O critério diagnóstico NCEP-ATP III (National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III) é um índice desenvolvido para auxiliar no diagnóstico de Síndrome Metabólica. É utilizado em pacientes com suspeita diagnóstica de síndrome metabólica, para diagnosticar ou descartar a doença.
Você sabe como utilizá-lo?
Critério diagnóstico NCEP-ATP III para Síndrome Metabólica
O NCEP-ATP III tem como principal objetivo identificar e diagnosticar a Síndrome Metabólica em pacientes com suspeita diagnóstica. É a versão mais atualizada, sensível e específica em comparação aos critérios NCEP e NCEP-ATP II.
Outra vantagem da utilização deste critério diagnóstico é que se os dados laboratoriais não estiverem prontamente disponíveis, o tratamento medicamentoso pode ser um indicador alternativo – como uso de medicamentos para hipertrigliceridemia, hipertensão e diabetes.
Veja como utilizar corretamente esse critério, bem como interpretar seus resultados:
Entenda os critérios e pontuações do NCEP-ATP III
O NCEP-ATP III é composto por 5 critérios. Veja cada um deles, que devem ser respondidos como SIM ou NÃO.
- O paciente apresenta obesidade abdominal? – definida através da circunferência da cintura (homens: ≥ 102 cm; mulheres: ≥ 88 cm)
- O paciente apresenta triglicerídeos séricos ≥ 150 mg/dL?
- O paciente apresenta baixo HDL? (homens < 40 mg/dL; mulheres: < 50 mg/dL)
- O paciente apresenta pressão arterial elevada (≥130 x 85 mmHg)?
- O paciente apresenta glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL?
Para confirmar o diagnóstico de Síndrome Metabólica, é necessário apresentar pelo menos 3 dos 5 critérios.
Atenção! Limitações e armadilhas.
O uso de medicamentos para hipertrigliceridemia, hipertensão e diabetes pode alterar os resultados – assim como é uma vantagem, é uma limitação.
Ainda, é importante saber que para o diagnóstico de síndrome metabólica em crianças, prefere-se o International Federation of Diabetes (IFD 2009).
Quais os próximos passos?
Os exames complementares podem ser realizados para melhor avaliação do risco cardiovascular global e para avaliação dos possíveis órgãos afetados.
A gestão geral do tratamento envolve a implementação de mudanças de estilo de vida e dieta para perda de peso, tratamento da dislipidemia aterogênica e tratamento da hipertensão. Muitos pacientes com síndrome metabólica estão com sobrepeso ou obesos, e redução de peso por meio de mudanças no estilo de vida com restrição calórica e aumento da atividade física são importantes parte da estratégia.
O tratamento de pacientes com síndrome metabólica visa diminuir o risco de doenças cardiovasculares e de diabetes mellitus tipo 2.
Síndrome Metabólica: revisando conceitos importantes
A Síndrome Metabólica representa um conjunto de alterações interrelacionadas, de origem metabólica, que diretamente contribuem para o desenvolvimento de doença cardiovascular (DCV) e/ou diabetes do tipo 2.
As principais alterações são a obesidade abdominal, hipertensão, hipertrigliceridemia, baixa concentração de lipoproteínas de alta densidade (HDL-c) e intolerância à glicose (resistência insulínica).
A síndrome metabólica também acomete crianças e adolescentes, mas nem sempre apresentam os mesmos sinais. Em crianças observa-se o predomínio da obesidade, associada, na maioria dos casos, a níveis elevados de triglicerídeos e baixo HDL-C. Já a hipertensão arterial e a hiperglicemia em jejum, são menos frequentes. E embora os níveis de glicose em jejum possam ser maiores em crianças obesas do que nas não obesas, os níveis estão geralmente no intervalo considerado normal.
No tratamento de crianças e adolescentes, os mesmos princípios devem ser usados. O tratamento visa corrigir as alterações decorrentes da síndrome metabólica através do estilo de vida saudável com reeducação alimentar, estímulo à atividade física, de acordo com a faixa etária, a fim de reduzir a obesidade e suas comorbidades em crianças e adolescentes, independentemente do diagnóstico de síndrome metabólica.
O NCEP-ATP III foi desenvolvido em 2001 e atualizado em 2004, como uma nova versão de diretrizes clínicas do programa NCEP (após o ATP II). Nessa atualização, as indicações terapêuticas e recomendações para redução de colesterol foram expandidas. Porém, os autores reafirmam que mudanças terapêuticas no estilo de vida continuam sendo essenciais no manejo clínico.
O critério diagnóstico foi proposto pelo Programa Nacional de Educação em Colesterol (NCEP – National Cholesterol Education Program). A iniciativa envolve mais de 200 instituições públicas e privadas nos EUA que colaboram para desenvolver medidas educacionais e de tratamento em hipercolesterolemia.
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Referências:
Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults. Executive Summary of the Third Report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III). JAMA. 2001;285(19):2486–2497. doi:10.1001/jama.285.19.2486
Grundy SM, et al. Implications of recent clinical trials for the National Cholesterol Education Program Adult Treatment Panel III guidelines. Circulation. 2004 Jul 13;110(2):227-39. doi: 10.1161/01.CIR.0000133317.49796.0E.
Eckel RH, Cornier MA. Update on the NCEP ATP-III emerging cardiometabolic risk factors. BMC Med. 2014 Aug 26;12:115. doi: 10.1186/1741-7015-12-115. PMID: 25154373; PMCID: PMC4283079.
Grundy SM, Bilheimer D, Chait A, et al. Summary of the Second Report of the National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel II). JAMA. 1993;269(23):3015–3023. doi:10.1001/jama.1993.03500230097036
