Serotonina como marcador tumoral em tumores carcinoides

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A Serotonina é uma monoamina neurotransmissora sintetizada nos neurônios serotoninérgicos do Sistema Nervoso Central (SNC) e nas células enterocromafins do trato gastrointestinal. No SNC atua como um neurotransmissor e no trato gastrointestinal relaciona-se com a motilidade intestinal.

A grande maioria (99%) da serotonina do corpo está presente nas células enterocromafins, e apenas 1% no SNC. Concentrações elevadas podem ser consideradas um marcador tumoral, e estão associadas a Tumores Carcinoides.

A maioria da serotonina é encontrada nas células enterocromafins, e não no SNC

A serotonina é um neurotransmissor sintetizado nos neurônios serotoninérgicos do SNC e nas células enterocromafins (células de Kulchitsky) do trato gastrointestinal. Vamos nos atentar aqui às células enterocromafins que são capazes de alterar a concentração deste neurotransmissor na corrente sanguínea, uma vez que representam 99% da serotonina presente no corpo.

Depois de secretada, a serotonina aumenta o fluxo sanguíneo gastrointestinal, a motilidade e a secreção de fluídos. Cerca de 30-80% é metabolizada no fígado na primeira passagem, sendo transformada em ácido 5-hidroxi-indolacético (5-HIAA), então excretado pelos rins.

As principais patologias que podem estar relacionadas ao aumento da serotonina sérica são os tumores neuroectodérmicos – particularmente os decorrentes das células enterocromafins, que são chamados de “tumores carcinoides“.

Didaticamente, dividimos esses tumores em:

Tumores carcinoides do intestino anterior: (15% dos casos) – trato respiratório, estômago, pâncreas e duodeno.

Tumores carcinoides do intestino médio: (70% dos casos) – jejuno, íleo ou apêndice.

Tumores carcinoides do intestino grosso: (15% dos casos) – cólon ou reto.

Papel da serotonina na avaliação de tumores carcinoides

Papel da serotonina sérica na avaliação de tumores carcinoides

Deve-se ressaltar que a maioria dos tumores carcinoides não causam sintomas clínicos significativos. Mais do que isso, usualmente é impossível diagnosticar pequenos tumores carcinoides (que correspondem a mais de 95% dos casos) por meio da dosagem de serotonina.

Na verdade, os sintomas (síndrome carcinoide) estão presentes geralmente após metástases, uma vez que é necessária uma produção muito exagerada do neurotransmissor, que seja capaz de contornar o metabolismo hepático. Esses sintomas incluem rubor, diarreia, broncoconstrição e lesões valvares cardíaca direita.

Assim, a avaliação da serotonina sérica nesse contexto pode ser utilizada em duas situações:

Diagnóstico de tumores carcinoides: apenas diante de sintomas sugestivos de síndrome carcinoide. Pode-se solicitar outros exames auxiliares concomitantemente como o ácido 5-hidroxiindolacético (5-HIAA) urinário e a cromogranina A sérica.

Monitoramento / seguimento de tumores carcinoides: avaliar a progressão e tratamento.

serotonina serica

Quais os valores de referência?

Pode existir variação no valor a depender do método e laboratório de escolha. Porém, de forma padrão, a serotonina sérica encontra-se entre 50 e 200 ng/mL.

Os tumores carcinoides do intestino médio que se metastizam geralmente produzem concentrações séricas maiores que 1000 ng/mL.

Importante destacar que partir de níveis acima de 5000 ng/mL não existe mais relação linear entre carga tumoral e nível de serotonina no sangue. No entanto, o 5-HIAA urinário e cromagranina A sérica continuam a se elevar proporcionalmente à carga tumoral.

 

Cuidados a serem tomados antes da realização do exame

Também há outras situações, além dos tumores carcinoides, nos quais a serotonina pode estar elevada. É o caso do tabagismo, infarto agudo do miocárdio, obstrução intestinal aguda, fibrose cística etc.

Além disso, uso de alguns medicamentos, como ISRS, metildopa, morfina, inibidores da MAO, carbonato de lítio, reserpina também alteram as concentrações desse neurotransmissor.

Ainda, importante destacar que alguns alimentos podem aumentar temporariamente a concentração de serotonina no sangue, por serem ricos em triptofano, como abacaxi, abacate, ameixa, banana, kiwi, berinjela, chocolate, nozes, tomate.

Dessa forma, é importante orientar o paciente para suspender medicamentos e alimentos que podem interferir no resultado dos exames 7 dias antes da coleta.

serotonina nos alimentos

 

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