o piscar, evitando/reduzindo a lubrificação ocular. Dessa forma, experenciamos dor e ardência nos olhos, visão embaçada, sensação de queimação e vermelhidão.

Com as crianças não é diferente! Com o aumento de exposição aos dispositivos eletrônicos, foi observado um aumento do número de casos de Síndrome da Disfunção Lacrimal durante a pandemia. Como resultado, podem aparecer dores de cabeça na região frontal ou periorbital, geralmente no fim do dia, causadas por fadiga ocular.

A fadiga ocular e o tempo prolongado de exposição as telas também pode resultar em outro problema: redução do controle e acomodamento visual, aumentando o número de crianças com estrabismo ou olhos desalinhados.

Ambliopia

A ambliopia é diminuição da visão em um ou ambos os olhos. Embora possa não haver uma disfunção óbvia nos olhos, os sinais cérebro/visão não são adequadamente estimulados.

O tratamento se baseia em estimular o olho amblíope (o “olho preguiçoso”), em geral com oclusão sobre o olho dominante. Esse tratamento costuma ser desconfortável para a criança, o que necessita de um esforço e persistência da família, além de consultas regulares ao oftalmologista. Durante a pandemia, o uso dos oclusores reduziu consideravelmente, e muitas das crianças perderam o progresso que tinham feito antes do COVID-19.

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Vendo uma luz no fim do túnel

A primeira infância é o período mais crítico para o desenvolvimento da visão de uma criança. Alterações visuais podem impedir que o sistema visual se desenvolva adequadamente, levando a problemas permanentes na vida adulta.

Embora o cenário atual já se encaminhe para o retorno das aulas presenciais, algumas recomendações são sugeridas para minimizar os riscos durante o uso de dispositivos eletrônicos:

  1. Usar telas maiores e posicioná-las mais longe dos olhos das crianças é uma importante recomendação. Um monitor colocado à distância é melhor do que um telefone ou tablet colocado perto do rosto. Ainda, evitar o uso de dispositivos digitais quando estiver deitado ou reclinado, o que pode aproximar muito as telas dos olhos das crianças.
  2. Pausas também são recomendadas, para focar os olhos em outros objetos mais distantes. Olhar pela janela pode ajudar!
  3. Sempre que possível, incentivar as crianças a realizar atividades ao ar livre. Os exercícios proporcionam uma pausa dos dispositivos digitais. Além disso, há um crescente número de pesquisas relacionando o tempo passado ao ar livre e a redução do risco de miopia.
  4. Lembrar as crianças de piscar frequentemente. Colocar um post it nas telas digitais ou alarmes pode ser útil.
  5. Ajustar o brilho da tela. Há diversos modos de contraste e luz para melhorar a acomodação visual, especialmente a noite. Ainda, limitar a luz azul à noite, o que pode dificultar o adormecimento das crianças.
  6. Manter as visitas regulares ao oftalmologista.

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Referências:

New research shows virtual school can harm children’s vision. MedicalXpress. 2021.

American Academy of Ophthalmology. How the COVID-19 Lockdown Changed Children’s Eyes. 2021.

 

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