Fratura de quadril: vegetarianas podem ter risco aumentado em até 33%

vegetarian

Um estudo publicado no início do mês na BMC Medicine trouxe dados relevantes para indivíduos adeptos de dietas vegetarianas. Segundo o estudo, o risco de fratura de quadril em mulheres vegetarianas é maior em comparação àquelas que consomem alimentos a base de carne.

Fraturas de quadril são mais comum em mulheres mais velhas

As fraturas de quadril são mais comuns em mulheres idosas. Nesse sentido, estão se tornando cada vez mais prevalentes devido ao crescente envelhecimento da população.

A qualidade de vida dos pacientes diminui após a fratura do quadril, enquanto o risco de mortalidade aumenta. Os custos sociais e econômicos das fraturas de quadril também são substanciais – segundo dados internacionais, o custo médio 12 meses após a primeira fratura de quadril é de USD 44.000 por paciente.

Agora, outra preocupação tem sido destaque.

Alguns estudos já ficam na saúde óssea de indivíduos com dietas sem carne. Embora o padrão de dieta vegetariana varie, em geral incluem grande quantidade de frutas e vegetais, e alimentos ricos em proteína vegetal.

Porém, alguns estudos epidemiológicos mostram que tais dietas possam incluir uma menor ingestão dietética de nutrientes que foram positivamente associados à densidade mineral óssea – principalmente se não orientadas por um profissional de saúde nutricional. Mas as associações entre esses grupos e o risco de fratura de quadril ainda não haviam sido bem esclarecidos.

fratura de quadril idosa

Diferentes padrões de dieta, diferentes riscos de fratura

Um grupo de pesquisadores buscou investigar o risco de fratura de quadril em mulheres com diferentes padrões de dietas: ingestão de carne, ingestão apenas de peixe (pescetarianismo) e vegetarianismo. Ainda, buscaram determinar se as associações potenciais entre cada grupo de dieta são modificadas pela massa corporal índice (IMC).

Para o estudo, foram incluídas mais de 25 mil mulheres (com idade entre 35-69 anos) do Reino Unido, de uma grande coorte de estudos (United Kingdom Women’s Cohort Study). Estas mulheres foram classificadas em quatro grupos:

Grupo 1: ingestão de carnes regular – pelo menos 5 porções por semana;

Grupo 2: ingestão de carnes ocasional – menos de 5 porções por semana;

Grupo 3: ingestão de peixe como a única proteína de origem animal;

Grupo 4: vegetarianos.

vegetarianas

Os dados de fraturas de quadril incidentes foram identificadas por meio de ligação com as estatísticas de episódios hospitalares registradas até março de 2019, em um médio de acompanhamento de 22,3 anos.

Alguns dados já conhecidos foram confirmados. O IMC geral foi menor em mulheres que não consemem carne, assim como a prevalência de doenças cardiovasculares, câncer ou diabetes. Os hábitos de exercício e tabagismo foram semelhantes entre os grupos, mas uma proporção maior de vegetarianas relatou nunca beber álcool.

De todo o grupo de mulheres, foram observados 822 casos de fratura de quadril – cerca de 3% da coorte. Após ajuste para fatores de confusão, vegetarianas tiveram um risco levemente maior de fratura do que carnívoras regulares (HR de 1,33 e intervalo de confiança de 1,06-1,77).

Os pesquisadores sugerem que o IMC reduzido possa ter uma influência nos achados, embora não tenha sido confirmada uma associação direta, robusta e dependente entre os três fatores (IMC / fratura de quadril / padrão dietético). A proporção massa magra / massa gorda inadequada pode reduzir o amortecimento da força de impacto no quadril durante quedas, responsáveis ​​por 90% das fraturas do quadril.

Outra justificativa pode ser a alteração de proteínas, cálcio, vitamina D e vitamina B12 em vegetarianos, como já mencionamos no início desse artigo positivamente associados à densidade mineral óssea.

Embora os resultados tenham sido significativos, o grupo reforça que avaliou apenas um grupo populacional. Ainda, grande parte das participantes do estudo eram mais novas, limitando o número de fraturas observadas. Nesse sentido, mais pesquisas são necessárias para confirmar os achados, principalmente em homens e populações não europeias.

vegetarianas

A busca por alimentos plant-based vem crescendo

Estima-se que 5% da população dos EUA segue dietas com restrição de carne, e este número é crescente. No Brasil, 14% da população se declara vegetariana, e 55% dos brasileiros dizem que consumiriam mais produtos vegetarianos ou veganos se estivesse indicado nas embalagens.

Há diversos estudos que evidenciam riscos reduzidos para várias doenças, como diabetes, doença cardíaca isquêmica e câncer. E esse estudo confirmou tais achados.

Mas é sempre bom lembrar:

Um profissional de saúde nutricional pode direcionar um padrão dietético melhor, independente da ingestão de carne. Indivíduos que buscam alimentação vegetariana ou vegana podem se beneficiar muito do acompanhamento nutricional, reduzindo riscos.

Alguns dados de projeção estimam o crescimento da busca por alimentos de origem vegetal em cerca de 40% ao ano. Compreender o risco de fratura de quadril (e quaisquer outras alterações de saúde) em vegetarianos está se tornando cada vez mais importante para a saúde pública.

 

Nota: a Equipe WeMEDS® não tem como objetivo incentivar ou desencorajar qualquer padrão alimentar ou estilo de vida. Apenas apresentamos os dados buscando melhor compreendimento dos achados, para que o tratamento dos pacientes possa ser cada vez mais individualizado.

Referências:

Webster, J., Greenwood, D.C. & Cade, J.E. Risk of hip fracture in meat-eaters, pescatarians, and vegetarians: results from the UK Women’s Cohort Study. BMC Med 20, 275 (2022). https://doi.org/10.1186/s12916-022-02468-0

UNIVERSITY OF LEEDS. Vegetarian women are at a higher risk of hip fracture. NEWS RELEASE 10-AUG-2022. https://www.eurekalert.org/news-releases/961157

 

 

Google search engine

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui