Regra PERC: Um Método Clínico para Exclusão de Tromboembolismo Pulmonar

O tromboembolismo pulmonar (TEP) ocorre devido à obstrução da circulação pulmonar por um trombo, podendo ser fatal em mais de 10% dos casos e ultrapassando 30% nos quadros graves. Ainda assim, é frequentemente subdiagnosticado.

A Regra PERC é um critério clínico usado para descartar TEP em pacientes de baixo risco, sem a necessidade de exames adicionais.

O Tromboembolismo Pulmonar é uma condição subdiagnosticada

O tromboembolismo pulmonar (TEP) é um quadro decorrente de um trombo que obstrui – em vários graus – a circulação pulmonar. Esse trombo é originado de veias profundas principalmente dos membros inferiores (p. ex. veia femoral e poplítea), que se soltam e vão até a circulação pulmonar. É uma situação secundária a trombose venosa profunda (TVP).

De todos os casos, mais de 10% evoluem para óbito. Em casos graves, esse valor é >30%. No entanto, ainda é uma condição subdiagnosticada. Dentre os diagnósticos diferenciais, podemos destacar DPOC, pneumonia, asma, pleurite, trauma pulmonar, IAM, pneumotórax.

Leia também: Escore de Probabilidade Clínica de Embolia Pulmonar de 4 níveis e Escore de WELLS para TEP.

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O uso da Regra PERC para exclusão de TEP

A Regra PERC (Pulmonary Embolism Rule-out Criteria ou Critérios de exclusão de embolia pulmonar) é um índice desenvolvido para descartar a possibilidade de TEP em pacientes de baixo risco (probabilidade) para o diagnóstico, baseado apenas em dados clínicos.

A Regra PERC utiliza 8 critérios clínicos para a determinação de sua pontuação.

O principal objetivo da Regra PERC é afastar a possibilidade de TEP em pacientes de baixo risco a partir de dados clínicos do paciente.

Critérios e Pontuações

A Regra PERC é composta por 8 critérios, que devem ser respondidos como “SIM” ou “NÃO”.

  1. Idade ≥ 50.
  2. FC ≥ 100.
  3. SaO2 no ar ambiente <95%
  4. Inchaço unilateral da perna.
  5. Hemoptise.
  6. Cirurgia ou trauma recente (cirurgia ou trauma recente requerendo tratamento com anestesia geral).
  7. Histórico prévio de TVP/EP.
  8. Uso de hormônio (contraceptivos orais, reposição hormonal ou uso de hormônios estrogênicos em pacientes do sexo masculino ou feminino).

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Interpretação

De forma geral, cada SIM conta 1 ponto, e a interpretação dependerá do valor total obtido no paciente avaliado. O resultado estimado pode ser avaliado em uma estratificação de 2 categorias. Assim, temos:

Pontuação total = 0 – risco baixo TEP (<2%).

Pontuação total ≥1 – não é possível descartar o risco nesse paciente.

Ou seja, na presença de QUALQUER critério positivo, não é possível descartar a possibilidade de TEP no paciente.

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Atenção! Limitações e armadilhas

Devemos lembrar que a Regra PERC não consegue estratificar o risco de TEP. É apenas uma ferramenta de exclusão, na qual todas as variáveis precisam ser negativas para atender o critério.

Além disso, a Regra PERC é utilizada apenas em pacientes que já foram avaliados em um pré-teste, e são de baixo risco (ou seja, < 15% de risco de embolia pulmonar). Dessa forma, é possível evitar os riscos associados a testes e tratamentos desnecessários.

Por fim, na presença de qualquer variável positiva, a indicação é a realização de exames adicionais para investigação. Porém, a Regra PERC não deve ser utilizada para definir quais exames adicionais devem ser solicitados quando necessário.

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A Regra PERC foi desenvolvida a partir de um estudo prospectivo com 3.148 pacientes do departamento de emergência avaliados para TEP em 10 hospitais dos EUA em 2004. Em 2008 foi feita uma segunda validação e sua sensibilidade foi de 97,4% e especificidade 21,9%.

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Referências:

Kline JA, et al. Clinical criteria to prevent unnecessary diagnostic testing in emergency department patients with suspected pulmonary embolism. J Thromb Haemost 2004; 2: 1247–55.

Kline JA, et al. Prospective multicenter evaluation of the pulmonary embolism rule-out criteria. J Thromb Haemost 2008; 6: 772–80. (PMID: 18318689).

 

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