Ingestão inadequada de folato aumentou em 33% nos últimos anos

folato

Segundo um artigo recente, nos últimos anos a prevalência da ingestão inadequada de ácido fólico aumentou na população brasileira. Para mulheres em idade fértil esse aumento foi alarmante: cerca de 33%! Essa carência de folato pode ser um alerta, orientando novas abordagens e estratégias, especialmente para gestantes.

Ácido fólico – qual a importância da suplementação?

O ácido fólico (Vitamina B9) é uma vitamina hidrossolúvel de papel central no metabolismo celular, em especial no metabolismo das bases nitrogenadas, purinas e pirimidinas, utilizadas para a síntese de DNA.

Ainda, auxilia na conversão de serina em glicina e no catabolismo do ácido glutâmico, e participa da maturação de células imunológicas como os eritrócitos e leucócitos.

O baixo nível de folato materno durante a gravidez está associado a implicações relevantes, como pré-eclâmpsia, aborto espontâneo, parto prematuro, baixo peso ao nascer e anomalias congênitas, como defeitos do tubo neural.

Devido ao seu papel crucial na gestação e no desenvolvimento do bebê, recomenda-se a suplementação de ácido fólico no período pré-concepcional até o final do primeiro trimestre de gestação.

Porém, nem todas as gestações são planejadas, e a fortificação de alimentos com ácido fólico tem sido adotada como estratégia de saúde pública em diversos países, a fim de aumentar as concentrações sanguíneas de folato em mulheres em idade reprodutiva.

Na prática, os dados encontrados são um pouco diferentes. Um estudo recente publicado na revista British Journal of Nutrition indicou que a porcentagem de mulheres que realizam a suplementação de ácido fólico vem diminuindo desde 2008.

O artigo foi publicado em novembro do ano passado e foi considerado artigo de destaque pela The Nutrition Society.

folato

A prevalência da suplementação de folato reduziu nos últimos anos

Ainda que haja a orientação da suplementação de ácido fólico para mulheres que desejam engravidar, um estudo em colaboração com quatro universidades brasileiras (USP, UERJ, UFF e UNIFESP) identificou uma prevalência inadequada de ingestão de folato nos últimos anos.

Os pesquisadores acompanharam mais de 75 mil participantes em dois períodos diferentes (2008/2009 e 2017/2018) e observaram um aumento no percentual de ingestão inadequada de folato (de 25% para 32% da população).

Para mulheres em idade reprodutiva, cerca de 30% não conseguiram atingir os níveis de folato necessários para o bom desenvolvimento do feto no primeiro período avaliado. Cerca de 10 anos depois, essa prevalência saltou para 40%!

Na análise realizada, foi possível constatar que a carência de não era homogênea pelo país. A maior taxa de insuficiência da vitamina foi observada na região norte do país.

Em ambos os momentos, os cinco principais grupos de alimentos que contribuíram para a ingestão de folato no Brasil foram feijões, pães, massas e pizzas, bolos e biscoitos e grupos de bebidas não alcoólicas. De fato, a política de fortificação obrigatória de alimentos com ácido fólico aumentou a ingestão de folato em mulheres em idade reprodutiva, mas comparativamente, ainda não é suficiente.

Um exemplo: embora o consumo de feijão faça parte da cultura brasileira, no estudo foi observada uma redução média de 12,8% da sua ingesta entre os anos avaliados. Além disso, as recomendações para aumentar a ingestão de alimentos fortificados com ácido fólico precisam ser cautelosas, pois alguns desses alimentos são considerados não saudáveis devido ao seu alto teor de gordura e/ou açúcar.

Segundo a pesquisadora responsável pelo trabalho, embora a necessidade de suplementação seja evidente, a ingestão de ácido fólico natural também deve ser estimulada.

 

Referências:

Palchetti, C., Steluti, J., Verly-Jr, E., De Carli, E., Sichieri, R., Yokoo, E., . . . Marchioni, D. (2021). Prevalence of inadequate intake of folate in the post-fortification era: Data from the Brazilian National Dietary Surveys 2008–2009 and 2017–2018. British Journal of Nutrition, 1-9. doi:10.1017/S0007114521004542

Sun W, Qing Q, Cheng X, et al. Effects of chronic folate deficiency and sex differences on depression-like behavior in mice. Exp Ther Med. 2022;23(3):206. doi:10.3892/etm.2022.11129

Why is folate a nutrient of great interest for public health? The Nutrition Society. Advanced Nutritional Science. Paper of the Month. Jan 2022.

 

Google search engine

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui