No início de abril, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) liberou o uso do medicamento Eleta® (Bromidrato de Eletriptana) para o tratamento da enxaqueca. O registro foi solicitado pela Upjohn Brasil Importadora e Distribuidora de Medicamentos Ltda, e foram encaminhados treze estudos de fase II/III para dar base ao pedido de aprovação.
Enxaqueca
A enxaqueca é um transtorno neurológico crônico, na qual o paciente tem dores de cabeça recorrentes e de intensidade moderada a forte. Em geral, é associada a sintomas do sistema nervoso autônomo, como náuseas e vômitos, e os pacientes podem apresentar intolerância à luz, som e odor.
Mais da metade dos pacientes apresenta os pródromos de enxaqueca – ou seja, sabem quando vão ter a dor. Mal-estar, fadiga, bocejos excessivos, dor muscular, irritação e desejos por comidas açucaradas podem ocorrer em até 24 horas antes do início da crise.
Cerca de 20% dos casos incluem aura como sinal/sintoma neurológico associado, podendo ocorrer antes, durante ou depois da crise de enxaqueca. A aura pode aparecer como visão borrada ou escurecida, escotomas cintilantes (o paciente relata pontos brilhantes ou estruturas em zigue-zague), parestesias, hemiplegia, zumbidos, vertigem. Em geral, duram de 5 a 60 minutos.
A dor de cabeça durante a crise pode durar de 2 a 72 horas, quando não tratada. Após, alguns pacientes podem apresentar sensação de cansaço, exaustão, dificuldade de concentração e dor muscular – pósdromo.
Como tratamento, orienta-se ao paciente que perceba seus gatilhos e busque evitá-los. Para pacientes com mais de três crises no mês, o tratamento profilático é altamente recomendado. Durante a crise, alguns medicamentos podem ser necessários para cessar a dor, e alguns esquemas podem ser utilizados:
- Analgésicos + antieméticos;
- Triptanos + analgésicos + antieméticos;
- Ergotamínicos + analgésicos + antieméticos;
- Em casos refratários, opioides.
O bromidrato de eletriptana já tinha sido aprovação pela Food and Drug Administration desde 2002. Agora em abril, a ANVISA também aprovou seu uso para o tratamento das crises de enxaqueca.
Eleta® – bromidrato de eletriptana
A eletriptana é um medicamento da classe dos triptanos, já utilizados amplamente para o tratamento da enxaqueca. A droga atua ao inibir os receptores de serotonina 5-HT1B e 5-HT1D. Dessa forma, causa vasoconstrição em artérias cranianas e nervos sensoriais, reduzindo a inflamação neurogênica.
A eletriptana também atua em 5-HT1F. O significado funcional dos receptores 5-HT1F ainda permanece parcialmente desconhecido, mas a capacidade de inibir a transmissão de informações nociceptivas dentro do núcleo trigeminal já foi demonstrada.
Alguns estudos já mostraram uma resposta clínica favorável ao uso de eletriptana, principalmente para pacientes com fatores de risco cardiovascular sem doença arterial coronariana.
O medicamento foi registrado na forma de comprimidos revestidos 20 mg, 40 mg e 80 mg, e demonstra início de ação rápido – cerca de 30 minutos.
A dose inicial recomendada é de 40mg, para pacientes com enxaqueca com ou sem aura. O medicamento deve ser administrado assim que a crise se inicia, e não é recomendado um intervalo menor que 2 horas entre duas administrações. Além disso, não se recomenda exceder 80 mg ao dia.
Para a aprovação do medicamento, a ANVISA recebeu resultados de treze ensaios clínicos de fase II/III. Em todos, os resultados foram satisfatórios, com redução das taxas de dor em comparação ao placebo ou outro medicamento referência (como sumatriptana, por exemplo).
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Referências:
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Eleta (Bromidrato de eletriptana): novo registro. 04/04/2022.
Capi M, Curto M, Lionetto L, de Andrés F, Gentile G, Negro A, Martelletti P. Eletriptan in the management of acute migraine: an update on the evidence for efficacy, safety, and consistent response. Ther Adv Neurol Disord. 2016 Sep;9(5):414-23. doi: 10.1177/1756285616650619.
