A Escala de Finnegan é um índice desenvolvido para avaliar a presença de síndrome de abstinência neonatal, em filhos de mães com suspeita ou efetivas usuárias de barbitúricos, opiáceos e demais substâncias que levam à abstinência.
Veja como utilizar e interpretar os critérios da escala de Finnegan na prática.
Escala de Finnegan
A Escala de Finnegan tem como objetivo principal avaliar e diagnosticar a síndrome de abstinência neonatal e direcionar sua conduta. É a ferramenta de avaliação da síndrome mais utilizada, e permite tanto o diagnóstico quanto a monitorização e avaliação de eficácia do tratamento.
Os critérios devem ser utilizados nas primeiras 2 horas de vida, para avaliar neonatos a termo, menores de 30 dias de vida, com suspeita de síndrome de abstinência neonatal. Ou seja, nascidos de mães com suspeita ou efetivas usuárias de barbitúricos, opiáceos e demais substâncias que levam à abstinência.
O primeiro passo é anotar qual é a avaliação: (1) primeira avaliação ou reavaliações prévias negativas; (2) segunda avaliação consecutiva, 1ª positiva (≥ 12); ou (3) terceira avaliação consecutiva, 1ª e 2ª positiva (≥ 8 cada).
Em seguida, avaliar os seguintes critérios:
Como interpretar?
Após responder os critérios, a interpretação se dá da seguinte maneira:
Pontuação ≥ 12 por duas vezes consecutivas: diagnóstico de abstinência neonatal. Iniciar a terapia farmacológica para tratamento.
Pontuação ≥ 8 por três vezes consecutivas: diagnóstico de abstinência neonatal. Iniciar a terapia farmacológica para tratamento.
Pontuação < 8 ou primeira avaliação: não diagnosticada a abstinência no momento. Monitorar a cada 4 horas.
E como tratar?
Em caso de abstinência de narcóticos, recomenda-se iniciar com morfina 0,5 mg/kg/dia dividido em quatro doses por 10 dias. Se a pontuação da escala permanecer inalterada, aumentar a dose para 0,7 mg/kg/dia por mais 2 dias.
Ainda assim, se a pontuação da escala permanecer inalterada, aumentar a dose para 0,9 mg/kg/dia e monitorar a função respiratória. Quando a pontuação se mantiver reduzida por 48 horas, reduzir 2 mg/dose a cada 4 dias.
Em caso de abstinência de não-narcóticos, recomenda-se iniciar com fenobarbital 15 mg/kg/dia como dose de ataque e 6 mg/kg/dia para manutenção a cada 12 horas. Se a pontuação da escala permanecer inalterada, aumentar a dose para 8 mg/kg/dia por mais 1 dia.
Depois disso, se a pontuação da escala permanecer inalterada, aumentar a dose para 10 mg/kg/dia e monitorar a função respiratória. Quando a pontuação se mantiver reduzida por 48 horas, reduzir 2 mg/dose a cada 4 dias.
Lembre-se: na síndrome de abstinência neonatal, o bebê pode apresentar distúrbios gastrointestinais, respiratórios, autônomos e do sistema nervoso central. Cerca de 60% necessitam tratamento farmacológico.
Existem alguns estudos que sugerem intervenções não farmacológicas, como terapias de exposição à luz e sons, enfaixamento no colo, amamentação adequada e alojamento conjunto.
Atenção! Limitações e armadilhas
São muitas variáveis independentes a serem avaliadas na escala. Dessa forma, é preciso cautela. Além disso, alguns critérios são subjetivos, o que implica em variação de resposta entre avaliadores e compromete a confiabilidade do teste.
Por fim, alguns autores questionam a validade clínica de algumas das variáveis avaliadas, sugerindo outras abordagens.
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A Escala de Finnegan foi desenvolvida em 1975 com o objetivo de avaliar de forma abrangente e objetiva o estado clínico do neonato na Síndrome de Abstinência. Na ocasião, o teste também foi validado para monitoramento do tratamento nestes pacientes. Posteriormente, a escala foi modificada, mas o resultado final permaneceu o mesmo.
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Referências:
Finnegan LP, Connaughton JF Jr, Kron RE, Emich JP. Neonatal abstinence syndrome: assessment and management. Addict Dis. 1975;2(1-2):141-58. PMID: 1163358.
Singh R, Davis JM. Escaping the Finnegan – Is it time? Semin Fetal Neonatal Med. 2021 Jun;26(3):101218. doi: 10.1016/j.siny.2021.101218. Epub 2021 Feb 25. PMID: 33663940.
Bagley, S.M., Wachman, E.M., Holland, E. et al. Review of the assessment and management of neonatal abstinence syndrome. Addict Sci Clin Pract 9, 19 (2014). https://doi.org/10.1186/1940-0640-9-19