Reinfecção por SARS-CoV-2 pode oferecer riscos à saúde

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Uma nova pesquisa apresentou efeitos associados a reinfecção por SARS-CoV-2, incluindo riscos adicionais de mortalidade por todas as causas, hospitalização e resultados adversos à saúde pulmonar e extrapulmonar.

 

Mais de meio bilhão de pessoas já tiveram COVID-19

As estimativas atuais sugerem que mais de meio bilhão de pessoas em todo o mundo já foram infectadas com SARS-CoV-2, pelo menos uma vez. Para o grande e crescente número de pessoas que encontraram uma primeira infecção, a questão de saber se uma segunda infecção acarreta risco adicional é importante.

De fato, a primeira infecção por coronavírus está associada ao aumento do risco de morte aguda e pós-aguda, além de sequelas nos sistemas pulmonar e extrapulmonar. Porém, ainda não está claro se a reinfecção aumenta os riscos associados.

Nesse sentido, um grupo de pesquisadores realizou um estudo de coorte para estimar diferentes riscos associados a COVID-19, como mortalidade por todas as causas, hospitalização e um conjunto de desfechos de incidentes pré-especificados.

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A reinfecção por SARS-CoV-2 pode oferecer riscos

Os autores avaliaram 257.427 indivíduos com apenas uma infecção relatada por coronavírus, quase 40 mil que já foram reinfectados (duas ou mais infecções), e um grupo controle sem evidências de infecção por SARS-CoV-2 (nesse caso, 5.396.855 de pessoas).

Em comparação aqueles com a uma infecção, a reincidência contribui com riscos adicionais de mortalidade por todas as causas, hospitalização e resultados adversos à saúde nos sistemas pulmonar e de vários órgãos extrapulmonares – distúrbios cardiovasculares, de coagulação e hematológicos, gastrointestinais, distúrbios, de saúde mental, musculoesqueléticos, neurológicos, diabetes e fadiga.

Os riscos foram vistos em todos os subgrupos, mas (como o esperado) foram mais evidentes naqueles que não foram vacinados. Os riscos foram mais pronunciados na fase aguda, mas persistiram na fase pós-aguda da reinfecção, e a maioria ainda era evidente 6 meses após a reinfecção.

Em comparação com controles não infectados, a avaliação dos riscos cumulativos de infecção repetida mostrou que o risco aumentara de forma gradual de acordo com o número de infecções.

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A presença de anticorpos não deveria ter efeito protetor?

Os mecanismos subjacentes ao aumento dos riscos de morte e resultados adversos à saúde na reinfecção não são completamente claros.

Era de se esperar que a exposição prévia ao vírus (e a imunização) reduzisse hipoteticamente o risco de reinfecção e sua gravidade – pela produção de anticorpos. No entanto, o SARS-CoV-2 está apresentando novas variantes rapidamente, substituindo as mais antigas a cada poucos meses. Evidências sugerem que o risco de reinfecção é especialmente maior com a variante Ômicron, que demonstrou ter uma capacidade marcante de evadir a imunidade de uma infecção anterior.

Além disso, os autores comentam que as consequências e sequelas resultantes primeira infecção poderiam aumentar o risco de reações adversas à saúde após a reinfecção. Nesse sentido, a imunidade natural por infecção prévia e a induzida por vacinas não anulam os efeitos posteriores.

Mas é claro que o estudo tem limitações!

As coortes de pessoas com 1, 2, 3 ou mais infecções incluíram aqueles que tiveram um teste positivo para SARS-CoV-2, e não incluíram aqueles que podem ter tido uma infecção com SARS-CoV-2, mas não foram testados. Isso pode alterar os resultados ao classificar de forma incorreta os grupos.

Ainda, o estudo avaliou um número amostral grande, mas de uma população específica: veteranos (os dados foram obtidos do Departamento de Assuntos de Veteranos dos Estados Unidos). Em geral, são homens mais velhos, com possibilidade de doenças crônicas associadas. Os dados não são necessariamente extrapoláveis a toda população.

Além disso, o estudo foi submetido à revista Nature Portfolio, mas ainda está em fase preprint. Ou seja, está nos ajustes finais de revisão, e os dados ainda podem ser revisados.

No entanto, o estudo é válido e evidencia a importância de estratégias para prevenção de reinfecção. Dada a probabilidade de que a COVID-19 continue sendo uma ameaça por anos, é necessário desenvolver medidas de saúde pública que sejam adotadas pela população e possam ser implementadas de forma sustentável a longo prazo.

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Referências:

Ziyad Al-Aly, Benjamin Bowe, Yan Xie. Outcomes of SARS-CoV-2 Reinfection. June 2022. PREPRINT under review at Nature Portfolio (version 1) available at Research Square. https://doi.org/10.21203/rs.3.rs-1749502/v1

Damian McNamara. Reinfecção pelo SARS-CoV-2 ‘não é benigna’. Agosto 2022. Medscape. https://portugues.medscape.com/verartigo/6508343#vp_1

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