Como diagnosticar e tratar um paciente com Erisipela

erisipela s pyogenes

A Erisipela é uma infecção bacteriana aguda que ocorre na derme e no tecido celular subcutâneo, relacionada principalmente com a bactéria Streptococcus pyogenes. É mais frequente em crianças e idosos, e alguns fatores de risco estão envolvidos, como obesidade, imunossupressão, edemas, infecção prévia e inflamação da pele etc.

Veja mais sobre a Erisipela, incluindo diagnóstico e tratamento dos pacientes.

Como ocorre a Erisipela?

Normalmente nossa pele é coloniza por bilhões de bactérias – umas que colonizam de forma persistente (difícil de ser eliminada, porém não causa doença) e outras de forma transitória (fácil de ser eliminada, porém pode causar doença).

De toda forma, usualmente, essas bactérias convivem de forma “pacífica” – uma vez que a pele intacta é uma importante barreira contra microrganismo. No entanto, abrasões pequenas, outras dermatoses ou mesmo folículos pilosos podem ser uma porta de entrada para as bactérias (principalmente transitórias). Isso resulta em um processo patológico local.

No caso da Erisipela, a bactéria mais comum associada é a Streptococcus pyogenes. Esse patógeno também pode causar outras condições clínicas cutâneas, como impetigo ou celulite. No impetigo, a infecção é na derme superficial, mais comum em crianças. Quando há infecção da derme profunda e hipoderme estamos diante de um quadro de celulite ou erisipela.

A erisipela acomete principalmente região malar (face) e perna. As lesões são eritematosas, quentes, com um discreto relevo. Apesar de acometer a derme, a erisipela é uma infecção mais superficial que a celulite, por isso os limites são bem precisos.

O sistema linfático pode ser acometido, facilitando a disseminação local da doença. Sistemicamente, o paciente apresenta de forma mais aguda febre alta, calafrios, podendo evoluir para um quadro toxêmico.

Leia também: Infecção por Streptococcus pyogenes – sinais clínicos, diagnóstico e tratamento.

erisipela

Como diagnosticar um paciente com Erisipela?

O diagnóstico é clínico na maioria dos casos, baseado em um anamnese completa e um exame físico completo. A confirmação pode ser realizada por identificação do patógeno, a partir de raspado ou exsudato da lesão. A bacterioscopia com coloração de Gram aponta as bactérias gram-positivas.

A hemocultura deve ser realizada em pacientes com toxicidade sistêmica, quadros persistentes ou na presença de comorbidades graves. Usualmente, exames complementares não são necessários em pacientes sem complicações ou comorbidades.

hemocultura

Qual o tratamento para pacientes com Erisipela?

A pedra angular do tratamento é a antibioticoterapia, que deve ser instituída o mais precoce possível, com objetivo de uma maior eficácia. O tratamento pode ser realizado via ambulatorial ou internamento, dependendo da gravidade do paciente.

As penicilinas são a primeira linha de tratamento, e o tratamento padrão é de 10 dias para a maioria dos antibióticos – com exceção da penicilina benzatina que é dose única. Em alguns casos (principalmente leves), a infecção pode ser autolimitada, com resolução espontânea em até 5 dias. Em complicações, cada caso deve ser avaliado individualmente quanto a duração e ao regime de tratamento.

O prognóstico da erisipela é usualmente muito bom. Mesmo na presença de complicações, a doença responde bem ao uso de antibiótico.

A recorrência pode variar de 20 – 45% em até 3 anos após o primeiro episódio. Isso ocorre devido aos fatores de risco associados, como imunossupressão, insuficiência venosa etc. Em pacientes que apresentam entre 3 e 4 casos por ano, recomenda-se antibioticoterapia profilática (também com uso de penicilina).

antibiótico

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Referências:

SPELMAN, D; et al – Cellulitis and skin abscess: Clinical manifestations and diagnosis. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA.

SPELMAN, D; et al – Cellulitis and skin abscess: Treatment. In: UpToDate, Post TW (Ed), UpToDate, Waltham, MA.

 

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