Estomatite aftosa recorrente: fatores de risco, diagnóstico e tratamento

As aftas são lesões ulceradas e dolorosas, porém benignas que acometem a mucosa oral e a língua. São ovaladas, rasas, caracteristicamente brancas ou amareladas e podem se apresentar isoladamente ou múltiplas.

Cerca de 20-25% da população apresenta aftas recorrentes – estomatite aftosa recorrente.

Estomatite aftosa recorrente acomete entre 20% e 25% da população

Estomatite é uma denominação genérica que corresponde a qualquer processo inflamatório na mucosa oral, e as lesões que se apresentam como úlceras são, sem dúvida, as mais frequentes.

Segundo a cronicidade, as úlceras na mucosa oral podem ser divididas em agudas (até 6 semanas de duração) ou crônicas (mais de 6 semanas). Ainda, podem ser isoladas ou múltiplas. De maneira geral, as úlceras orais, são totalmente benignas.

A estomatite aftosa é a doença inflamatória mais comum da cavidade oral, correspondendo a 90% de todas as úlceras orais observadas na prática clínica. A recorrência atinge cerca de 20-25% da população mundial.

Cerca de 70 a 80% dos pacientes com estomatite aftosa recorrente (EAR) apresentam a condição se desenvolvendo antes dos 30 anos de idade, e a tendência ocorrências e gravidades diminui com o passar dos anos. Após os 50 anos, poucos indivíduos vão apresentar aftas recorrentes. É mais comum no sexo feminino, sendo a prevalência de 2:1 quando comparada ao sexo masculino.

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Fatores desencadeantes ou de risco

A etiologia da EAR ainda não foi completamente elucidada, sendo considerada multifatorial – contendo componentes genéticos, hereditários e imunológicos, ocorrendo simultaneamente e sequencialmente, resultando no surgimento das lesões.

Propõe-se a ocorrência de diversos eventos predisponentes ou desencadeantes responsáveis pelo início do processo imunológico que culmina com o desenvolvimento da EAR: situações genéticas (hereditárias / familiares), traumáticas, doenças sistêmicas (autoimunes), psicológicos, infecciosas, deficiências nutricionais, alérgicas (alimentares ou por contato) e hormonais (menstruação, gravidez ou período pós-menopausa).

 

Como diagnosticar?

O diagnóstico da estomatite aftosa recorrente é composto pela clínica, história e manifestações da doença, e é preciso sempre considerar causas sistêmicas. Uma anamnese detalhada é crítica na avaliação e deve incluir a histórica média completa para investigar traumas prévios na região, há quanto tempo a lesão está presente, frequência dos episódios em casos recorrentes, presença ou ausência de dor e o crescimento da lesão ao longo do tempo.

Quando há casos com identificação inferior a três lesões na cavidade oral, há a caracterização de estomatite aftosa recorrente. Nos casos de três aftas ou mais, deve-se avaliar os critérios para a classificação da doença de Behçet, a qual é caracterizada como inflamação rara nos vasos sanguíneos.

Leia também: Como diagnosticar a Doença de Behçet.

 

Tratamento

A terapêutica curativa das aftas recorrentes não se mostra muito efetiva, embora inúmeros trabalhos tenham sido desenvolvidos sobre esse assunto. Como não existe um tratamento específico que ofereça cura, o foco está no controle dos sintomas e na redução da frequência dos episódios, diminuindo a dor, o tamanho das úlceras e o número de recorrências.

Há uma grande variedade de medicamentos com função anti-inflamatória ou de barreira que proporcionam alívio aos pacientes. Entretanto, o efeito não é permanente, e nem observado em todos os pacientes. Diante dessa variedade, muitos profissionais ficam em dúvida durante a prescrição.

Um dos pontos importantes na escolha do tratamento é lembrar que a condição melhora espontaneamente e que a frequência, duração e grau de desconforto são individuais.

Algumas opções de tratamento incluem: observação e orientação; higiene oral melhorada, se necessário; tratamento da doença sistêmica associada à medicação tópica etc.

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Considerações finais

Como abordado, não há tratamento que ofereça cura para a estomatite aftosa recorrente, e o foco está na redução dos sintomas, da dor, do tamanho e do número de recorrências. Diante desse cenário, faz-se necessário que novos estudos sejam realizados com o objetivo de elucidar a etiologia e, assim, propor uma terapêutica mais direcionada para esta doença de elevada prevalência na sociedade.

 

Referências:

EDGAR, N. R.; SALEH, D.; MILLER, R. A. Recurrent aphthous stomatitis: A review.  Journal of Clinical and Aesthetic Dermatology, 2017. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5367879/

FÁVARO, D. Ulceração aftosa recorrente em crianças: revisão I. Classificação, aspectos clínicos, epidemiologia, etiologia. Rev. de Clín. Pesq. Odontol., v. 1, n. 1, p. 11–7, 2004.

MIMURA, M. A. M. et al. Immune response of patients with recurrent aphthous stomatitis challenged with a symbiotic. Journal of Oral Pathology and Medicine, v. 46, n. 9, 2017. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28776757/

MIZIARA, I. D. et al. Laryngeal manifestations in atypical recurrent aphthous stomatitis. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 75, n. 5, p. 660–664, out. 2009. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19893932/

 

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