Como avaliar a dor em pacientes intubados é um desafio frequente no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), especialmente em pacientes sedados e inconscientes sob ventilação mecânica. Alterações nos sinais vitais, como hipertensão, taquicardia e agitação, podem ser indicativas de dor, mas sua interpretação isolada é limitada.
Nesses casos, ferramentas validadas como a Escala BPS (Behavioral Pain Scale) são recomendadas para a avaliação sistemática da dor, permitindo maior acurácia no manejo analgésico desses pacientes.
Como avaliar a dor em pacientes intubados utilizando a Escala BPS?
A Escala BPS (Behavioral Pain Scale ou Escala Comportamental de Dor) é um instrumento validado para avaliação da dor em pacientes adultos críticos, especialmente aqueles intubados, sedados e incapazes de se comunicar verbalmente, como frequentemente ocorre em unidades de terapia intensiva (UTI).
A escala foi desenvolvida para permitir a detecção e monitorização da dor por meio da observação de comportamentos específicos, já que sinais fisiológicos isolados (como taquicardia ou hipertensão) não são suficientemente sensíveis ou específicos para esse fim.
A Escala BPS avalia três domínios comportamentais: expressão facial, movimentos dos membros superiores e adaptação à ventilação mecânica (ou, em versões adaptadas, vocalização para pacientes não intubados).
Cada domínio recebe uma pontuação de 1 (comportamento ausente ou normal) a 4 (comportamento indicativo de dor máxima), resultando em um escore total que varia de 3 (sem dor) a 12 (dor máxima).
Quanto maior a pontuação, maior o nível de dor do paciente
Após a atribuição da pontuação individual para cada um dos critérios, é realizado o somatório total. A interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado. O nível de dor estimado pode ser avaliado em uma estratificação de 4 categorias. Assim, temos:
Pontuação total = 3. Sem dor.
Pontuação total = 4-5. Dor suave.
Pontuação total = 6-11. Dor inaceitável.
Pontuação total ≥ 12. Dor máxima.
A aplicação da BPS deve ser realizada por profissionais treinados, preferencialmente em três momentos: em repouso, durante procedimentos potencialmente dolorosos (como aspiração traqueal, mobilização ou troca de curativos) e após o procedimento, para avaliar a resposta à intervenção analgésica.
A Escala BPS é uma ferramenta padronizada, precisa e útil na avaliação da dor
As diretrizes internacionais recomendam o uso da BPS como uma das ferramentas de escolha para avaliação comportamental da dor em pacientes críticos adultos incapazes de autorrelatar, devido à sua robustez psicométrica e aplicabilidade clínica.
A escala é útil tanto em pacientes profundamente sedados quanto em pacientes conscientes, mas com comunicação limitada. Em pacientes sob sedação profunda, a sensibilidade pode ser reduzida, mas a BPS ainda se mostra superior a sinais fisiológicos isolados.
Em resumo, a escala BPS deve ser utilizada rotineiramente na UTI para monitorar a dor em pacientes críticos não comunicantes, guiando intervenções analgésicas e contribuindo para a melhoria dos desfechos clínicos.
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Referências:
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