Escore de Maddrey no prognóstico da Hepatite Alcoólica

hepatite hepatocarcinoma

O Escore de Maddrey é um índice desenvolvido para a avaliação do prognóstico de pacientes com hepatite alcoólica. O principal objetivo é identificar quais pacientes possivelmente teriam um prognóstico ruim e verificar se poderiam se beneficiar da administração de esteroides.

Veja como utilizar os critérios para a determinação da pontuação deste escore.

Hepatite Alcoólica

A hepatopatia alcoólica é uma lesão / inflamação hepatocelular aguda em decorrência da ingesta excessiva de álcool por longos períodos. Em geral, é associada à ingestão de > 100 g de álcool por dia, por mais de 20 anos. No entanto, alguns casos podem ocorrer após curtos períodos de consumo intenso e excessivo.

O padrão de consumo não é necessariamente contínuo, mas pode ser intermitente, com períodos de abuso (como finais de semana) intercalados com períodos de abstinência.

A condição é duas vezes mais comuns em homens do que em mulheres, e tem pico de incidência entre 40-50 anos, raramente acometendo pacientes com mais de 60 anos.

A pedra angular do tratamento, independentemente do estágio da doença, é sempre a interrupção imediata do consumo de álcool. Além da abstinência, o suporte nutricional é uma medida imprescindível, especialmente em pacientes com hepatite grave e cirrose.

A hepatite alcoólica pode se resolver, mas eventualmente retornar se o paciente mantiver o consumo de álcool. Em cada surto de hepatite alcoólica o risco de óbito é de 10-20%, caso não haja um tratamento adequado – decorrente principalmente de insuficiência hepática, sangramento gastrointestinal e sepse.

maddrey

Escore de Maddrey: quais os critérios?

O escore de Maddrey (Maddrey’s Discriminant Function for Alcoholic Hepatitis) foi desenvolvido a partir de um estudo randomizado duplo-cego com 55 pacientes com hepatite alcoólica durante 28 a 32 dias.

No estudo, foi comparada a administração de prednisolona com placebo. Verificou-se que a terapia com corticosteroides diminuiu significativamente a mortalidade dos pacientes com escore acima de 32 pontos.

A partir disso, o escore utiliza 3 critérios fisiológicos para a determinação de sua pontuação: tempo de protrombina (TP) do paciente, tempo de protrombina (TP) do controle, e bilirrubina. Para fazer o cálculo, é necessário anotar os valores destes critérios. Assim, temos:

Cálculo de Maddrey = 4,6 X (TP do paciente – TP controle) + Bilirrubina

 

Como interpretar os achados?

A interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado. O risco estimado pode ser avaliado em uma estratificação 2 categorias:

  1. Pontuação total 0-31 = prognóstico bom
  2. Pontuação total ≥ 32 = prognóstico ruim

 

A partir da pontuação, orienta-se a conduta. Pacientes com bom prognóstico provavelmente não se beneficiarão do tratamento com esteroides. Em contraste, o uso de corticoides em pacientes com pior prognóstico pode ser benéfico.

Lembrando sempre que a melhor opção para estes casos é a prednisolona (Predsim®). Sugere-se: 40 mg via oral 1 vez ao dia por 28 dias. Após isso, retira-se gradualmente a dose em 16 dias: redução de 10 mg/dia a cada 4 dias até chegar a dose de 10 mg/dia. A partir disso, diminui-se 5 mg/dia a cada 3 dias.

Em casos nos quais os pacientes não possam receber tratamento com corticoide (p.ex: infecção concomitante, hepatite B/C), prescreve-se como opção a pentoxifilina (Trental®), na dose de 400 mg via oral a cada 8 horas por 28 dias.

alcoolismo escore de maddrey

Atenção! Saiba das limitações e armadilhas

A utilização do escore de Maddrey é útil para prever prognósticos de curto prazo. No entanto, seu uso não sendo muito adequado para avaliação de longo prazo.

Além disso, é importante lembrar que o escore utiliza apenas dados laboratoriais, não levando em conta outros dados clínicos relevantes, como a presença de encefalopatia hepática.

 

Quer saber mais sobre este e outros escores e critérios clínicos? Acesse nosso app WeMEDS®. Disponível na versão web ou para download para iOS ou Android.

Referências:

Maddrey WC, Boitnott JK, Bedine MS, Weber FL, Mezey E, White RI (1978). Corticosteroid therapy of alcoholic hepatitis. Gastroenterology 75 (2): 193–9. PMID 352788

Soultati AS, et. al. Predicting utility of a model for end stage liver disease in alcoholic liver disease. World J Gastroenterol 2006 July 07;12(25):4020-4025

 

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