NIHSS: escala de identificação e estratificação da gravidade do AVC

 

Aproximadamente 10% de todas as internações no Brasil são por AVC

O acidente vascular cerebral isquêmico (AVC) é definido como uma alteração neurológica decorrente da falta de suprimento sanguíneo para o tecido encefálico (cérebro, cerebelo, tronco encefálico), levando a isquemia e infarto. Corresponde a cerca de 10% de todas as mortes e 10% de todas as internações no Brasil.

Os sinais/sintomas neurológicos devem estar associados à infarto encefálico. Caso não tenha infarto, estamos diante de um AIT (Acidente Isquêmico Transitório). O AVC isquêmico corresponde a 85% dos AVCs, ao passo que o hemorrágico corresponde a 15% dos casos.

O diagnóstico deve ser pautado em uma história clínica + exame neurológico completo, avaliando: força, sensibilidade, reflexos, movimentos oculares, fala, cognição etc. Um esquema mnemônico rápido é o FAST:

F: Face – avaliar alteração na face (Pedir para sorrir)

A: Arms (Braços) – pedir para o paciente elevar ambos os braços e avaliar diferença na altura

S: Speak (Falar) – avaliar verificação na fala

T: Time (Tempo)- Horário do início dos sintomas – agir rápido

A partir de uma suspeita diagnóstica (a saber principalmente: déficit neurológico de início súbito por mais de 15 minutos), deve-se solicitar uma Tomografia Computadorizada (TC) de Crânio.

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E a escala NIHSS?

A escala ou escore de NIHSS é um instrumento usado por neurologistas para quantificar o déficit neurológico relacionado com o AVC.

A escala possui 11 itens, com pontuações que variam em cada um. A pontuação total é de 0 a 42, sendo que quando maior a pontuação pior o déficit. Menos que 5 pontos refle um comprometimento leve, e mais que 25, comprometimento expressivo.

O NIHSS acaba ainda sendo uma ferramenta importante para iniciar o rtPA (alteplase), tendo os melhores resultados entre 4-22. Além disso, acaba avaliando a eficácia do trombolítico, sendo positivo quando existe redução de 8 pontos na escala.

Veja como utilizar:

Escore NIHSS – Escala de derrame do NIH

O escore NIHSS (ou escala de derrame do NIH, National Institute of Health Stroke Scale) é um índice desenvolvido para a identificação e estratificação da gravidade do acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico em casos agudos.

O principal objetivo desse escore é avaliar a gravidade de um AVC. Logo, deve ser usado no cenário agudo de AVC isquêmico, e pode auxiliar os médicos a determinar a gravidade do evento e prever resultados clínicos.

Critérios, pontuações e interpretações do Escore NIHSS

O escore NIHSS é composto por 15 critérios clínicos. Veja cada um deles bem como a pontuação atribuída para cada critério encontrado durante a avaliação de um paciente:

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Após a atribuição da pontuação individual para cada um dos critérios, é realizado o somatório total. A interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado. O risco estimado pode ser avaliado em uma estratificação de 3 categorias:

  1. Pontuação total de 0-3: Provavelmente terão bons resultados clínicos no seguimento.
  2. Pontuação total de 4-21: Avaliar quanto à possibilidade de terapia fibrinolítica.
  3. Pontuação total > 22: Avaliar caso a caso quanto à possibilidade de terapia fibrinolítica (principalmente em pacientes com mais de 80 anos) – maior risco de sangramento.

É importante ressaltar que quanto maior a pontuação, maior a gravidade do AVC. De forma geral, pontuação < 5 = déficit leve, pontuação entre 5-17 = déficit moderado e pontuação acima de 22 = déficit grave.

Por último, mas não menos importante, a aplicação da escala consegue avaliar a eficácia do trombolítico quando usado quando existe a redução de 8 pontos ou mais na escala.

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Atenção! Limitações e armadilhas

Há uma grande dificuldade em aplicar o escore NIHSS em pacientes intubados, com déficits neurológicos prévios ou com alterações agudas do nível de consciência. Existe uma versão mais simples e modificada do NIHSS, que possui maior confiabilidade. Porém, não foi tão amplamente adotada quanto o NIHSS original.

Ainda, é importante lembrar que a síndrome de AVC de circulação posterior de grande território pode ter um NIHSS baixo ou normal.

Quais os próximos passos?

A conduta deve seguir os seguintes critérios:

  1. Avaliar se o paciente é um potencial candidato a receber trombólise intravenosa (tPA) – geralmente tendo NIHSS entre 4-21.
  2. Considerar exames de imagens para auxiliar na classificação, como TC, angiografia por TC e RM.
  3. A aplicação da escala consegue avaliar a eficácia do trombolítico quando usado quando existe a redução de 8 pontos ou mais na escala.

Quando avaliados nas primeiras 48 horas após um AVC, os resultados do escore mostraram se correlacionar com os resultados clínicos de 3 meses e 1 ano. Pontuações crescentes indicam um acidente vascular cerebral mais grave e tem se correlacionado com o tamanho do infarto na avaliação por TC e RM. Logo, recomenda-se que todos os pacientes com AVC consultem um neurologista imediatamente.

E lembre-se: nunca atrase os esforços de ressuscitação para realizar a avaliação de testes diagnósticos, principalmente nos casos em que o paciente se apresenta instável.

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O escore NIHSS foi desenvolvido a partir de um estudo com 11 pacientes que foram gravados em vídeo, por duas câmeras, enquanto eram submetidos às perguntas / critérios do escore. Os investigadores avaliaram cada item. Foi feito um sistema de pontuação e calculadas as concordâncias entre os participantes do estudo.

Como resultado, foram treinados e certificados 162 investigadores e foi encontrada uma concordância entre moderada e excelente na maioria dos elementos da escala.

O trabalho foi desenvolvido pelo médico Patrick D. Lyden. Dr. Patrick foi professor e vice-presidente de neurologia clínica na UCSD, além de atuar como chefe clínico de neurologia e diretor do Stroke Center no Centro Médico USCSD. Ele publicou mais de 200 artigos e resumos em periódicos e editou um livro sobre intervenção no AVC. Atualmente é presidente do Departamento de Neurologia e Diretor do programa de AVC no Cedars-Sinai.

Para saber mais sobre este e outros escores acesse o nosso app WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.                

Referências:

Lyden P, Brott T, Tilley B, Welch KM, Mascha EJ, Levine S, Haley EC, Grotta J, Marler J. Improved reliability of the NIH Stroke Scale using video training. NINDS TPA Stroke Study Group. Stroke. 1994 Nov;25(11):2220-6. doi: 10.1161/01.str.25.11.2220. PMID: 7974549.

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Appelros P, Terént A. Characteristics of the National Institute of Health Stroke Scale: results from a population-based stroke cohort at baseline and after one year. Cerebrovasc Dis. 2004;17(1):21-7. doi: 10.1159/000073894. Epub 2003 Oct 3. PMID: 14530634.

Herpich F, Rincon F. Management of Acute Ischemic Stroke. Crit Care Med. 2020 Nov;48(11):1654-1663. doi: 10.1097/CCM.0000000000004597. PMID: 32947473; PMCID: PMC7540624.

Jacob MA, Ekker MS, Allach Y, et al. Global Differences in Risk Factors, Etiology, and Outcome of Ischemic Stroke in Young Adults-A Worldwide Meta-analysis: The GOAL Initiative. Neurology. 2022 Feb 8;98(6):e573-e588. doi: 10.1212/WNL.0000000000013195.

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