Tríade de Charcot e o diagnóstico da Colangite Aguda

A Colangite Aguda é uma infecção bacteriana das vias biliares, usualmente decorrente de uma obstrução biliar. É caracterizada tipicamente pela Tríade de Charcot: Febre + Icterícia + Dor Abdominal.

Entenda mais sobre a doença.

O diagnóstico precoce e a abordagem rápida são essenciais para melhores desfechos

A colangite aguda é uma condição incomum, e se associa geralmente como uma complicação de doenças que levem à obstrução do trato biliar. Embora cálculos biliares sejam mais comuns em mulheres, a incidência de colangite é equivalente em ambos os sexos.

A taxa de mortalidade geral é de 5-10%, e o prognóstico das formas leves é muito bom. Algumas condições pioram prognóstico, como leucocitose > 20.000 células, bilirrubina > 10 mg/dL, hipotensão, creatinina > 2 mg /dL ou plaquetopenia.

Por ser uma condição com riscos reais de evoluir para choque séptico e óbito, a abordagem deve ser rápida e eficaz. O entendimento da doença, sinais e sintomas clínicos e opções de tratamento são essenciais para o melhor prognóstico.

 

A Tríade de Charcot é um achado específico da doença

Tipicamente, os pacientes com colangite aguda apresentam a tríade: febre (90%), icterícia (80%) e dor no hipocôndrio direito (60%).

Na presença Tríade de Charcot e de hipotensão e depressão do Sistema Nervoso Central (tipicamente quadro de choque), estamos diante da “Pêntade de Reynolds”, o que denota uma Colangite Grave (Tóxica ou Supurativa).

Tríade de Charcot e o diagnóstico da Colangite Aguda

Deve-se suspeitar dessa doença em todos os pacientes com quadro, história e exame físico compatível. Isso associado a uma hiperbilirrubinemia (predomínio de direta), aumento de enzimas canaliculares (gama-GT e fosfatase alcalina) e leucocitose. Importante ressaltar que a hemocultura sempre deve ser colhida.

Uma vez diagnosticada a condição, deve-se pesquisar a anormalidade do trato biliar subjacente, uma vez que guiará o tratamento sequencialmente. O exame de imagem inicial, por ser o mais rápido, mais barato, com boa visualização das vias biliares é o ultrassom abdominal.

A colangioressonância deverá ser feita somente após a estabilização da infecção, uma vez que por injetar contraste na árvore biliar pode piorar o quadro. Pode ser feita transhepática ou por CPRE (colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica).

 

Como se desenvolve a Colangite Aguda?

Cerca de 60% dos casos de colangite aguda são por coledocolitíase. Outras causas comuns incluem tumores das vias biliares, estenoses das vias biliares, obstrução das vias biliares por outras causas como parasitas ou procedimentos nas vias biliares, como colangiografia e CPRE.

De forma bastante simplificada, são necessários dois pontos básicos para o desenvolvimento da doença: (1) bactérias nas vias biliares e (2) algum grau de obstrução das vias biliares.

Bactérias são comumente achadas no intestino, e podem eventualmente chegar até os ductos biliares através da papila duodenal. No entanto, em condições normais, com a eliminação da bile, há uma tendência que esses ductos sejam “lavados”, com a eliminação da bactéria.

Na colangite aguda, em decorrência de algum grau de obstrução, as bactérias ascendem e colonizam a via biliar (sendo as mais comuns: E.coli ; Klebsiella sp; Enterococcus sp.). Essas bactérias podem migrar através do bloqueio e continuar ascendendo, infectando a bile parada, assim como os tecidos ao redor.

Uma vez que o trato biliar está sob alta pressão, a ligação entre as células se torna distendida, permitindo que as bactérias e bile cheguem à circulação sanguínea – culminando com icterícia + bacteremia.

colangite aguda

Para relembrar: colangite, colelitíase e colecistite

Colelitíase: presença de cálculo na vesícula biliar (a “pedra na vesícula”). Acomete cerca de 10-20% dos adultos. A grande maioria dos pacientes é assintomática! Apenas cerca de 1-3% dos pacientes com cálculos biliares podem se tornar sintomáticos (“cólica biliar”).

Colecistite: processo inflamatório na vesícula biliar, sendo na grande maioria das vezes decorrente da obstrução do ducto cístico por um cálculo (95% dos casos associados a colelitíase). Difere da Cólica Biliar, uma vez que, por definição, na colecistite aguda, o cálculo mantém a obstrução por mais de 6 horas e leva à inflamação/infecção da vesícula biliar.

Colangite: além de algum grau de obstrução das vias biliares, está associada a infecção por bactérias. Cerca de 60% dos casos de colangite aguda são por coledocolitíase.

 

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