Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita

sífilis

O Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita é marcado todo terceiro sábado do mês de outubro. Neste ano de 2021, a data cai no dia 16.

O objetivo da campanha é informar e conscientizar a população quanto a prevenção, diagnóstico e tratamento da sífilis, uma infeção sexualmente transmissível.

Segundo a OMS, só em 2020, cerca de 7 milhões de pessoas foram infectadas, e foi visto uma maior prevalência em homens que fazem sexo com outros homens. Além disso, locais onde a prevalência de HIV é superior a 5% e países de renda média-baixa também apresentam maiores proporções de sífilis entre os homens.

O que é a Sífilis?

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Em geral, sua transmissão é por contato direto com outra ferida sifilítica, e se desenvolve na pele ou membranas mucosas, como vagina, anus, reto ou boca.

 

Sintomas

Os sintomas da sífilis podem ser divididos em quatros estágios:

Sífilis
Fonte: WeMEDS®
  • O estágio primário da doença ocorre nos primeiros dias da infecção, com o desenvolvimento de feridas no local de contato/infecção.

Em geral, são feridas indolores e que tendem a resolver-se sozinhas em um período entre 10 dias e 3 semanas. No entanto, mesmo com a regressão espontânea da ferida, a bactéria permanece no organismo.

  • De 4-6 semanas após a remissão dos sintomas primários, podem aparecer os sintomas secundários, que incluem: erupções cutâneas avermelhadas não ásperas, dores musculares, febre, dor de garganta, gânglios linfáticos inchados, perda de peso, fadiga.

Assim como no estágio primário, os sintomas tendem a entrar em remissão, mesmo sem tratamento. Entretanto, a bactéria causadora permanece no corpo, podendo progredir para a forma latente ou para terciaria.

É importante mencionar ainda que durante as fases primárias e secundarias, há maior probabilidade de transmissão da doença.

  • Durante a fase latente, o corpo não apresenta sintomas da doença. Esse estágio pode durar anos.

Ainda há indicação de tratamento, mesmo sem a presença de sintomas aparentes, visto que a Treponema pallidum está presente no organismo e há risco de reincidência.

  • A fase terciaria, quando desenvolvida, pode ocorrer de 10 a 30 anos após a infecção inicial. Em geral, é associada a sintomas mais graves, como distúrbios neurológicos, hepáticos, ósseos, articulares, inflamação da aorta e problemas cardíacos.

 

Neurossífilis

A neurossífilis é uma condição altamente letal associada ao acometimento do sistema nervoso central pela Treponema pallidum. Pode ocorrer em qualquer um dos estágios sintomáticos, embora seja mais comum na fase terciária.

Os riscos associados a neurossífilis incluem demência, dormência em extremidades, problemas de concentração, convulsões, problemas de visão e até a morte.

 

Sífilis congênita

É importante mencionar também a sífilis congênita, visto que a Treponema pallidum pode atravessar a barreira placentária ou infectar o bebê no momento do nascimento. No Brasil, a incidência é de 1 a cada 1000 nascidos vivos, sendo a infecção congênita mais comum.

Além do aumento de risco de morte ao feto, problemas de má formação podem ocorrer, como nascimento precoce e dificuldades de ganho de peso. Bebês mais velhos podem apresentar perda de audição e visão, inchaço articular, dor óssea, dentição anormal ou cicatrizes e manchas ao redor dos órgãos genitais.

 

Diagnóstico

Em casos de suspeita de sífilis, o diagnóstico pode ser pela pesquisa direta da Treponema pallidum ou por sorologia. A pesquisa direta é o padrão-ouro e identifica a bactéria em raspado da lesão, enquanto o teste de sorologia pode ser de duas formas: VDRL (do inglês Veneral Disease Research Laboratory) ou FTA-Abs.

O exame VDRL é um teste não treponêmico. Ou seja, não identifica de forma específica a Treponema pallidum, mas sim componentes cardiolipínicos da bactéria. Possui alta sensibilidade, porém é pouco específico, visto que condições que envolvem dano celular também podem aumentar esses componentes.

Já o teste FTA-Abs identifica de forma específica os anticorpos contra a Treponema pallidum.

Sífilis
Fonte: WeMEDS®

É importante destacar que, uma vez contaminado, o indivíduo apresenta grandes chances de apresentar resultados positivos para sífilis nos testes convencionais por tempo indeterminado, mesmo que depois da cura. No entanto, a sífilis não é uma doença que confere imunidade. Adquirir a doença uma vez não impede a reinfecção, mesmo com tratamento.

 

Como tratar?

A sífilis é uma doença facilmente tratável, especialmente quando detectada nos estágios mais precoces.

Em geral, é administrado penicilina benzatina injetável, em doses e intervalos a depender dos sintomas. A administração é simples de realizar, e o custo efetivo não é alto. A infecção é curada e a bactéria eliminada, porém os danos causados não são mais reparados, especialmente nos casos de neurossífilis.

 

Conclusão

A sífilis é a IST mais comum no mundo, mesmo sendo evitável e curável. Possui uma incidência aproximada de 3,5 milhões de casos ao ano no mundo todo.

Um grande desafio é que as populações com maior risco de sífilis, especialmente em países de baixa e média renda, muitas vezes não conseguem acessar os serviços de saúde devido a barreiras estruturais. Conforme recomendado pela OMS, os governos devem tratar essas questões como uma prioridade.

 

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Referências:

WHO. New study highlights unacceptably high global prevalence of syphilis among men who have sex with men. 2021

SELADI-SCHULMAN, Jill. What to know about syphilis. 2021.

 

 

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