AACR Annual Meeting 2022: o que há de novo em câncer?

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O encontro anual da Associação Americana de Pesquisa em Câncer (AACR, American Association for Cancer Research) é um evento onde cientistas, médicos e outros profissionais de saúde se reúnem para compartilhar os mais recentes avanços na ciência e na medicina do câncer.

A edição de 2022 aconteceu de 8 a 13 de abril e trouxe algumas novidades na área. Dentre os mais diversos resumos, pôsteres e apresentações, destacamos alguns dos trabalhos apresentados no evento.

Pior prognóstico em pacientes oncológicos com COVID-19

Durante a pandemia de COVID-19, foi visto uma piora clínica em pacientes oncológicos, devido a contribuição do microambiente inflamatório desordenado e do sistema imunológico.

Diversos estudos avaliaram a relação entre a COVID-19 e o câncer, e é possível buscar os resumos dos trabalhos clicando aqui.

Uma revisão apresentada no AACR incluiu quase 4 mil pacientes com exame de PCR positivo para SARS-CoV-2, buscando avaliar os impactos das respostas inflamatórias em pacientes com e sem neoplasias.

De fato, os pesquisadores observaram um pior prognóstico no grupo de pacientes com COVID-19 e câncer (mortalidade 23,1% versus 6,9%). Dispneia foi vista em 59% dos pacientes com neoplasias, comparado a 30,8% dos pacientes sem essa condição. Ainda, apenas 2% dos participantes do estudo com câncer continuaram a quimioterapia após a confirmação do diagnóstico de COVID-19.

A resposta inflamatória periférica modestamente prediz um pior resultado, particularmente com neutrófilos elevados. Embora a análise de neutrófilos elevados entre os grupos não tenha sido observada, linfócitos aumentados e a relação linfócito/neutrófilo foi associada aos sintomas.

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Terapia combinada para adenocarcinoma ductal pancreático

Um grupo de pesquisadores avaliou o efeito imunológico do paclitaxel (Abraxane®) em combinação com uma proteína recombinante: uma IL-15 humana recombinante fundida com o domínio de ligação à albumina (hIL-15-ABD).

Utilizando modelos animais, os pesquisadores observaram que o tratamento combinado reduziu o crescimento do tumor em comparação com o grupo controle. Além disso, a terapia combinada construiu com sucesso o microambiente de imunidade anticâncer através do aumento da ativação de células efetoras (como células NK e CD8+), e redução do acúmulo de células imunossupressoras.

Em conclusão, a combinação Abraxane® + hIL-15-ABD apresentou um efeito superior comparado à monoterapia, sugerindo uma estratégia de tratamento promissora para o adenocarcinoma ductal pancreático.

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Uso de inibidores de MET em carcinoma gastroesofágico com amplificação de MET

Há diversos estudos avaliando o potencial oncogênico da amplificação / superexpressão de MET em pacientes com câncer gastroesofágico (CGE). Com isso, o objetivo do estudo de Kim e colaboradores foi testar inibidores de MET em células CGE que possuíam essas alterações.

Como resultados, ambos os medicamentos testados (Captmatinibe e Savolitinibe) mostraram atividade antiproliferativa contra linhagens de células de CGE amplificadas por MET de maneira dose-dependente. Em células sem amplificação de MET, não houve um efeito inibitório.

Como mecanismo de ação, foi visto que o savolitinibe inibiu a fosforilação de MET e via de sinalização a jusante, como AKT ou ERK. Além disso, foi visto que capmatinibe em combinação com trastuzumabe exibiu maior inibição da ativação de AKT e ERK em células MET+ e HER+.

Dessa forma, os pesquisadores concluem que o os inibidores de MET suprimem de forma eficaz o crescimento de células de CGE amplificadas por MET. Além disso, o inibidor de MET pode ser combinado ao trastuzumabe para induzir o efeito terapêutico nas células amplificadas por HER2 e MET.

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Mecanismo degenerativo e de senescência encontrado em osteossarcomas

Um grupo da Mayo Clinic analisou ​​perfis de sequenciamento de RNA de célula única (scRNA-seq), buscando respostas mais moleculares, e o entendimento aprofundado da doença.

O grupo tentou espelhar o microambiente tumoral e o desenvolvimento de osteoblastos durante sua transformação em células de osteossarcoma, utilizando células saudáveis e tumorais de 28 pacientes.

Os pesquisadores observaram que o desenvolvimento das células apresentou padrões, identificando caminhos de involução ou dando origem a parada proliferativa. Além disso, foi visto uma comunicação celular intratumoral, principalmente por TGF-b.

Dessa forma, foi visto pela primeira vez em osteossarcoma esse estado de senescência, e um fenótipo secretor associado a senescência (chamado de SASP). Esse fenótipo é conhecido pela liberação de citocinas e mediadores inflamatórios, aumento de estado proliferativo e resistência à terapia.

Lembrando que senescência, segundo a atualização de 2022, é um dos hallmarks para o desenvolvimento do câncer!

Dessa forma, os pesquisadores comentam que essa pode ser uma justificativa para a variabilidade na resposta terapêutica, refletindo a heterogeneidade intratumoral observada clinicamente. Por padrões genômicos, seria possível orientar o caminho para um regime de tratamento mais individualizado.

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Imagem original do artigo Hallmarks of Cancer: New Dimensions. Douglas Hanahan 2022.

Referências:

Para saber mais, é possível acessar o site do evento e todos os resumos disponíveis.

Session OPO.COVID01.01 – COVID-19 and Cancer. 5273 – The peripheral proinflammatory responses in COVID-19: Clinical spectrum and outcome in patients with and without cancer.

Session OPO.CH01.01 – Drug Discovery, Design, and Delivery. 5067 – Identify the combination efficacy and immune regulation of Abraxane combines with human IL-15 albumin binding domain fusion protein on pancreatic ductal adenocarcinoma animal model.

Session OPO.CL01.01 – Translational Research. 6376 – Effect of MET tyrosine kinase inhibitors on MET amplified gastro-esophageal cancer cells.

Session OPO.BCS01.01 – Bioinformatics and Computational Biology. 5025 – Single cell RNA sequencing reveals degenerative mechanisms in osteoblastic osteosarcoma and targetability of senescent subpopulations.

 

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