Venda de medicamentos psiquiátricos cresce 8% nos primeiros meses de 2024

Segundo o Conselho Federal de Farmácia, de 2022 para 2023 houve um aumento de 11% na venda dos medicamentos psiquiátricos. Agora em 2024, considerando os 5 primeiros meses do ano, já houve um aumento de 8% nas vendas de antidepressivos e estabilizadores do humor, e de 7% nas vendas de antiepiléticos e anticonvulsivantes (em comparação com os cinco primeiros meses do ano passado).

 

Conselho Federal de Farmácia informa sobre aumento da venda de medicamentos psiquiátricos

De 2022 para 2023, houve um aumento de 11% na venda dos antidepressivos e estabilizadores de humor. O levantamento foi feito pelo Conselho Federal de Farmácia, com dados da consultoria IQVIA. Em análise por estados, verificou-se que houve um aumento de mais de 15% em seis estados. O estado que apresentou a alta mais significativa foi a Paraíba, com 17%.

A pesquisa considerou também os anticonvulsivantes e antiepiléticos – medicamentos utilizados para tratamentos que incluem casos de agravamento dos quadros de depressão. Nesse caso, o levantamento apurou que o crescimento foi um pouco menor no país: cerca de 5%. Entretanto, ao se analisar separadamente os estados, observou-se um aumento de 19% no Amapá.

Importante destacar que entre 2021 e 2022, praticamente todos os estados registraram queda nas vendas desta classe de medicamentos (com exceção do Amazonas e do Ceará, que obtiveram índices positivos de 7% e 2%, respectivamente).

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O isolamento social da COVID-19 aumentou o uso de medicamentos psiquiátricos

De 2019 para 2020 houve um aumento extremamente significativo nas vendas de estabilizadores de humor, em decorrência da pandemia. No período do isolamento social houve um aumento de 17%, com São Paulo, Espírito Santo e Paraná, vendendo o dobro de unidades em relação ao ano anterior. Nestes estados foram registrados índices de 118%, 108% e 102% de aumento, respectivamente.

Com relação aos anticonvulsivantes e antiepilépticos, a venda desses medicamentos quase dobrou: houve um aumento de 91% de 2020 para 2021. Nenhum estado registrou crescimento menor do que 70% neste período, sendo que as vendas mais que duplicaram no Amazonas (106%) e no Acre (102%).

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Como está sendo o cenário de 2024?

Entre os meses de janeiro a maio, houve um aumento de 8% nas vendas de antidepressivos e estabilizadores do humor (em comparação com os cinco primeiros meses do ano passado). O estado com maior aumento foi Roraima, com 29%, sendo que o estado do Acre registrou decréscimo nas vendas (-3%).

Em relação aos antiepiléticos e anticonvulsivantes, as vendas aumentaram 7% nos primeiros cinco meses do ano em relação ao mesmo período do ano passado. Em sete estados, os índices foram superiores à média nacional, sendo que Roraima foi o estado com maior índice: 36%.

 

A tendência é que as vendas desses medicamentos psiquiátricos continuem aumentando?

Mantendo-se o ritmo registrado até maio, de 18.361 unidades de medicamentos vendidas ao mês, o ano de 2024 fechará com vendas totais de 220.389.129 unidades, contra 212.073.714 em 2023, um aumento de apenas 4%. Ou seja, a tendência é de queda nos próximos meses.

Com base em estimativas feitas a partir do comportamento das vendas até agora, o crescimento do comércio separado por classes terapêuticas também deverá ser menor: tanto para antidepressivos e estabilizadores de humor quanto para anticonvulsivantes e antiepiléticos, o aumento esperado é de 4%.

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De acordo com o farmacêutico e professor na Universidade Federal da Paraíba Gabriel Freitas, “Os números sugerem não apenas um aumento na incidência de transtornos mentais como depressão e ansiedade, mas também uma maior conscientização e busca por tratamento”. Ou seja, embora seja alarmante que os casos de depressão e ansiedade estejam aumentando, os dados também mostram um aspecto positivo que é a crescente busca por tratamento desses transtornos.

Ainda de acordo com o professor, “A pandemia de COVID-19 teve um profundo impacto na saúde mental da população brasileira. As medidas de isolamento social, incertezas econômicas e a perda de entes queridos são fatores que provavelmente contribuíram para o agravamento de condições como depressão e ansiedade”.

A diferença de vendas entre os estados também foi comentada pelo farmacêutico: “Estados como Paraíba e Roraima apresentam aumentos substanciais, o que pode indicar diferenças na acessibilidade aos serviços de saúde mental, bem como na eficácia das campanhas de conscientização”.

A queda nas vendas também deve ser analisada com cautela: “A oscilação na venda de anticonvulsivantes e antiepiléticos, com queda entre 2021 e 2022, seguida por um aumento novamente em 2023, sugere desafios na continuidade do tratamento para condições neurológicas e psiquiátricas. Isso pode ser atribuído a interrupções no acesso a cuidados de saúde durante a pandemia ou a questões relacionadas à adesão ao tratamento”, explica Freitas.

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Considerações finais

De acordo com o Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), organização sem fins lucrativos focada em pesquisa sobre dados dos planos de saúde, houve um aumento de 11,1% para 13,5% de prevalência de depressão na população de beneficiários dos planos entre 2020 e 2023. Ou seja, o aumento na venda dos medicamentos reflete um aumento da prevalência desses transtornos psiquiátricos na população.

Como já era esperado, a pesquisa mostrou que há uma diferença de prevalência da depressão de acordo com o gênero e a idade: o transtorno é mais comum em mulheres (com aumento de casos de 15,3% para 18,5% entre 2020 e 2023) e entre os jovens de 18 a 39 anos (aumento de 9,8% para 13%).

 

Referências

CONSELHO FEDERAL DE FARMACIA. Venda de antidepressivos e estabilizadores do humor aumentou 11% entre 2022 e 2023. 2024.

 

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