Fibromialgia: entenda mais sobre a doença
A fibromialgia é uma síndrome reumatológica musculoesquelética difusa crônica, não inflamatória, que leva ao aumento da sensibilidade dolorosa, acompanhada de sintomas psíquicos como distúrbios do humor, do sono, fadiga, cefaleia.
Acomete 3% da população mundial, mais frequentemente mulheres (proporção de 9 mulheres para 1 homem), e é responsável por 15% das consultas em Reumatologia.
A etiologia da doença parece ser multifatorial. O quadro pode se iniciar espontaneamente ou secundário a fatores desencadeantes como estresse, infecções, traumas. Um fator conhecido relacionado à doença são os distúrbios de sono, presentes na maioria dos pacientes.
A clínica da fibromialgia é bastante ampla, mas alguns sintomas podem ser identificados em grande parte dos pacientes, como:
- Dor muscular do tipo difusa e crônica existindo há mais de 3 meses, iniciando-se localizada e com generalização por todo o corpo. São relatada como “em peso” ou “em queimação” – sendo muitas vezes insuportáveis.
- Fadiga, especialmente pela manhã.
- Má qualidade de sono ou insônia.
- Cefaleia de forte intensidade.
- Alterações cognitivas, como problemas de memória, dificuldade em focar tarefas – a “fibro fog”.
- Ansiedade e depressão, que acompanha até 60% dos casos.
- Ainda, alguns pacientes podem apresentar Fenômeno de Raynauld, Síndrome do Intestino Irritável, vertigens, olhos/boca secos, palpitação e bexiga irritável.
Como diagnosticar?
Um critério diagnóstico ainda amplamente usado é o do Colégio Americano de Reumatologia (ACR) 1990, no qual o paciente é diagnosticado com fibromialgia se apresentar (1) dor Difusa com pelo menos 3 meses de duração + (2) ausência de doença subjacente como causa para fibromialgia + (3) presença de ao menos 11 de 18 tenders points positivos.
No entanto, pela inespecificidade e ausência da avaliação de outros sintomas associados ao quadro doloroso – muito criticado por especialistas, A ACR em 2010 atualizou os critérios.
Diagnóstico pelos Critérios da ACR de 2010
O objetivo do critério diagnóstico de 2010 foi atualizar os critérios de 1990, melhorando a especificidade da avaliação diagnóstica. O estudo de 2010 foi multicêntrico com 829 pacientes com fibromialgia, e foi visto que cerca de 25% dos pacientes não preenchiam os critérios da escala de 1990. Nesse sentido, a atualização foi melhorada.
O critério diagnóstico da ACR de 2010 é composto por 2 critérios para a identificação da doença: índice de dor difusa, apresentados nos últimos 7 dias, e escala de gravidade dos sintomas. Por avaliar o estado / gravidade da doença, pode ser utilizado a qualquer momento do acompanhamento do paciente, e não apenas na fase de diagnóstico.
Para a interpretação, é necessário somar os pontos para os dois critérios de forma individual (pontos para o índice de dor difusa e pontos para a escala de gravidade). Assim, o diagnóstico de fibromialgia é confirmado quando uma das duas for verdadeira:
- O índice de dor difusa for pelo menos 7 e a escala de gravidade for pelo menos 5; ou
- O índice de dor difusa for entre 3-6 e a escala de gravidade for pelo menos 9.
Saiba das limitações e armadilhas da avaliação diagnóstica
Durante a validação do estudo de 2010, apenas pacientes com fibromialgia foram incluídos. Dessa forma, não houve uma comparação com grupo controle ou outras doenças reumáticas, para que o teste fosse validado de forma específica.
Ainda, é importante lembrar que os critérios dependem da análise subjetiva do paciente. Não há nenhuma análise “médico-dependente” durante a aplicação dos critérios diagnósticos. Os autores do trabalho relatam que, embora isso não seja limitante para o diagnóstico, alguns médicos não se sentem confortáveis com a falta de exame físico.
Quais os próximos passos após o diagnóstico?
Em caso de diagnóstico confirmado, orientar sempre o paciente que a fibromialgia não é uma doença deformante, fatal ou progressiva. Não é uma doença que leva a óbito, mas a qualidade de vida pode ser seriamente comprometida, levando a quadros incapacitantes.
A remissão completa é rara, porém o tratamento pode melhorar significativamente a qualidade de vida. A boa evolução depende da cooperação e enfrentamento da doença, além do tratamento da ansiedade / depressão / distúrbios do sono e da realização de atividade física regularmente.
O tratamento é baseado em medidas não-farmacológicas e farmacológicas, sendo a abordagem multidisciplinar fundamental para o correto manejo.
Lembre-se: a fibromialgia é uma doença como qualquer outra, e jamais deve ser vista com preconceito pelos profissionais de saúde!
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Referências:
Mcbeth J, Mulvey MR. Fibromyalgia: mechanisms and potential impact of the ACR 2010 classification criteria. Nat Ver Rheumatol. 2012;8:108-16.
Wolfe F, Smythe HA, Yunus MB, et al. The American College of Rheumatology 1990 Criteria for the Classification of Fibromyalgia. Report of the Multicenter Criteria Committee. Arthritis Rheum 33:160-72, 1990.
Winslow BT, Vandal C, Dang L. Fibromyalgia: Diagnosis and Management. Am Fam Physician. 2023 Feb;107(2):137-144. PMID: 36791450.
Boa noite
Como posso descrever o nome da fibromialgia,
quando alguém perguntar se é, uma síndrome ou deficiência?
Olá Vanuza.
A Fibromialgia é uma síndrome – um conjunto de sinais e sintomas que (juntos) mostram uma condição específica. A deficiência é quando algo está faltante, insuficiente, considerando uma condição padrão estabelecida.