Transplante de Útero em Mulheres com Infertilidade Uterina Absoluta: Avanços, Resultados e Perspectivas

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O artigo de Giuliano Testa e colaboradores, publicado na revista JAMA, explora os desdobramentos clínicos e científicos do transplante de útero (UTx) como uma solução para mulheres com infertilidade uterina absoluta.

Esta condição, que afeta aproximadamente 1 a 5% das mulheres em idade reprodutiva, é caracterizada pela ausência congênita ou adquirida do útero ou por disfunções que inviabilizam a gestação, como síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH) ou histerectomias prévias.

Como foi realizado o estudo de Transplante de Útero em mulheres com Infertilidade Uterina Absoluta?

O estudo publicado na revista Journal of the American Medical Association (JAMA) esse ano, incluiu 33 pacientes diagnosticadas com infertilidade uterina absoluta, sendo submetidas ao transplante de útero entre 2016 e 2021. Destas, 18 receberam órgãos de doadoras vivas e 2 de doadoras falecidas.

As principais variáveis avaliadas foram: taxa de sucesso do enxerto, função uterina pós-transplante, taxas de gravidez clínica e parto, além de complicações perioperatórias e a resposta aos imunossupressores.

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A Taxa de Sucesso do Transplante de Útero foi de 73%

A taxa de sucesso do transplante, definida como a restauração da função uterina, foi de 73% (14 de 20 pacientes).

Dentre as pacientes transplantadas, 70% das que receberam órgãos de doadoras vivas apresentaram enxerto funcional, em comparação a 50% entre as que receberam órgãos de doadoras falecidas.

 

A Gravidez Clínica foi observada em 64% das pacientes

O tempo médio entre o transplante e a primeira gravidez foi de 12 meses. A taxa de gravidez clínica foi de 64% (9 de 14 pacientes), com 19 dessas gestações resultando em partos bem-sucedidos por cesariana, totalizando uma taxa de 58% de partos vivos.

Todos os recém-nascidos apresentaram peso adequado para a idade gestacional (média de 3.100 g), sem anomalias congênitas relatadas.

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Uso de Imunossupressores, Complicações e Rejeição

Todas as pacientes transplantadas foram submetidas a um regime de imunossupressão tripla (tacrolimos, micofenolato mofetila e prednisona), com dose ajustada de acordo com a função renal e os níveis de tacrolimos no sangue. Não foram identificados efeitos adversos graves relacionados aos imunossupressores, e o impacto no feto foi considerado mínimo.

Complicações cirúrgicas foram observadas em 15% das pacientes, incluindo trombose vascular no órgão transplantado (3 casos) e infecções relacionadas ao uso de imunossupressores (5 casos).

A taxa de rejeição aguda foi de 36%, controlada com ajuste nos imunossupressores, sem necessidade de remoção do órgão em 87% dos casos.

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Implicações Éticas e Operacionais do Transplante de Útero

O estudo abordou questões éticas relacionadas à seleção de doadoras e receptoras, destacando a importância do consentimento informado.

As doações vivas representaram maior taxa de sucesso, mas envolvem riscos cirúrgicos consideráveis para a doadora. Já os órgãos de doadoras falecidas enfrentam desafios técnicos, como tempo reduzido de isquemia fria, que impactam na viabilidade do enxerto.

Além disso, o custo elevado do procedimento de transplante de útero (aproximadamente US$ 200.000 por paciente, incluindo pré e pós-operatório) representa uma barreira para sua ampla implementação, reforçando a necessidade de protocolos que garantam equidade no acesso.

 

O Transplante de Útero pode ser uma alternativa promissora para Infertilidade Uterina Absoluta

O transplante de útero emergiu como uma alternativa viável e promissora para mulheres com infertilidade uterina absoluta, apresentando taxas de sucesso significativas tanto na recuperação da função uterina (73%) quanto na obtenção de partos vivos (58%). Embora desafios técnicos, éticos e financeiros persistam, os avanços recentes consolidam essa técnica como um marco na medicina reprodutiva.

O estudo de Testa et al. destaca a importância de mais investigações para otimizar os protocolos, reduzir complicações e ampliar o acesso a essa intervenção inovadora, que transforma o paradigma da infertilidade uterina e devolve a possibilidade de maternidade biológica a essas mulheres.

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Referências:

Testa G, McKenna GJ, Wall A, Bayer J, Gregg AR, Warren AM, Lee SHS, Martinez E, Gupta A, Gunby R, Johannesson L. Uterus Transplant in Women With Absolute Uterine-Factor Infertility. JAMA. 2024 Sep 10;332(10):817-824. doi: 10.1001/jama.2024.11679. PMID: 39145955; PMCID: PMC11327905.

 

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Estudante de Medicina na Universidade de Rio Verde Campus Aparecida de Goiânia desde 2020/2. Diretora do Centro Acadêmico (2021-22). Fundadora da Liga Acadêmica de Cirurgia Plástica (2021-22), Liga Acadêmica de Otorrinolaringologia (2022-23), Liga Acadêmica de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (2023-24) e da Liga Acadêmica de Nefrologia (2023-24). Diretora na Federação Internacional dos Estudantes de Medicina do Brasil (2022-24). Participante do Programa de Extensão Educacional em Saúde Integral da Criança e do Adolescente (2023-24). Participante do Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica (2023-24). Diretora do Programa de Extensão Educacional em Saúde Integral da Criança e do Adolescente (2024-25).

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