Poliomielite: caso suspeito reforça importância das campanhas de vacinação

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A poliomielite, assim como rubéola, tétano e varíola, é uma doença que foi erradicada graças à vacinação, e desde 1989 não houve novos casos reportados no Brasil. Assim, o país recebeu a certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Entretanto, a baixa cobertura vacinal pode levar a reintrodução destas doenças no país.

A Secretaria Estadual de Saúde do Pará (Sespa) recentemente divulgou o caso sob investigação de um menino de três anos com sintomas de poliomielite. Após o agravamento dos sintomas, os pais decidiram levar a criança ao hospital, onde foi hospitalizado já com severa redução da capacidade motora dos membros inferiores. Uma amostra de fezes do menino testou positiva para o vírus da pólio.

Apesar das suspeitas, o episódio foi investigado e parece não ser uma confirmação de poliomielite. Porém, nos relembra a importância da vacinação.

Entenda o caso.

Caso do Pará: criança de 3 anos com paralisia após vacinação

O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Secretária de Saúde Pública do Pará (CIEVS/SESPA) reportou, no documento de Comunicação de Risco, o caso de uma criança de três anos com paralisia, que testou positivo para o poliovírus SABIN LIKE 3 nas fezes.

Antes de ser hospitalizado, a criança apresentou sintomas como febre, dores musculares, mialgia e paralisia flácida aguda, que evoluíram para um quadro grave de redução da capacidade motora das pernas, impossibilitando-o de ficar em pé.

De acordo com os responsáveis, os sintomas surgiram um dia após a administração das vacinas tríplice viral e oral da poliomelite. Isso poderia explicar o teste positivo do vírus na criança, já que a presença do poliovírus nas fezes de indivíduos recém vacinados é comum.

Entretanto, o paciente apresentava histórico vacinal incompleto para a poliomelite. O menino havia recebido as duas doses da vacina oral atenuada, sem terem sido administradas as doses necessárias da vacina inativada previamente.

Lembrando que a orientação é de que a vacina via injetável seja administrada antes da vacina oral (“gotinha”), para reduzir (ainda mais) os riscos de paralisia associada à vacina.

Não foram descartadas outras causas para a paralisia observada no paciente, como a hipótese diagnóstica de Síndrome de Guillain Barré. Portanto, o caso segue em investigação, seguindo o que é preconizado no Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde.

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Panorama atual de Vacinação da Poliomelite

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação deste ano encerrou no mês passado. Apesar dos esforços de conscientização, apenas cerca de 55% das crianças entre 1-5 anos foram imunizadas contra a poliomielite. O índice de imunização foi ainda menor que no ano passado, de 67%, muito inferior ao ideal, de 95%.

O esquema vacinal contra a pólio é feito em duas etapas: a primeira, utilizando a vacina inativada, é aplicada em três doses: aos 2, 4 e 6 meses de idade. A segunda, utilizando a vacina oral atenuada, é administrada em duas doses de reforço aos 15-18 meses e 4 anos de idade.

Como comentamos, esta ordem de vacinação é essencial para a imunização correta e com menor risco de efeitos colaterais. A vacina atenuada, administrada após a aplicação das três doses da vacina inativada, é composta pelos vírus da pólio tipos 1 e 3 atenuados.

Caso a imunização não siga a sequência correta, o risco de desenvolver sintomas de poliomelite pelo vírus da vacina oral é aumentado. Por isso, é essencial que ocorra a imunização prévia com o vírus inativado.

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Vacina inativada vs vacina oral

A Vacina Inativada da Poliomielite (VIP) é a injetável, formada por poliovírus inativado. Já a Vacina Oral para a Poliomielite (VOP) é a com vírus vivo atenuado – é a do “Zé Gotinha”. Ambas são muito eficazes!

A VIP dá origem a uma resposta humoral com produção de IgG, porém não dá origem a IgA secretora de mucosa (uma vez que não é dado via oral). Assim, se a população for vacinada apenas com essa, os não vacinados estarão sujeitos a se contaminarem com o vírus selvagem intestinal.

Por outro lado, a VOP leva a uma competição com o vírus selvagem, com os contactantes sendo contaminados pelo vírus vivo inativado – não cursando com doença.

No entanto, a VOP pode levar a mais efeitos colaterais, inclusive à poliomielite aguda associada à vacina oral, e não pode ser dada a imunodeprimidos.

A VIP é formada por três tipos de poliovírus inativados: tipo 1 (Mahoney), tipo 2 (MEF-1) e tipo 3 (Saukett).  A VOP também é trivalente, produzida a partir de três cepas de vírus atenuados, denominadas 1, 2 e 3.

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24 de outubro: Dia Mundial de Combate a Poliomielite!

A poliomielite (pólio) é uma doença viral contagiosa, que pode variar em gravidade, desde doença autolimitada até meningite.

A maioria das infecções é assintomática, e 5-10 a cada 100 pessoas terão sintomas semelhantes a gripe sazonal. Porém, a doença tem o potencial de causar danos graves aos neurônios motores, podendo ocasionar paralisia permanente em membros. Em sua forma mais grave, pode levar o paciente à óbito se a função respiratória for afetada.

Os cuidados de suporte são a base do tratamento, uma vez que não existem medicamentos antivirais aprovados para a poliomielite.

Em pacientes afetados pela poliomielite paralítica, a maioria não recupera a força total. Quanto mais grave for a doença aguda, maior será a probabilidade de déficits residuais.

 

Referências:

Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação termina nesta sexta-feira (30). Ministério da Saúde. 30/09/2022.

Poliomielite: O que se sabe sobre o caso em investigação no Pará. Por Giulia Vidale; Eduardo F. Filho. São Paulo. 07/10/2022.

Poliomielite está de volta no Brasil? Entenda caso sob investigação no Pará. Por Camila Mazzotto, VivaBem, São Paulo. 07/10/2022.

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