Dia 22 de julho é comemorado do Dia Mundial do Cérebro. A data foi criada para informar sobre questões envolvendo o cérebro, destacar a sua importância no nosso cotidiano, e alertar para as doenças associadas.
Trouxemos aqui seis principais artigos comentados esse ano no nosso Portal WeMEDS® para você exercitar a memória. E se você perdeu algum deles, vale a pena conferir! Os links para acesso estão disponíveis durante o texto, e no final deste post você encontra os artigos originais.
Pesquisadores descobrem como a infecção por SARS-CoV-2 altera a estrutura cerebral
Diversos estudos saíram desde o início da pandemia de COVID-19 relacionando anormalidades cerebrais e pacientes infectados por SARS-CoV-2, especialmente os hospitalizados.
Em fevereiro desse ano, um artigo foi publicado na Nature no qual os pesquisadores avaliaram exames de imagens cerebrais de pacientes antes e depois da infecção por SARS-CoV-2.
Dos quase 800 participantes, metade testou positivo para SARS-CoV-2. Todos foram avaliados em dois momentos, com cerca de 150 dias de intervalo, permitindo uma avaliação antes e depois da infecção (ou sem ela, como comparador).
O grupo de pacientes apresentou maiores alterações cerebrais em comparação ao grupo controle. Dentre elas, redução na espessura da substância cinzenta e maior contraste tecidual no córtex orbitofrontal e giro parahipocampal; maiores mudanças nos marcadores de dano tecidual em regiões funcionalmente conectadas ao córtex olfativo primário; maior redução no tamanho global do cérebro; e maior declínio cognitivo médio entre os dois pontos de tempo.
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Estudo sugere que memórias são revisitadas momentos antes da morte
Um estudo inovador mostrou que: sim, nossa vida passa diante dos nossos olhos momentos antes da morte!
O trabalho avaliou o registro contínuo de eletroencefalografia (EEG) de um paciente de 87 anos acometido por uma parada cardíaca após hematoma subdural traumático. Os dados fornecem a primeira evidência de que o cérebro humano pode possuir a capacidade de gerar atividade coordenada durante o período próximo a morte.
Apesar das limitações do estudo, os pesquisadores acreditam que ocorre uma interação intrincada entre bandas de baixa e alta frequência após a cessação gradual da atividade cerebral, permanecendo até o período em que o fluxo sanguíneo cerebral é interrompido.
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Alterações estruturais no cérebro de pacientes com Fibromialgia Juvenil
Um estudo publicado no fim de janeiro deste ano caracterizou pela primeira vez alterações do volume de substância cinzenta em pacientes com fibromialgia juvenil.
Da mesma forma que na condição adulta, a fibromialgia juvenil é caracterizada por dor crônica não inflamatória, que leva ao aumento da sensibilidade dolorosa. Alguns estudos já haviam observado alterações em vias de processamento nociceptivo em crianças com dor crônica.
Um grupo de pesquisadores identificou que mulheres adolescentes com fibromialgia juvenil apresentaram reduções de volume de massa cinzenta na região do córtex cingulado anterior associada à dor.
Dentre as pacientes, as que relataram maior incapacidade funcional apresentaram maior redução de volume nas regiões frontais inferiores ligadas ao processamento afetivo, autorreferencial e relacionado à linguagem.
Estes achados podem ser uma característica estrutural da fibromialgia, pois são parcialmente sobrepostos aos achados na fibromialgia em adultos. Nesse sentido, identificar os estágios iniciais da doença podem direcionar intervenções mais eficazes para a redução dos sintomas da fibromialgia.
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Variações neuroanatômicas são identificadas em pacientes com autismo
Uma pesquisa trouxe dados interessantes e inovadores para o transtorno do espectro do autismo. Utilizando inteligência artificial, grupo de pesquisadores identificou padrões diferentes na neuroanatomia dos pacientes.
Esse estudo mostrou que diferenças de estrutura no cérebro de pacientes com autismo podem estar relacionadas aos sintomas desse distúrbio. Mas o que este estudo trouxe de mais importante foi a capacidade de usar dados de imagens cerebrais para ajudar em abordagens personalizadas para pessoas com autismo.
O artigo foi publicado no início de junho na revista Science, uma das mais renomadas da área científica.
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Farmacoterapia: metformina e lidocaína.
Diversos estudos também merecem ser destacados pelo estudo da atuação de fármacos no sistema nervoso central. Aqui, trouxemos os dois de maior ênfase desse ano.
Uso de metformina a longo prazo pode ter efeito neuroprotetor
Em fevereiro desse ano, um grupo de pesquisadores observou que o uso de metformina está associado a um menor risco de doenças neurodegenerativas. Os dados apresentados reforçam o uso do medicamento a longo prazo, com função neuroprotetora.
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Lidocaína endovenosa no alívio da dor em enxaqueca crônica refratária
Esse ano, diversos artigos tiveram como foco a enxaqueca crônica. Um deles foi o estudo que avaliou como desfecho primário o alívio da dor em pacientes com enxaqueca após uso de lidocaína endovenosa até a alta hospitalar. De acordo com os pesquisadores, 87,7% dos pacientes responderam bem ao tratamento com lidocaína EV, e a classificação mediana de dor reduziu de 7 para 1 ao final da hospitalização.
A dor média permaneceu baixa na visita pós-alta, e cerca de metade dos pacientes foram respondedores sustentados por um mês. Quanto aos dias de dor, os autores também notaram uma redução, concluindo que o uso de lidocaína EV como parte de um tratamento para crise de enxaqueca apresentou resultados positivos no alívio da dor – tanto imediata quanto sustentada.
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Perspectivas futuras
Diversas condições neurológicas ainda são um mistério para a neurociência, mas os pesquisadores seguem desvendando cada dia mais os enigmas do nosso cérebro! Avanços na medicina, pesquisa e farmacoterapia podem auxiliar os pacientes e melhorar desfechos clínicos.
Continue acompanhando no nosso Portal WeMEDS® as atualizações em Neurologia.
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Referências:
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- Vicente R, Rizzuto M, Sarica C, Yamamoto K, Sadr M, Khajuria T, Fatehi M, Moien-Afshari F, Haw CS, Llinas RR, Lozano AM, Neimat JS and Zemmar A (2022) Enhanced Interplay of Neuronal Coherence and Coupling in the Dying Human Brain. Aging Neurosci. 14:813531. https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fnagi.2022.813531/full
- Suñol M, Payne MF, Tong H, Maloney TC, Ting TV, Kashikar-Zuck S, Coghill RC, López-Solà M. Brain Structural Changes during Juvenile Fibromyalgia: Relationships with Pain, Fatigue and Functional Disability. Arthritis Rheumatol. 2022 Jan 25. doi: 10.1002/art.42073. Epub ahead of print. PMID: 35076177. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35076177/
- AIDAS AGLINSKAS et al. Contrastive machine learning reveals the structure of neuroanatomical variation within autism. Science v,376, n.6597. 2022. DOI: 10.1126/science.abm2461. https://www.science.org/doi/10.1126/science.abm2461
- Zhang Y et al. Metformin and the risk of neurodegenerative diseases in patients with diabetes: A meta-analysis of population-based cohort studies. Diabetic Medicine. 2022. https://doi.org/10.1111/dme.14821
- Schwenk ES, Walter A, Torjman MC, et al. Lidocaine infusions for refractory chronic migraine: a retrospective analysis. Reg Anesth Pain Med. 2022;47:408–413. https://rapm.bmj.com/content/47/7/408