Síndrome de Patau: saiba mais sobre a trissomia do cromossomo 13

sindrome de patau

A Síndrome de Patau, ou trissomia do cromossomo 13, é uma das três síndromes de aneuploidia mais comuns em recém-nascidos. Tem prevalência de 1 a cada 10-20 mil nascidos vivos, e uma alta taxa de mortalidade no primeiro ano de vida (até 90%).

O entendimento da trissomia e os avanços científicos e médicos têm resultado em melhores intervenções que salvam e prolongam a vida dos pacientes, levando em maiores taxas de sobrevivência. No entanto, ainda não há tratamentos específicos, e apenas 10% dos pacientes passam do primeiro ano de vida.

Veja mais sobre a doença.

Trissomia do cromossomo 13 ou Síndrome de Patau

A trissomia 13, também conhecida como Síndrome de Patau, é uma das três síndromes de aneuploidia mais frequentes em recém-nascidos vivos. Sua incidência está associada a altas taxas de mortalidade, chegando a atingir 90% no primeiro ano de vida. Na maioria dos casos, há aborto espontâneo no primeiro trimestre de gestação.

A trissomia ocorre com maior frequência por não materna, e o risco aumenta conforme a idade da mãe.

São três etiologias possíveis:

  1. Trissomia livre. É a de maior frequência, que ocorre na presença de 3 cópias do cromossomo 13 em todas as células do paciente, por não disjunção meiótica. Esta forma está associada à idade materna avançada – pois quanto maior a idade, maior o risco de erro meiótico.
  2. Translocação robertsoniana. Ocorre quando há duas cópias normais do cromossomo 13, e uma cópia extra do braço longo deste cromossomo em outro cromossomo acrocêntrico (que pode ser o 14, o 15, o 21 ou o 22). Ou seja, um pedaço do cromossomo 13 está ligado em outro cromossomo. Isso resulta em uma trissomia 13 incompleta, e não é associada à idade da mãe.
  3. Mosaicismo. Ocorre quando algumas células do paciente possuem a trissomia, e outras não. Ocorre por um erro na disjunção mitótica, sem relação com a idade materna.

trissomia do cromossomo 13

Quais os sinais e sintomas?

A doença é caracterizada por anomalias congênitas múltiplas e graves. A tríade clássica identificada é: microftalmia + fenda labial + polidactilia pós-axial. No entanto, a apresentação clínica além destes sinais pode ser bem variável.

sindrome de patau

Ainda no útero, o bebê costuma não se mover muito. Pode haver alteração da quantidade de líquido amniótico – muito ou pouco. Na maioria dos casos, os recém-nascidos são pequenos, e com desenvolvimento cerebral incompleto. Mais da metade dos pacientes apresentam alterações craniofaciais, cardíacas e cutâneas, além das alterações do sistema nervoso central. Criptorquidia ou útero bicorno são comuns.

Das alterações craniofaciais mais observadas, estão as aurículas anormais, microftalmia (olhos anormalmente pequenos), alteração da íris, subdesenvolvimento da retina, além de lábio leporino e fenda palatina.

Alterações de pele e membros também são bem comuns. Hemangiomas capilares, prega simiesca, unhas estreitas hiperconvexas, polidactilia das mãos e às vezes pés, calcanhar proeminente. De forma menos comum, alguns pacientes apresentam polegar retroflexível, sindactilia ou fenda entre o primeiro e o segundo dedo.

As alterações cardíacas são observadas em aproximadamente 80% dos pacientes, e incluem comunicação interventricular, persistência do canal arterial, comunicação interatrial e dextroposição.

Algumas outras anormalidades são menos comuns, mas também podem ser observadas em pacientes com trissomia do cromossomo 13, como agenesia do corpo caloso, hipoplasia cerebral, hipertelorismo, fissuras palpebrais inclinadas para cima, palato estreito, micrognatia, onfalocele, rim policístico e hidronefrose.

trissomia 13

Como diagnosticar?

No pré-natal, na presença de achados sugestivos (neurológicos) na ultrassonografia, deve ser solicitada a análise genética. Na maioria dos casos, é realizado o cariótipo, mas também é possível identificar o cromossomo extra por técnicas de microarranjo e hibridização in situ (FISH).

Inicialmente, prefere-se a coleta não invasiva (testes de triagem pré-natais não invasivos – NIPT), coletando sangue da mãe a partir de 9 semanas de gestação. Na presença de positividade ou dúvida diagnóstica, sugere-se a realização de testes invasivos, com coleta de vilosidades coriônicas ou amniocentese. Também é possível realizar o diagnóstico apenas no pós-natal.

Lembrando que a trissomia 13 é geralmente um evento isolado, mas pode ter sido herdada. Logo, é importante também realizar o cariótipo dos pais.

trissomia do 13

Como tratar?

Até o momento, não há um tratamento específico para a trissomia do cromossomo 13. Como mencionamos, a doença possui alta taxa de mortalidade, e cerca de 10% das crianças passam do primeiro ano de vida.

Ao diagnóstico, é necessário um acompanhamento multidisciplinar. Deve-se prescrever medicamentos para redução de sintomas sempre que necessário, e proceder com cirurgias de correção de anormalidades físicas que possam ser reparadas.

Os pacientes apresentam complicações cardíacas, respiratórias, neurológicas, geniturinárias, abdominais, otorrinolaringológicas e ortopédicas, que podem afetar sua qualidade de vida. Estas devem ser manejadas, conforme o aparecimento e a gravidade dos sintomas.

 

Referências:

Kepple JW, Fishler KP, Peeples ES. Surveillance guidelines for children with trisomy 13. Am J Med Genet A. 2021 May;185(5):1631-1637. doi: 10.1002/ajmg.a.62133. Epub 2021 Mar 11. PMID: 33709620.

Pereira EM. Trisomy 13. Pediatr Rev. 2023 Jan 1;44(1):53-54. doi: 10.1542/pir.2022-005517. PMID: 36587017. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36587017/

Anne BS Giersch, PhD. Congenital cytogenetic abnormalities. UpToDate®. Apr 27, 2022.

Trisomy 13 (Patau Syndrome). Cleveland Clinic.  Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/24647-trisomy-13-patau-syndrome. Acessado em: 31 de julho de 2023.

 

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