Pseudociência no tratamento oncológico – nem toda ajuda é bem-vinda

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Riscos da Pseudociência no tratamento do câncer

O diagnóstico da doença oncológica é sempre acompanhado de grande carga emocional e vulnerabilidade. O medo e a negação, muitas vezes, são sentimentos que acompanham o paciente com câncer em todo seu tratamento, fazendo dele um frequente alvo da “pseudociência”.

Existe grande empenho e dedicação de cientistas e médicos em todo o mundo para descobrir novos tratamentos oncológicos e melhorar os já existentes, na intenção não só de cura, mas de promover qualidade de vida para o paciente durante o tratamento. Já existem diversas terapias avançadas que permitem que o paciente viva com qualidade de vida apesar do tratamento, com poucos efeitos colaterais ou, ao menos, efeitos toleráveis.

No entanto, alguns tipos específicos de tumores ainda requerem tratamentos mais agressivos, com efeitos colaterais indesejáveis, que exigem fisicamente do paciente bem como abusam da sua resiliência emocional.

Nesse contexto, entra o perigo da “pseudociência” que oferece curas milagrosas e imediatas, alegando não ter qualquer efeito colateral, muitas vezes baseado em experiências individuais e boatos, sem qualquer comprovação científica ou estudos comprovando sua não maleficência.

Cabe ressaltar que é necessário se colocar, ao menos por um minuto, no lugar do paciente oncológico, para que não julguemos a vítima e sim quem se aproveita (ou ao menos não se dá conta) da grande vulnerabilidade desse indivíduo. A falsa promessa da cura é tentadora para alguém que, muitas vezes, se encontra com medo da morte ou em intenso sofrimento com os efeitos colaterais do tratamento.

É por essas e outras que o curandeirismo é considerado crime no Brasil, não somente para aqueles que lucram com esses tratamentos não comprovados, mas também àqueles que acreditam veemente na veracidade do tratamento, mas acabam por piorar a situação do enfermo ou estimular o abandono do tratamento convencional.

A “pílula do câncer” foi um grande exemplo disso. A divulgação midiática e a comoção emocional frente ao desenvolvimento dessa substância fizeram com que etapas éticas, legais e científicas fossem puladas com a justificativa de divulgar e distribuir para o benefício da população. No entanto, instituições oncológicas renomadas fizeram estudos com essa substância sem qualquer comprovação da sua eficiência para ser recomendado para tratamento oncológico nas doses sugeridas.

Pseudociência no tratamento oncológico

Não é novidade que o benefício de uma terapia não pode ser baseado em relatos individuais, pois sempre estão sujeitas a diversos vieses, como efeito placebo e o viés de confusão, entre várias outras interferências. Existe uma crença de que é a burocracia que impede que essa substância seja disponibilizada para a população, mas, na realidade, são justamente essas etapas éticas e legais extremamente rígidas que impedem que medicamentos sem benefício comprovado e com nocividade desconhecida cheguem à população.

Na longa jornada do tratamento oncológico, a fé, a espiritualidade, as orações e as boas energias são sempre bem-vindas e só têm a acrescentar. Porém, beira à crueldade questionar e desmoralizar os longos e, muitas vezes, severos tratamentos oncológicos, ao ofertar alternativas milagrosas sem benefício clínico e com promessa de cura imediata.

Além disso, envolve pacientes que se encontram em extrema vulnerabilidade e dispostos a tentar de tudo, sendo um ato de irresponsabilidade e falta de empatia utilizar como fundamento experiências individuais e histórias de curas milagrosas, já que aqueles que não se beneficiaram ou aqueles que se prejudicaram, muitas vezes não podem mais dar seus relatos.

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