Biópsia líquida em câncer de mama: novos biomarcadores são identificados por pesquisadores brasileiros

cancer de mama

Essa semana foi publicado um artigo que sugere novos biomarcadores em câncer de mama. Essas pequenas moléculas (microRNAs) foram capazes de discriminar com acurácia pacientes de controles. O grupo propõe o uso do painel de biomarcadores no cenário diagnóstico do câncer de mama em pacientes brasileiras, e de forma menos invasiva, pela técnica de biópsia líquida.

Uso de marcadores moleculares em câncer de mama

Apesar dos esforços e avanços, os dados de mortalidade e morbidade do câncer de mama permanecem alarmantes. Nesse cenário, um conhecimento mais aprofundado das características moleculares do tumor é essencial para o desenvolvimento de novos biomarcadores de detecção precoce, impactando positivamente no diagnóstico, tratamento e eficácia no controle dessa neoplasia.

Uma classe de moléculas tem sido amplamente estudada em câncer: os microRNAs (podem ser abreviados como miRNAs ou miRs). Essas moléculas são pequenos RNAs, que não codificam para proteínas, e regulam a expressão dos genes em processos biológicos. Nesse sentido, a desregulação dos miRNAs pode levar ao desenvolvimento do câncer.

Vários estudos já mostraram que os miRNAs podem ser úteis como biomarcadores de diagnóstico, progressão e prognóstico em câncer.

Essa semana, um grupo de pesquisadores brasileiros identificou quatro miRNAs capazes de diferenciar pacientes com câncer de mama de controles com alta sensibilidade e especificidade. O estudo propõe o uso dessas moléculas de forma menos invasiva, pois podem ser detectadas no soro das pacientes.

cancer de mama

MicroRNAs como biomarcadores em câncer de mama

O grupo estudou quatro miRNAs como potenciais biomarcadores: miR-142-5p, miR-150-5p, miR-320a-3p e miR-4433b-5p. Essas moléculas foram identificadas em amostras de tecido (biópsia) e soro de pacientes brasileiras com câncer de mama esporádico. Além disso, os dados brasileiros foram comparados com uma coorte maior, com informações disponíveis em banco de dados públicos.

Foi observado que os miRNAs foram capazes de diferenciar os grupos de pacientes e controles com alta sensibilidade e especificidade em todas as combinações avaliadas. Ou seja, nas diferentes amostras (soro e tecido), avaliados individualmente, ou em combinações (painéis). Em alguns casos, sensibilidade ou especificidade máxima (100%) foi observada, demonstrando o potencial destes miRNAs nessas coortes estudadas.

Nos dados de bioinformática (do banco de dados públicos), o painel completo dos quatro miRNAs foi a melhor combinação diagnóstica (87,68% sensibilidade, 90,67% especificidade).

Quando avaliada a capacidade de identificação de subtipo tumoral, os miRNAs (isolados ou em painéis) também foram capazes de discriminar luminal A e triplo-negativo, em ambas as coortes estudadas. Nesse sentido, o painel completo também apresentou melhores valores de sensibilidade e especificidade, tanto em soro quanto em tecido.

Além da capacidade de diferenciação, a redução da concentração de um dos miRNAs avaliados no painel (o miR-320) foi associado a piora na sobrevida das pacientes brasileiras. O papel dessa molécula já tem sido estudado em diversos tipos de câncer, sendo conhecido como um supressor tumoral. Nesse sentido, a redução da sua expressão permite o crescimento e progressão tumoral, condizente com a piora na sobrevida das pacientes.

cancer de mama coleta sangue

Há uma aplicação prática desses achados?

Identificar potenciais biomarcadores em câncer de forma precisa e específica auxilia no diagnóstico precoce e prognóstico das pacientes, melhorando as oportunidades de tratamento. O destaque do artigo é para a capacidade diagnóstica dos miRNAs, especialmente nas amostras brasileiras. Embora o número amostral seja uma limitação do trabalho, estudar amostras brasileiras permite uma aplicabilidade mais representativa

Além disso, o grupo comparou diversos tipos de amostras – dentre elas, amostras de soro. Além de fornecer uma análise em tempo real do tumor, o uso da biópsia líquida é de grande valia no diagnóstico e monitoramento das neoplasias de forma menos invasiva.

 

 

O artigo foi publicado na revista Frontiers in Genetics por um grupo de pesquisadores brasileiros – e a autora principal é parte da nossa equipe WeMEDS®. Para saber mais sobre o trabalho, acesse o link disponível nas nossas referências.

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Referências:

Carvalho TM, et al. MicroRNAs miR-142-5p, miR-150-5p, miR-320a-3p, and miR-4433b-5p in Serum and Tissue: Potential Biomarkers in Sporadic Breast Cancer. Frontiers in Genetics. June 30, 2022. https://doi.org/10.3389/fgene.2022.865472

 

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