Fibromialgia: diagnóstico conforme os critérios da ACR (2010)

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Fibromialgia: entenda mais sobre a doença

A fibromialgia é uma síndrome reumatológica musculoesquelética difusa crônica, não inflamatória, que leva ao aumento da sensibilidade dolorosa, acompanhada de sintomas psíquicos como distúrbios do humor, do sono, fadiga, cefaleia.

Acomete 3% da população mundial, mais frequentemente mulheres (proporção de 9 mulheres para 1 homem), e é responsável por 15% das consultas em Reumatologia.

A etiologia da doença parece ser multifatorial. O quadro pode se iniciar espontaneamente ou secundário a fatores desencadeantes como estresse, infecções, traumas. Um fator conhecido relacionado à doença são os distúrbios de sono, presentes na maioria dos pacientes.

fibromialgia

A clínica da fibromialgia é bastante ampla, mas alguns sintomas podem ser identificados em grande parte dos pacientes, como:

  • Dor muscular do tipo difusa e crônica existindo há mais de 3 meses, iniciando-se localizada e com generalização por todo o corpo. São relatada como “em peso” ou “em queimação” – sendo muitas vezes insuportáveis.
  • Fadiga, especialmente pela manhã.
  • Má qualidade de sono ou insônia.
  • Cefaleia de forte intensidade.
  • Alterações cognitivas, como problemas de memória, dificuldade em focar tarefas – a “fibro fog”.
  • Ansiedade e depressão, que acompanha até 60% dos casos.
  • Ainda, alguns pacientes podem apresentar Fenômeno de Raynauld, Síndrome do Intestino Irritável, vertigens, olhos/boca secos, palpitação e bexiga irritável.

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Como diagnosticar?

Um critério diagnóstico ainda amplamente usado é o do Colégio Americano de Reumatologia (ACR) 1990, no qual o paciente é diagnosticado com fibromialgia se apresentar (1) dor Difusa com pelo menos 3 meses de duração + (2) ausência de doença subjacente como causa para fibromialgia + (3) presença de ao menos 11 de 18 tenders points positivos.

No entanto, pela inespecificidade e ausência da avaliação de outros sintomas associados ao quadro doloroso – muito criticado por especialistas, A ACR em 2010 atualizou os critérios.

 

Diagnóstico pelos Critérios da ACR de 2010

O objetivo do critério diagnóstico de 2010 foi atualizar os critérios de 1990, melhorando a especificidade da avaliação diagnóstica. O estudo de 2010 foi multicêntrico com 829 pacientes com fibromialgia, e foi visto que cerca de 25% dos pacientes não preenchiam os critérios da escala de 1990. Nesse sentido, a atualização foi melhorada.

O critério diagnóstico da ACR de 2010 é composto por 2 critérios para a identificação da doença: índice de dor difusa, apresentados nos últimos 7 dias, e escala de gravidade dos sintomas. Por avaliar o estado / gravidade da doença, pode ser utilizado a qualquer momento do acompanhamento do paciente, e não apenas na fase de diagnóstico.

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Índice de dor difusa
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 Escala de Gravidade

Para a interpretação, é necessário somar os pontos para os dois critérios de forma individual (pontos para o índice de dor difusa e pontos para a escala de gravidade). Assim, o diagnóstico de fibromialgia é confirmado quando uma das duas for verdadeira:

  1. O índice de dor difusa for pelo menos 7 e a escala de gravidade for pelo menos 5; ou
  2. O índice de dor difusa for entre 3-6 e a escala de gravidade for pelo menos 9.

 

Saiba das limitações e armadilhas da avaliação diagnóstica

Durante a validação do estudo de 2010, apenas pacientes com fibromialgia foram incluídos. Dessa forma, não houve uma comparação com grupo controle ou outras doenças reumáticas, para que o teste fosse validado de forma específica.

Ainda, é importante lembrar que os critérios dependem da análise subjetiva do paciente. Não há nenhuma análise “médico-dependente” durante a aplicação dos critérios diagnósticos. Os autores do trabalho relatam que, embora isso não seja limitante para o diagnóstico, alguns médicos não se sentem confortáveis com a falta de exame físico.

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Quais os próximos passos após o diagnóstico?

Em caso de diagnóstico confirmado, orientar sempre o paciente que a fibromialgia não é uma doença deformante, fatal ou progressiva. Não é uma doença que leva a óbito, mas a qualidade de vida pode ser seriamente comprometida, levando a quadros incapacitantes.

A remissão completa é rara, porém o tratamento pode melhorar significativamente a qualidade de vida. A boa evolução depende da cooperação e enfrentamento da doença, além do tratamento da ansiedade / depressão / distúrbios do sono e da realização de atividade física regularmente.

O tratamento é baseado em medidas não-farmacológicas e farmacológicas, sendo a abordagem multidisciplinar fundamental para o correto manejo.

Lembre-se: a fibromialgia é uma doença como qualquer outra, e jamais deve ser vista com preconceito pelos profissionais de saúde!

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Referências:

Mcbeth J, Mulvey MR. Fibromyalgia: mechanisms and potential impact of the ACR 2010 classification criteria. Nat Ver Rheumatol. 2012;8:108-16.

Wolfe F, Smythe HA, Yunus MB, et al. The American College of Rheumatology 1990 Criteria for the Classification of Fibromyalgia. Report of the Multicenter Criteria Committee. Arthritis Rheum 33:160-72, 1990.

Winslow BT, Vandal C, Dang L. Fibromyalgia: Diagnosis and Management. Am Fam Physician. 2023 Feb;107(2):137-144. PMID: 36791450.

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2 COMENTÁRIOS

    • Olá Vanuza.
      A Fibromialgia é uma síndrome – um conjunto de sinais e sintomas que (juntos) mostram uma condição específica. A deficiência é quando algo está faltante, insuficiente, considerando uma condição padrão estabelecida.

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