Pacientes com doenças hepáticas crônicas podem ter seu prognóstico avaliado por meio da classificação de Child-Pugh. No momento da avaliação de um paciente, uma pontuação > 7 já é um critério aceito para inclusão no cadastro do transplante hepático.
Veja como utilizar essa classificação na rotina clínica.
Escore Child-Pugh: definição, critérios, pontuação e interpretação
A classificação de Child-Pugh é um índice desenvolvido para a identificação e estratificação da gravidade da cirrose hepática. O principal objetivo do escore é determinar o prognóstico de pacientes com doença hepática crônica, sua resposta ao tratamento e a necessidade de transplante de fígado.
O escore é um fator preditivo de sobrevida de doenças hepáticas, além de antecipar a probabilidade de complicações importantes da cirrose (peritonite bacteriana espontânea e sangramento por varizes, por exemplo).
Como utilizar?
O Child-Pugh é composto por 5 critérios clínicos e fisiológicos, e deve ser utilizado em todos os pacientes com cirrose hepática. Veja cada um dos critérios, que devem ser utilizados durante a avaliação de um paciente:
Após a atribuição da pontuação individual para cada um dos critérios, é realizado o somatório total. A interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado. O risco estimado pode ser avaliado em uma estratificação de 3 categorias. Assim, temos:
- Pontuação total 5-6 – Child-Pugh A. Sobrevida: 1 ano ~100%; 2 anos ~85%.
- Pontuação total 7-9 – Child-Pugh B. Sobrevida: 1 ano ~81%; 2 anos ~57%.
- Pontuação total ≥ 10 – Child-Pugh C. Sobrevida: 1 ano ~45%; 2 anos ~35%.
É importante ressaltar que uma pontuação > 7 é um critério aceito para inclusão no cadastro do transplante hepático. Logo, considerar esta conduta para estes pacientes.
Atenção! Limitações e armadilhas
Vale lembrar: os escores MELD e o MELD-Na são mais utilizados devido ao seu melhor valor prognóstico em curto prazo. Falamos sobre o MELD em outro post, confira aqui.
Para pacientes com pontuações muito altas ou muito baixas em escore Child Pugh, recomenda-se a utilização de outros escores, como o MELD, para comparação.
Outros fatores prognósticos (creatinina, por exemplo) não são levados em consideração – lembrando que a Síndrome Hepatorrenal tende a ser um importante preditor de letalidade nesses pacientes cirróticos.
Só nos EUA, há mais de 25 mil mortes por ano em decorrência de cirrose hepática
A cirrose hepática é uma desorganização da arquitetura das células hepáticas, com extensa fibrose, decorrente de diversas causas. No Brasil, cerca de 43% dos casos são secundários à Hepatite C.
Cerca de 40% dos pacientes podem permanecer assintomáticos. Ainda, dos pacientes sintomáticos, alguns podem apresentar sintomas inespecíficos, como fraqueza, anorexia, fadiga, adinamia.
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O escore de Child-Pugh foi originalmente desenvolvido para estratificar pacientes em grupos de risco antes de serem submetidos a cirurgias. Atualmente é utilizado para avaliar prognóstico e orienta o critério padrão para inscrição no cadastro de transplante hepático.
A classificação foi desenvolvida pelo médico Charles G. Child, em estudo junto com o Dr. J.G. Turcotte. Em 1973, o escore foi modificado pelo Dr. Pugh – razão pela qual o escore também pode ser chamado de Child-Turcotte-Pugh.
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Referências:
Child CG, Turcotte JG. Surgery and portal hypertension. In: The liver and portal hypertension. Edited by CG Child. Philadelphia: Saunders 1964:50-64.
Pugh RN, Murray-Lyon IM, Dawson JL, Pietroni MC, Williams R (1973). Transection of the oesophagus for bleeding oesophageal varices. The British journal of surgery 60 (8).
Ginès P, Krag A, Abraldes JG, Solà E, Fabrellas N, Kamath PS. Liver cirrhosis. Lancet. 2021 Oct 9;398(10308):1359-1376. doi: 10.1016/S0140-6736(21)01374-X. Epub 2021 Sep 17. PMID: 34543610.
