TGO: Transaminase Oxalacética
A Transaminase Oxalacética (TGO) é uma enzima importante no metabolismo de aminoácidos – catalisa a conversão de asparato e α-cetoglutarato em l-glutamato e oxaloacetato – daí ser chamada de “oxalacética”. Essa transformação ocorre através da transferência de um grupo amino (por isso, transaminase).
A enzima é encontrada predominantemente em tecidos de alto metabolismo: fígado, músculos e coração; porém está presente em menor concentração em outros tecidos como rins, pâncreas, cérebro e nas hemácias. Ela também é conhecida como Aspartato Amino Transferase (AST).
Caso as células desses tecidos sejam comprometidas, a enzima é liberada na corrente sanguínea, e o nível sérico dela se eleva. Os níveis séricos aumentam 8 horas após a lesão celular, atingindo pico em 24-36 horas, retornando ao normal em 3-7 dias – no entanto, em condições crônicas (como cirrose hepática) os níveis podem permanecer constantemente elevados.
Quais os valores de referência?
O exame é coletado a partir do soro dos pacientes, e deve ser solicitado para identificação, diagnóstico e seguimento de hepatopatias. Veja os valores de referência:
As principais causas hepáticas para o aumento da enzima são: cirrose, hepatite, tumores hepáticos, processos hepáticos infiltrativos, obstrução de vias biliares, cirurgia hepática, mononucleose infecciosa, alcoolismo, hemocromatose, colangite, esteatose hepática e Doença de Wilson.
Lembrando que idosos possuem os níveis um pouco mais elevados. Na hepatite aguda, os níveis podem aumentar 20 vezes, e em obstruções das vias biliares os valores podem aumentar 10 vezes o valor normal.
Quais os possíveis interferentes que devemos ficar atentos?
Algumas situações podem causar aumento dos níveis de TGO de forma equivocada, como é o caso de exercícios físicos, ou hemólise da amostra coletada. Ainda, a utilização de reagentes com amônio (NH4) pode aumentar os níveis identificados no exame.
Dentre as causas não hepáticas que justificam o aumento da enzima, também podemos citar miosites e miopatias, metástases ósseas, hipertermia maligna, obesidade, câncer de próstata, anemia hemolítica aguda.
Diversos medicamentos também podem aumentar os níveis enzimáticos, como: ácido acetilsalicílico, ácido ascórbico, AINEs, amiodarona, amitriptilina, anticonvulsivantes, cefalosporinas, clofibrato, colestiramina, contraceptivos orais, Eritromicina, esteroides, fenotiazinas, gentamicina, isoniazida, isoniazida, meperidina, morfina, penicilina, piridoxina, piridoxina, procainamida, salicilatos, sulfonamidas, verapamil, vitamina A.
Lembrar também que gestantes podem ter níveis séricos reduzidos, bem como pacientes em uso de alopurinol, ciclosporina, metronidazol ou progesterona.
TGO e TGP: devemos solicitar as duas?
A solicitação das enzimas TGO e TGP é feita de forma concomitante na prática médica. Embora na maioria das vezes estejam conjuntamente elevadas em hepatopatias (a relação normal é de 1:1), a relação delas podem nos evidenciar importante informações na avaliação diagnóstica de determinadas condições:
Relação TGO/TGP > 1: alcoolismo, hepatite alcoólica, cirrose, câncer metastático.
Relação TGO/TGP < 0,8: Hepatite viral aguda ou crônica, obstruções das vias biliares.
Em outras palavras, a TGO tende a ser comparativamente mais elevada em alcoolismo, hepatite alcoólica, cirrose, câncer metastático; por outro lado, em quadros de hepatites virais (aguda ou crônicas) e obstrução das vias biliares a tendência é que a TGP seja comparativamente maior. Nas demais condições ou valores são variáveis.
Além disso, a TGP é mais específica para danos diretos nos hepatócitos, enquanto a TGO costuma se elevar mais facilmente em danos de outros tecidos que também possuem essas enzimas (como infarto agudo do miocárdio e pancreatite). Assim, aumento isolado de TGO acaba por refletir outras condições que não hepatopatia.
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Referências:
Pagana, KD; Pagana TJ. Mosby’s Manual of Diagnostic and Laboratory Tests. 6 ed. – Elsiever – 2017
Caquet, René. 250 exames de laboratório: prescrição e interpretação / René Caquet; tradução de Laís mEDEIROS, Bruna Steffens e Janyne Martini – 12. Ed. – Rio de Janeiro – RJ: Thieme Publicações, 2017
McPherson, Richard A. Diagnósticos clínicos e tratamentos por métodos laboratoriais / Richard A. McPherson, Matthew R. Pincus – 21.ed – Baueri, SP: Manole, 2012.
Xavier, RM et al. Laboratório na prática clínica: consulta rápida – 3ed – Porto Alegre: Artmed, 2016
Lima, A. Oliveira – Soares, J. Bejamin – Greco, J. B. – Galizzi, João – Cançado, J. Romeu. Métodos de Laboratório Aplicados à Clínica – Técnica e Interpretação – 8ª edição – Ed. Guanabara, 2001