De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o Transtorno Opositor Desafiador (TOD) faz parte dos “transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta”. Por essa razão, algumas vezes pode ser confundido com o Transtorno de Conduta.
Embora algumas características sejam semelhantes, há diferenças marcantes e específicas de cada uma dessas duas condições. Veja mais.
Transtorno Opositor Desafiador (TOD)
O transtorno opositor desafiador (TOD) é caracterizado por um padrão persistente (pelo menos 6 meses) de comportamento desafiador, desobediente, teimoso, provocativo ou rancoroso. Na maioria dos casos, os comportamentos são direcionados a figuras de autoridade (p.ex. pais ou professores).
Ocorre na infância até o início da adolescência, de forma atípica para a idade, em até 10% das crianças. É um pouco mais frequente em meninos do que em meninas. Pode ocorrer de forma combinada com diversas outras condições clínicas, como TDAH e até mesmo o transtorno de conduta.
Há duas classificações possíveis para o TOD, uma de acordo com a CID-11 e outra de acordo com o DSM-5.
Classificação CID-11 vs. DSM-5
De acordo com a classificação CID-11, o transtorno opositor desafiador pode ser dividido em 5 tipos:
- TOD sem irritabilidade ou raiva extrema.
- TOD com irritabilidade ou raiva extrema.
- TOD com emoções pró-sociais típicas.
- TOD com emoções pró-sociais limitadas.
- TOD não especificado.
Já de acordo com o DSM-5, o TOD pode ser subclassificado em 3 categorias e, como citamos, faz parte dos “transtornos disruptivos, do controle de impulsos e da conduta“.
- TOD com humor irritável.
- TOD com comportamento argumentativo / desafiador.
- TOD com comportamento vingativo.
Esse especificador auxilia na identificação dos sinais e sintomas dos pacientes, de forma a complementar o diagnóstico.
Transtorno de Conduta
O transtorno de conduta caracteriza-se por um padrão de comportamento repetitivo persistente, que viola direitos básicos de outras pessoas ou normas e regras sociais. Diferente do TOD, aqui os sinais e sintomas devem ser observados pelo menos nos últimos 12 meses.
A prevalência estimada é de 2-10%, sendo maior na adolescência, e mais frequente em meninos. Os padrões de comportamento também tendem a ser diferentes entre meninos e meninas – meninos tendem a apresentar sintomas mais agressivos, como roubo, vandalismo, brigas. Já meninas tendem a apresentar sintomas mais relacionais, como evasão escolar, mentiras, fugas.
Classificação DSM-5
A primeira subclassificação proposta no DSM-5 é quanto ao início dos sintomas, que pode ser:
1) Início na infância: pelo menos 1 sintoma característico antes dos 10 anos de idade.
2) Início na adolescência: nenhum sintoma característico antes dos 10 anos de idade.
3) Não especificado: não se sabe a idade de início dos sintomas.
Além disso, há especificadores que auxiliam na identificação de pacientes com o transtorno, com base nos comportamentos apresentados.
- Comportamento agressivo com pessoas e animais: com frequência intimida, ameaça ou provoca outras pessoas; inicia brigas físicas; já usou objetos que causam danos a outras pessoas (como facas); já foi cruel com animais.
- Destruição de propriedades: já provocou incêndios ou destruiu propriedades.
- Falsidade ou furto: já invadiu casas ou carros de outras pessoas; mente para obter benefícios.
- Violação de regras: mesmo com a proibição dos pais, com frequência fica fora de casa; já fugiu de casa; falta aulas.
Emoções pró-sociais limitadas
Esse especificador indica o padrão típico de funcionamento do paciente, e não apenas a presença de ocorrências ocasionais. Nesse caso, o paciente não apresenta remorso ou culpa pelos seus atos, é insensível ou não tem empatia com outras pessoas e não se preocupa com seu desempenho problemático ou fraco (p.ex. na escola).
Além disso, o paciente pode não expressar sentimentos ou emoções com outras pessoas, ou expressa de forma muito superficial. Em alguns casos, o sentimento é condicionado a um ganho – manipulação.
Diferenças e semelhanças entre os transtornos
O principal diagnóstico diferencial do transtorno opositivo desafiador é o transtorno de conduta. Em ambos os casos, os pacientes apresentam comportamento desafiador, especialmente com figuras de autoridade e, em algumas vezes, a presença de TOD pode ser um precursor no transtorno de conduta.
Em ambos os casos, a maioria das crianças apresenta melhora dos sintomas conforme o crescimento. Porém, na ausência de direcionamento adequado, há risco maior de complicações e comorbidades na vida adulta.
Também nas duas condições, há prejuízo em áreas pessoais, profissionais, familiares, social e educacional.
Mas há algumas diferenças:
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Referências:
World Health Organization. ICD-11. International Classification of Diseases 11th Revision.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-5 / [American Psychiatric Association] – 5. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2014.