ROMA IV para diagnóstico de Síndrome do Intestino Irritável

ROMA Foundation e a IV atualização

O critério diagnóstico ROMA IV para Síndrome do intestino irritável (SII) faz parte dos critérios ROMA desenvolvidos pela ROMA Foundation, uma instituição sem fins lucrativos fornece suporte para pesquisa focada em diagnóstico e tratamento de distúrbios gastrointestinais.

O ROMA IV é uma atualização dos critérios de ROMA, inicialmente desenvolvidos com o objetivo de diagnosticar e classificar distúrbios nos quais há interação intestino-cérebro. Nessa 4ª atualização também foram avaliados 1162 indivíduos sem distúrbios gastrointestinais, a fim de comparação. O critério possui sensibilidade de 62,7% e especificidade de 97,1% para diagnosticar SII.

Esse trabalho mais recente teve como autores principais o médico Dr. Douglas Drossman e a médica Dra. Lin Chang. A Dra. Lin Chang é professora de medicina na Divisão de Doenças Digestivas de Vatche e Tamar Manoukian na UCLA, e atua no conselho da ROMA Foundation.

O Dr. Douglas Drossman é professor emérito na Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, e faz parte da ROMA Foundation como chefe e presidente emérito. Também é fundador do Drossman Center for the Education and Practice of Biopsychosocial Care and Drossman Consulting. Dr. Drossman tem uma carreira muito relevante em pesquisa, com mais de 500 artigos e capítulos de livros.

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ROMA IV – O que é, quando e por que usar

O critério diagnóstico de ROMA IV para Síndrome do intestino irritável é um índice desenvolvido para diagnosticar a SII. Este critério diagnóstico deve ser utilizado em pacientes com desconforto abdominal e alteração de hábitos intestinais por mais de 6 meses, na ausência de sinais de alerta.

Entende-se como sinal de alerta, entre outros, qualquer um dos seguintes:

  1. Sangramento gastrointestinal.
  2. Perda de peso.
  3. Massa abdominal palpável.
  4. Linfadenopatia ao exame.
  5. Anemia Ferropriva
  6. Início súbito do quadro de desconforto abdominal.
  7. História familiar de câncer de cólon, na ausência de colonoscopia recente.
  8. Acima de 50 anos sem a realização de colonoscopia para exclusão.

E por que usar?

Como mencionamos, esta é a mais recente atualização dos critérios ROMA. Nessa atualização, “dor” foi substituída por “desconforto”, tornando o critério diagnóstico mais específico. Ainda, é um critério de fácil e rápida avaliação.

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Critérios, pontuações e interpretação

O critério diagnóstico ROMA IV é composto por 5 critérios, divididos entre Critérios Obrigatórios e Critérios Associados:

Critérios obrigatórios:

  1. Ausência de sinais de alerta.
  2. Desconforto abdominal recorrente, ≥ 1 dia por semana, em média, nos 3 meses anteriores, tendo início pelo menos 6 meses antes do diagnóstico.

Critérios associados:

  1. Desconforto abdominal relacionado à evacuação.
  2. Alteração do aspecto/aparência das fezes.
  3. Alteração na frequência das fezes.

Para confirmar o diagnóstico, é necessário ter todos os critérios obrigatórios presentes + 2 critérios associados.

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Saiba das limitações e armadilhas

Embora altamente específico, a sensibilidade do critério diagnóstico ROMA IV é de 62,7%. Isso se dá, em partes, pela avaliação subjetiva. O paciente precisa relatar os sintomas, o que pode limitar o diagnóstico.

Ainda, o uso de medicamentos pode alterar o aspecto e a frequência das fezes, e o período menstrual deve ser considerado pessoas quem menstruam e que relatam dores abdominais.

Na prática, pacientes que apresentam desconforto abdominal 1 dia por semana, mas fecham os outros critérios, podem ser tratados com SII. O clínico deve ser capaz de avaliar.

Quais os próximos passos?

Antes de descartar o diagnóstico, deve-se cogitar diagnósticos diferenciais, ou conferir se não há limitações não avaliadas. Após a exclusão de outros diagnósticos e confirmada a SII, o médico deverá explicar exatamente para o paciente o que ele tem e retirar todas as dúvidas.

É importante estimular a prática de exercícios e expor o estresse como um fator desencadeante é fundamental. Além disso, orientar sobre alimentos que podem estar associados com o desencadeamento de crises, buscando uma reeducação alimentar, de preferência com nutricionista.

Inicialmente, nos casos leves e moderados as orientações são suficientes. No entanto, nos casos refratários e graves, há a necessidade de usar medicamento sintomáticos concomitantemente, dependendo dos sintomas presentes.

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Síndrome do Intestino Irritável – recordando informações importantes

A Síndrome do Intestino Irritável é uma desordem funcional, caracterizada por dor abdominal e alterações de hábitos intestinais, que acomete o intestino de forma crônica e recorrente. Não existe anatomicamente ou quimicamente alguma alteração que explique essa patologia, portanto é um diagnóstico de exceção.

Após o diagnóstico, a doença pode ser classificada em quatro subtipos. Essa classificação é baseada no formato das fezes, e deve ser avaliada com cuidado. A Escala de Bristol pode ajudar.

  1. Com constipação: fezes moles/líquidas em menos de 25% das evacuações; fezes duras/em formato de bolinha em pelo menos 25% das evacuações.
  2. Com diarreia: fezes moles/líquidas em pelo menos 25% das evacuações; fezes duras/em formato de bolinha em menos de 5%.
  3. Mista: fezes moles/líquidas em pelo menos 25% das evacuações; fezes duras/em formato de bolinha em pelo menos 25% das evacuações.
  4. Inespecífica: Não se enquadra em nenhuma acima.

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A fisiopatologia não é totalmente compreendida, mas sabe-se que os pacientes apresentam peristaltismo alterado. Em momentos, apresentam a velocidade do trânsito intestinal aumentado, levando à diarreia, cólicas, gases. Em outros, apresentam a velocidade diminuída levando à constipação.

Paralelamente, a inervação intestinal está hipersensibilizada. Leves distensões por gases e fezes que seriam imperceptíveis por pessoas sem a patologia, levam a fortes dores e desconfortos nesses pacientes.

Lembre-se: a SII acomete cerca de 10% da população, e representa 30% das consultas em gastroenterologistas.  É uma doença crônica que quando bem acompanhada e tratada pode ter períodos de remissão; em alguns casos, o paciente pode apresentar melhora completa após o tratamento.

Para saber mais sobre este e outros critérios diagnósticos acesse o nosso app WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.   

 

Referências:

Drossman DA, Hasler WL. Rome IV-Functional GI Disorders: Disorders of Gut-Brain Interaction. Gastroenterology. 2016 May;150(6):1257-61. doi: 10.1053/j.gastro.2016.03.035. PMID: 27147121.

Schmulson MJ, Drossman DA. What Is New in Rome IV. J Neurogastroenterol Motil. 2017 Apr 30;23(2):151-163. doi: 10.5056/jnm16214. PMID: 28274109; PMCID: PMC5383110.

Drossman DA. Functional Gastrointestinal Disorders: History, Pathophysiology, Clinical Features and Rome IV. Gastroenterology. 2016 Feb 19:S0016-5085(16)00223-7. doi: 10.1053/j.gastro.2016.02.032. Epub ahead of print. PMID: 27144617.

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