No início do mês, a Food and Drug Administration (FDA) emitiu um alerta para profissionais de saúde quanto aos riscos para pacientes expostos à xilazina em drogas ilícitas. O comunicado foi dado visto a dificuldade no gerenciamento de pacientes com overdose, pois a droga não responde à naloxona, e não é detectada em testes toxicológicos convencionais.
Alerta da FDA quanto ao risco da exposição à xilazina
A Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos emitiu uma nota no início do mês alertando os profissionais de saúde quanto a possível inclusão de xilazina em casos de overdoses de fentanila, heroína, ou outras drogas ilícitas.
O comunicado foi dado visto que tal “contaminação” poderia complicar o gerenciamento de pacientes com overdose.
Primeiramente porque a naloxona não é eficaz na reversão dos efeitos da xilazina – visto que não se trata de um opioide. Outro agravante é que os exames toxicológicos convencionais disponíveis não são capazes de detectar a droga, visto seu rápido tempo de meia vida (~25 minutos).
Dessa forma, seriam necessárias técnicas analíticas adicionais, o que não é solicitado de rotina.
Xilazina – mecanismo de ação, aprovações e risco de abuso
A xilazina é um agente não opioide, com atuação sedativa e analgésica. De forma estrutural, é semelhante à clonidina e tizanida, compartilhando alguns de seus efeitos clínicos.
A droga atua como agonista do receptor alfa-2-adrenérgico central no tronco cerebral, causando uma rápida diminuição na liberação de norepinefrina e dopamina no sistema nervoso central.
Seu uso é aprovado pela FDA desde 1972 para uso na medicina veterinária (Xilazin®), mas não é seguro para humanos. Há risco de efeitos aversos graves e potencialmente fatais. Em geral, os efeitos são semelhantes aos associados ao uso abusivo de opioides (redução de alerta mental, depressão respiratória, hipotensão, bradicardia), o que dificulta a diferenciação entre overdose de neurodepressores e exposição à xilazina.
Ainda, o uso repetido pode resultar em tolerância, dependência e abstinência. A exposição repetida à droga injetável também tem sido associada a ulcerações cutâneas necróticas graves.
Um estudo de 2021 realizado no Jefferson University Hospital na Filadélfia avaliou 100 amostras de urina de pacientes que foram diagnosticados com overdose por fentanila. O grupo identificou que, destas amostras, 78% também apresentavam positividade para xilazina.
Recomendações de manejo
A FDA recomenda que os profissionais de saúde continuem com o uso de naloxona em pacientes com overdose de opioides e considerem exposição à xilazina apenas se: (1) os sintomas forem condizentes ou (2) o paciente não responder ao tratamento com naloxona.
É necessário manter o tratamento de suporte aos pacientes e considerar técnicas adicionais de triagem e análises toxicológicas. Em caso de identificação de lesões cutâneas necróticas, considerar exposição repetida à xilazina como diagnóstico diferencial.
Ainda, a FDA incentiva que profissionais de saúde relatem os efeitos adversos possivelmente associados à intoxicação por xilazina ilícita (nesse formulário aqui), visando uma coleta de dados mais robusta e melhora na qualidade dos estudos posteriores.
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Referências:
U.S. FOOD & DRUG ADMINISTRATION. FDA warns about the risk of xylazine exposure in humans.
November 8, 2022.
U.S. FOOD & DRUG ADMINISTRATION. FDA alerts health care professionals of risks to patients exposed to xylazine in illicit drugs. 11/08/2022. https://www.fda.gov/drugs/drug-safety-and-availability/fda-alerts-health-care-professionals-risks-patients-exposed-xylazine-illicit-drugs
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