A embolia pulmonar é uma condição subdiagnosticada – cerca de 2/3 dos casos observados por necrópsias não tinham diagnóstico clínico. É importante suspeitar quando o paciente de risco apresenta um quadro de dispneia (falta de ar) súbita com uma ausculta pulmonar normal.
Com o objetivo de avaliar a probabilidade clínica de embolia pulmonar de um paciente, o escore de probabilidade clínica de embolia pulmonar de 4 níveis (4PEPS) foi desenvolvido.
O 4PEPS utiliza 12 critérios clínicos e 1 critério laboratorial para a determinação de sua pontuação. Veja como utilizar esses critérios na prática clínica.
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Escore 4PEPS: critérios e pontuação
O Escore 4PEPS (4-level Pulmonary Embolism Clinical Probability Score) ou Escore de Probabilidade Clínica de Embolia Pulmonar de 4 níveis é utilizado em pacientes com suspeita de embolia pulmonar.
Os critérios foram desenvolvidos e validados em um estudo de 2021, com pacientes com suspeita de embolia pulmonar dos EUA e da Europa. No trabalho, diferentes bases de dados foram utilizadas, e a confirmação do escore foi realizada com 2 coortes externas ao estudo.
Atualmente, o principal objetivo do 4PEPS é auxiliar na tomada de decisões em casos suspeitos de embolia pulmonar, reduzindo a necessidade de exames de imagem. Para isso, são necessários 13 critérios: 12 clínicos e 1 laboratorial.
Veja cada uma das questões que devem ser abordadas durante uma avaliação do paciente, bem como a pontuação atribuída.
- Valor de D-dímero – inserir valor.
- Idade – menor que 50 anos (-2 pontos); entre 50-64 anos (-1 ponto); mais de 64 anos (0 pontos).
- Sexo – masculino (+2 pontos); feminino (0 pontos).
- Presença de doença respiratória crônica – sim (-1 ponto); não (0 pontos).
- Frequência cardíaca < 80 – sim (-1 ponto); não (0 pontos).
- Dor no peito E dispneia aguda – sim (-1 ponto); não (0 pontos).
- Uso de estrógeno – sim (+2 pontos); não (0 pontos).
- História prévia de tromboembolismo venoso – sim (+2 pontos); não (0 pontos).
- Síncope – sim (+2 pontos); não (0 pontos).
- Imobilidade nas últimas 4 semanas (p.ex. cirurgias) – sim (+2 pontos); não (0 pontos).
- Saturação de O2 < 95% – sim (+3 pontos); não (0 pontos).
- Presença de dor na panturrilha e/ou edema unilateral de membros inferiores – sim (+3 pontos); não (0 pontos).
- A embolia pulmonar é o diagnóstico mais provável? sim (+5 pontos); não (0 pontos).
Como interpretar?
Após a atribuição da pontuação individual baseada na análise clínica do paciente, é possível predizer a probabilidade do diagnóstico de embolia pulmonar.
Quanto maior a pontuação, maior a probabilidade de embolia pulmonar, e a necessidade de um exame de imagem confirmatório. O valor de D-dímero é utilizado como critério de exclusão.
Pontuação até 0 = probabilidade clínica muito baixa (menos de 2%). A embolia pulmonar pode ser descartada.
Pontuação 0-5 = probabilidade clínica baixa (2-20%). Se o D-dímero < 1.0 μg/mL, a embolia pulmonar pode ser descartada.
Pontuação 6-12 = probabilidade clínica moderada (20-65%). Se D-dímero < 0.5 μg/mL ou < idade x 0.01 μg/mL, a embolia pulmonar pode ser descartada.
Pontuação >13 = probabilidade clínica alta (> 65%). Embolia pulmonar não pode ser descartada sem um exame de imagem.
Lembre-se da conduta:
A base geral do tratamento é a utilização de anticoagulantes. Essa terapia não destrói o trombo, e sim impede o seu aumento; o próprio corpo através do mecanismo endógeno fibrinolítico irá fazer essa tarefa.
Pacientes que não podem usar anticoagulantes devem usar filtro da veia cava inferior. Em pacientes críticos, deve-se usar trombolíticos ou realizar terapia intervencionista.
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Referências:
Roy P, Friou E, Germeau B, et al. Derivation and Validation of a 4-Level Clinical Pretest Probability Score for Suspected Pulmonary Embolism to Safely Decrease Imaging Testing. JAMA Cardiol. 2021;6(6):669–677. doi:10.1001/jamacardio.2021.0064
Stals, M. A. M., et al & YEARS study group (2023). Performance of the 4-Level Pulmonary Embolism Clinical Probability Score (4PEPS) in the diagnostic management of pulmonary embolism: An external validation study. Thrombosis research, 231, 65–75. https://doi.org/10.1016/j.thromres.2023.09.010