Diutina rugosa (Candida rugosa): um patógeno oportunista emergente

paciente em hospital

A Diutina rugosa (anteriormente conhecida como Candida rugosa) é uma levedura que pode causar infecções invasivas, especialmente nosocomiais.

A condição é rara em indivíduos imunocompetentes, mas pode ocorrer em pacientes com comprometimento do sistema imunológico e naqueles que necessitam de cuidados intensivos.

Além disso, na América Latina a identificação dos isolados de Diutina rugosa é mais frequente, e há relatos de surtos em hospitais brasileiros em pacientes de alto risco.

Entenda mais sobre este patógeno, e como diagnosticar e tratar um paciente infectado.

Na América Latina, o patógeno corresponde a 3% dos isolados de Candida

A Diutina rugosa é um patógeno oportunista, capaz de causar infecções nosocomiais invasivas. Até 2015, era conhecida como Candida rugosa, e alguns trabalhos ainda usam os 2 nomes como sinônimos. Dessa forma, a infecção por esse fungo também pode ser considerada uma candidíase invasiva (candidemia).

Cerca de 0,4% dos isolados de Cândida incluem a C. rugosa. No entanto, na América Latina, corresponde a quase 3% dos isolados em candidemia, e há relatos em hospitais brasileiros em pacientes de alto risco. Isso porque na América Latina, apenas 35% das cepas são sensíveis ao Fluconazol. 

candida rugosa

Como ocorre a infecção?

Como citamos, a D. rugosa é um patógeno oportunista. O fungo é encontrado em diversos ambientes, bem como pode ser isolada da pele de indivíduos saudáveis.

A resposta contra o patógeno é mediada por macrófagos e neutrófilos, resultando na eliminação do fungo. Dessa forma, a candidemia é rara em indivíduos imunocompetentes.

No entanto, quando há falha destas defesas, o fungo se adere e coloniza a epiderme, aumentando sua taxa proliferativa. Isso pode ocorrer em pacientes com comprometimento do sistema imunológico e naqueles que necessitam de cuidados intensivos.

Em pacientes hospitalizados o fungo pode alcançar a corrente sanguínea (por um cateter intravascular, por exemplo) e proliferar. O fungo também forma biofilmes com alta eficiência, que auxiliam na sua adesão a superfícies.

diutina rugosa candida rugosa

Como diagnosticar?

O diagnóstico é clínico, e associado à confirmação laboratorial. É necessário realizar exame físico e anamnese completa, e avaliar sinais e sintomas de infecção sistêmica. Febre e calafrios que não melhoram após o tratamento podem ser indicativos.

Além disso, sempre considerar em pacientes imunocomprometidos, com neoplasias (principalmente hematológicas), com neutropenia grave e prolongada, em internação prolongada em UTI, em corticoterapia de altas doses e com condições pulmonares adjacentes.

Para avaliação laboratorial, o padrão ouro é o MALDI-TOF (Ionização e dessorção a laser assistida por matriz). O sequenciamento genético é uma alternativa.

Há também a possibilidade de realizar a cultura CHROMagar – técnica que diferencia com melhor precisão as espécies de Candida em cultura. A D. rugosa aparece como colônias brancas / lilás.

candida

Como tratar?

O patógeno é suscetível às equinocandinas, mas resistente à Nistatina e com sensibilidade reduzida ao Fluconazol (apenas 35% das cepas) e Anfotericina B. É essencial monitorar de perto a resposta ao tratamento, evitando risco de resistência, e evitar o uso de fluconazol e anfotericina B.

Como primeira linha, sugere-se a Micafungina – 100 mg via endovenosa uma vez ao dia. Uma alternativa pode ser o Cetoconazol – 200 mg via oral uma vez ao dia por cerca de 6 meses. Em ambos os casos, manter pelo menos 14 dias após a última cultura positiva. Em pacientes com suspeita de infecção por cateter, este deve ser removido.

Além disso, é absolutamente necessário manter monitorização da função hepática com uso prolongado de antifúngicos.

Diutina rugosa (Candida rugosa): um patógeno oportunista emergente

Referências:

Ludwig, A., de Jesus, F. P. K., Dutra, V., Cândido, S. L., Alves, S. H., & Santurio, J. M. (2019). Susceptibility profile of Candida rugosa (Diutina rugosa) against antifungals and compounds of essential oils. Journal de mycologie medicale, 29(2), 154–157. https://doi.org/10.1016/j.mycmed.2019.03.002

Colombo, A. L., Melo, A. S., Crespo Rosas, R. F., Salomão, R., Briones, M., Hollis, R. J., Messer, S. A., & Pfaller, M. A. (2003). Outbreak of Candida rugosa candidemia: an emerging pathogen that may be refractory to amphotericin B therapy. Diagnostic microbiology and infectious disease, 46(4), 253–257. https://doi.org/10.1016/s0732-8893(03)00079-8

Pfaller MA, Diekema DJ, Colombo AL, Kibbler C, Ng KP, Gibbs DL, Newell VA. Candida rugosa, an emerging fungal pathogen with resistance to azoles: geographic and temporal trends from the ARTEMIS DISK antifungal surveillance program. J Clin Microbiol. 2006 Oct;44(10):3578-82. doi: 10.1128/JCM.00863-06. PMID: 17021085; PMCID: PMC1594768.

Google search engine

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui