Retatrutida: agonista triplo reduz até 24% do peso corporal

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Um estudo recente propôs uma nova opção terapêutica para obesidade: a retatrutida. Trata-se de um agonista triplo: GIP, GLP-1 e GCGR, que mostrou eficaz em reduzir até 24% do peso corporal.

 

Obesidade e o foco na redução do IMC

A obesidade é uma doença de caráter crônico, complexa e multifatorial, em que há um acúmulo excessivo/anormal de gordura no corpo.

Tecnicamente, é definida quando o IMC (Índice de Massa Corporal) for maior ou igual que 30 em adultos. Dessa forma, o principal objetivo do tratamento é reduzir o IMC do paciente, o que se dá através da associação de condutas que incluem modificação de estilo de vida, medicamentos e cirurgias.

Todos os pacientes obesos, ou mesmo com sobrepeso, devem ser abordados de uma forma multidisciplinar, visando um estilo de vida mais saudável – o que se reflete em uma redução do risco das complicações inerentes dessa patologia. De forma inicial, um objetivo razoável é perder cerca de 5% de peso nos primeiros 6 meses; valores acima disso são excelentes.

Para pacientes que não conseguem atingir um peso ideal com as mudanças no estilo de vida, orienta-se a utilização de medicamentos que visam auxiliar a perda de peso. Importante ressaltar que não curam a doença, e sim auxiliam na perda de peso.

No Brasil, as drogas aprovadas para o tratamento dos pacientes obesos são a sibutramina, o orlistate e os agonistas do GLP-1 (Ozempic®). Caso o paciente não consiga perder o peso com mudanças no estilo de vida e uso de medicamentos, opta-se por realizar cirurgia.

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Retatrutida: um agonista triplo

Um novo estudo de fase 2 (duplo-cego, randomizado e controlado por placebo) avaliou mais de 300 pacientes com obesidade e sobrepeso, sendo IMC de ≥ 30 ou IMC ≥ 27 com alguma comorbidade associada.

O grupo testou o uso da retatrutida, é um peptídeo agonista de GIP (polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose), GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon 1) e dos receptores de glucagon (GCGR).

As doses testadas no estudo foram de 1 mg, 4 mg (com dose inicial de 2 mg ou 4 mg), 8 mg (igualmente, com dose inicial de 2 mg ou 4 mg), ou 12 mg. Essas doses foram comparadas ao placebo, sendo todas as administrações via subcutânea uma vez por semana, por 48 semanas.

O desfecho primário avaliado foi a alteração percentual no peso corporal desde o início até 24 semanas. Já como desfechos secundários, os pesquisadores incluíram a mudança percentual no peso corporal desde o início até 48 semanas, e uma redução de peso de (1) 5% ou mais, (2) 10% ou mais, ou (3) 15% ou mais.

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Foi observada uma redução de até 24% do peso corporal com o uso da retatrutida

Como principais resultados, o grupo observou que em 24 semanas, o grupo com tratamento teve uma redução percentual de até 17,5% do peso corporal, a depender da dose avaliada.

Na menor dose (1 mg), houve variação de -7,2% do peso corporal. No grupo combinado de 4 mg, houve redução de 12,9%, enquanto no grupo de 8 mg, -17,3%. A maior redução foi observada no grupo de 12 mg. O grupo placebo apresentou uma variação de -1,6% do peso corporal em 24 semanas.

No desfecho secundário, em 48 semanas a variação seguiu a mesma tendência, sendo que no grupo de 12 mg houve uma redução de 24,2% do peso corporal, em comparação à -2,1% nos controles.

Ainda em 48 semanas, 92% dos pacientes tratados atingiram a meta de 5% de redução de peso com a dose de 4 mg. Com a dose de 8 mg, todos os pacientes tratados atingiram essa meta, comparado a 27% no grupo placebo. A mesma tendência foi observada nas outras métricas, de perda de 10% e 15% do peso corporal.

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Quanto aos efeitos adversos, o grupo de pesquisadores relata reações gastrointestinais, de forma dose-dependente. No entanto, a maioria de gravidade leve a moderada, e minimizadas quando a dose inicial era menor (2 mg).

 

Referências:

Jastreboff AM, et al; Retatrutide Phase 2 Obesity Trial Investigators. Triple-Hormone-Receptor Agonist Retatrutide for Obesity – A Phase 2 Trial. N Engl J Med. 2023 Aug 10;389(6):514-526. doi: 10.1056/NEJMoa2301972.

 

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