O critério diagnóstico de Espondilite Anquilosante (ASAS 2009) é um índice desenvolvido para auxiliar na confirmação diagnóstica da doença. Deve ser aplicado em pacientes com dor lombar há mais de 3 meses, com idade de início antes dos 45 anos, a fim de confirmar ou não a doença.
Veja como utilizar os critérios, bem como as pontuações e interpretação dos achados.
ASAS 2009 para Espondilite Anquilosante
O critério diagnóstico ASAS 2009 é composto por 3 critérios para a identificação da doença. Seu principal objetivo é confirmar o diagnóstico de espondilite anquilosante em pacientes sob investigação.
Como mencionamos, é composto por 3 critérios e deve ser aplicado em pacientes com dor lombar há mais de 3 meses, com idade de início antes do 45 anos. Veja cada um dos critérios:
- O paciente apresenta sacroileíte em exame de imagem?
- O paciente apresenta HLA-B27 positivo?
- Critérios comemorativos de espondiloartrite axial:
- Dor lombar inflamatória.
- Artrite.
- Uveíte anterior.
- Dactilite.
- Psoríase, Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa.
- Entesite.
- Boa resposta a anti-inflamatórios não hormonais (AINHs).
- História familiar de espondiloartrite.
- HLA-B27 positivo.
- PCR elevada.
A confirmação do diagnóstico de Espondilite Anquilosante se dá quando uma das duas a seguir é verdadeira:
- Sacroileíte em exame de imagem + pelo menos 1 critério comemorativo
- HLA-B27 positivo + pelo menos 2 critérios comemorativos
E por que usar?
O ASAS 2009 permite a confirmação diagnóstica da espondilite anquilosante com sensibilidade e especificidade superior aos outros disponíveis, e é o mais utilizado atualmente.
Ainda, o conjunto de critérios proposto inclui espondilite anquilosante precoce (pré-radiográfica) e estabelecida, e inclui o alelo HLA-B27 como variável diagnóstica.
Esteja atento! Como limitação, destacamos que o critério diagnóstico pode excluir pacientes com início da doença após os 45 anos.
Quais os próximos passos?
Os exames complementares são importante para avaliação diagnóstica, avaliação de complicações e exclusão de diagnósticos diferenciais.
O objetivo do tratamento inclui: reduzir inflamação e achados sistêmicos, melhora álgica, assim como preservar e proteger articulações. Deve-se informar ao paciente que embora a doença seja crônica, apresenta boas perspectivas terapêuticas.
Lembre-se: Além do critério da ASAS, uma outra possibilidade de fazer o diagnóstico de Espondilite Anquilosante é por meio dos critérios de Nova York Modificados, que combinam critérios clínicos e radiográficos. Porém, estes critérios apresentam mais limitações.
Espondilite anquilosante e o papel do HLA-B27
A espondilite anquilosante é uma doença crônica inflamatória autoimune que acomete principalmente articulações da coluna vertebral e sacroilíacas. O principal alelo relacionado é o HLA-B27, presente em cerca de 90% dos pacientes.
Há três grandes hipóteses para a interação entre HLA-B27 e a espondilite anquilosante: a alteração genética pode resultar em (1) apresentação equivocada de antígenos, (2) alteração de dobramento da molécula de HLA e acúmulo de proteínas sem função ou (3) dímeros HLA-HLA. Ainda, alguns peptídeos que se ligam ao HLA-B27 para serem apresentados podem ser altamente imunogênicos, estimulando um repertório de resposta de células T potencialmente exagerado – com “tendências” autoimunes.
Lembrando que apenas o fator genético não é capaz de desenvolver a doença. São necessários gatilhos para o aparecimento da Espondilite Anquilosante em indivíduos geneticamente suscetíveis – teorias sugerem que o gatilho seja uma infecção intestinal, culminando em uma cascata inflamatória.
Anteriormente escrevemos um artigo sobre o papel do HLA-B27 nas reumatopatias. Você pode acessá-lo clicando aqui.
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O critério diagnóstico de Espondilite Anquilosante (ASAS 2009) foi proposto por membros da Assessment of SpondyloArthritis international Society (ASAS) em 2009, com o objetivo de atualizar e substituir a classificação da doença baseada nos critérios diagnósticos anteriores.
O trabalho foi dividido em dois artigos – parte I e parte II. Os critérios foram testados primeiro em toda a coorte de 649 pacientes de 25 centros diferentes e, em seguida, refinados e validados. A sensibilidade encontrada foi de 82,9% e a especificidade de 84,4%.
O artigo foi proposto na reunião EULAR 2008, encabeçado pelo Dr. Martin Rudwaleit, médico reumatologista e pesquisador no hospital universitário Charité – Universitätsmedizin Berlin. Sua pesquisa se concentra, principalmente, nas temáticas Espondilite Anquilosante e Espondiloartrite Axial.
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Referências:
Rudwaleit M, et al. The development of Assessment of SpondyloArthritis international Society classification criteria for axial spondyloarthritis (part I): classification of paper patients by expert opinion including uncertainty appraisal. Ann Rheum Dis. 2009 Jun;68(6):770-6. doi: 10.1136/ard.2009.108217
Rudwaleit M, et al. The development of Assessment of SpondyloArthritis international Society classification criteria for axial spondyloarthritis (part II): validation and final selection. Ann Rheum Dis. 2009 Jun;68(6):777-83. doi: 10.1136/ard.2009.108233.
Chen B, Li J, He C, Li D, Tong W, Zou Y, Xu W. Role of HLA-B27 in the pathogenesis of ankylosing spondylitis (Review). Mol Med Rep. 2017 Apr;15(4):1943-1951. doi: 10.3892/mmr.2017.6248.