Escore HM: diagnóstico da hipertermia maligna

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O escore de Hipertermia Maligna é um índice desenvolvido para a identificação e estratificação do risco de hipertermia maligna em pacientes expostos a anestésicos voláteis e/ou succinilcolina.

A escala utiliza 6 critérios físicos, clínicos e fisiológicos para a determinação de sua pontuação. Veja como utilizar estes critérios na prática clínica.

 

Escore de Hipertermia Maligna

O escore de Hipertermia Maligna (HM) tem como principal objetivo no diagnóstico de um quadro de HM em pacientes críticos. É indicado para pacientes com síndrome hipermetabólica em resposta à exposição a anestésicos voláteis e/ou succinilcolina. Seu uso pode melhorar a pesquisa sobre a doença, ajudar no manejo do paciente e promover meios aprimorados de diagnóstico.

O escore foi desenvolvido pela médica Marilyn Green Larach, a partir de um estudo com 11 especialistas que elaboraram uma escala multifatorial de classificação clínica, na qual o paciente pode ser classificado como suscetível à hipertermia maligna. Essa classificação exige que o anestesiologista julgue se os sinais clínicos específicos são apropriados para a condição médica do paciente, técnica anestésica e procedimento cirúrgico.

escore de Hipertermia Maligna

Critérios e Pontuações

O escore de HM é composto de 6 critérios clínicos e fisiológicos. Veja cada um deles, bem como a pontuação atribuída para cada critério encontrado durante a avaliação de um paciente com possível quadro de hipertermia maligna.

 

  1. Rigidez
  • Espasmo do músculo Masseter após administração de Succinilcolina: +15 pontos
  • Rigidez generalizada sem calafrios durante ou imediatamente após inalação de anestésico: +15 pontos

 

  1. Rabdomiólise
  • CK (creatina quinase) > 20.000 UI após administração de Succinilcolina: +15 pontos
  • CK > 10.000 UI após anestesia sem Succinilcolina: +15 pontos
  • Urina escura (mioglobinúria) no pós-operatório: +10 pontos
  • Mioglobina urinária > 60 mcg/L: +5 pontos
  • Mioglobina sérica > 170 mcg/L: +5 pontos
  • K+ > 6 meq/L, sem insuficiência renal: +3 pontos

 

  1. Febre
  • Temperatura perioperatória > 38.8°C: +10 pontos
  • Rápida elevação de temperatura corporal: +15 pontos

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  1. Taquicardia
  • Taquicardia instável ou fibrilação ventricular: +3 pontos
  • Taquicardia sinusal inesperada: +3 pontos

 

  1. Acidose Respiratória
  • Hipercapnia inapropriada: +15 pontos
  • Taquipneia inapropriada: +10 pontos
  • PETCO2 > 55 (em ventilação mecânica): +15 pontos
  • PETCO2 > 60 (em ventilação): +15 pontos
  • PETCO2 > 60 (espontâneo): +15 pontos
  • PETCO2 > 65 (espontâneo): +15 pontos

 

  1. Outros
  • Melhora clínica rápida com Dantrolene: +5 pontos
  • História familiar de hipertermia maligna, com histórico pessoal positivo: +10 pontos
  • Elevação isolada de CK, em pacientes com história familiar: +10 pontos
  • Base excess < -8 mEq/L: +10 pontos
  • pH arterial < 7.25: +20 pontos

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Como interpretar?

Após a atribuição da pontuação individual para cada um dos critérios, é realizado o somatório total. A interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado.

O risco estimado pode ser avaliado em uma estratificação de 6 categorias, e quanto maior o número de pontos, maior a probabilidade do diagnóstico de hipertermia maligna. Assim, temos:

  1. Pontuação total 0 = quase impossível.
  2. Pontuação total 3-9 = improvável.
  3. Pontuação total 10-19 = menos que provável.
  4. Pontuação total 20-34 = mais que provável.
  5. Pontuação total 35-49 = bastante provável.
  6. Pontuação total ≥ 50 = quase certo.

 

Em seguida, o que fazer?

O escore de HM busca ser mais uma ferramenta de pesquisa. O cálculo do escore não deve afetar o manejo inicial do paciente; recomenda-se fazer o gerenciamento térmico.

Gerenciamento térmico farmacológico: dantrolene, acetaminofeno e anti-inflamatórios não esteroidais. Lembre-se: dantroleno é o único tratamento específico clinicamente disponível para hipertermia maligna e, após a descontinuação dos agentes desencadeantes, deve ser sempre o tratamento inicial para qualquer suspeita.

Gerenciamento térmico não invasivo: gelo (no pescoço, virilhas e axilas), diminuição da temperatura do ambiente por refrigeração forçada, cobertores térmicos frios, fluidos IV frios e imersão em água gelada.

Gerenciamento térmico invasivo: lavagem gástrica, retal, peritoneal, e/ou da bexiga, circulação extracorpórea e dispositivos de troca de calor.

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Referências:

Larach MG, Localio AR, Allen GC, Denborough MA, Ellis FR, Gronert GA, Kaplan RF, Muldoon SM, Nelson TE, Ording H, et al. A clinical grading scale to predict malignant hyperthermia susceptibility. Anesthesiology. 1994 Apr;80(4):771-9. doi: 10.1097/00000542-199404000-00008. PMID: 8024130.

Litman RS, Smith VI, Larach MG, Mayes L, Shukry M, Theroux MC, Watt S, Wong CA. Consensus Statement of the Malignant Hyperthermia Association of the United States on Unresolved Clinical Questions Concerning the Management of Patients With Malignant Hyperthermia. Anesth Analg. 2019 Apr;128(4):652-659. doi: 10.1213/ANE.0000000000004039. PMID: 30768455.

 

 

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